Calado, o motorista de Edmundo

Edmundo tem uma sombra desde que chegou ao Vasco, no fim de janeiro. Calma, torcida vascaína. Não se trata de um substituto ou de um novo ídolo que estava escondido em São Januário. O "perseguidor" do atacante atende pelo nome César Calado e tem 41 anos, quatro a mais do que o patrão. Mas qual é a função do amigo, que vive na Colina à espera do Animal? Ele é motorista de Edmundo, que teve a carteira cassada pelo Detran há alguns anos.

O curioso é que desde janeiro, Edmundo deixa o vestiário de São Januário e se dirige ao banco do carona de seu carro ou do táxi de César. Triste por não poder dirigir, já que gosta de colecionar automóveis, o atacante rasga elogios ao amigo Calado.

- Ele é parceiro. Não tem apelido para ele não. Chamo ele de Calado. Virou um amigo desde que cheguei ao Rio. Gosto muito de relógios e automóveis. Os relógios, eu preciso fazer uma viagem para comprar um legal. Os carros, posso ter, mas não estou podendo dirigir no momento - conta Edmundo.

E Calado garante que faz jus ao sobrenome quando entra no carro para levar Edmundo de São Conrado ao treino do Vasco, em São Cristóvão. No percurso de cerca de 40 minutos, pouco papo e muito funk. Até seleção musical do ritmo carioca o motorista já fez.

"Dou nota dez para o Edmundo. Pensei que fosse ser mais difícil trabalhar com ele
César Calado, motorista do Edmundo"

- O Edmundo gosta de ouvir funk. Dei um CD para ele de presente. Durante o percurso, não sou muito de puxar assunto, não gosto de incomodar. Espero o Edmundo falar alguma coisa e dou prosseguimento no papo. Olha, dou nota dez para ele. Pensei que fosse ser mais difícil trabalhar com ele - conta Calado, que deu alguns sabonetes para Edmundo no dia de seu aniversário de 37 anos, na última quarta-feira.

Calado e Edmundo se conheceram através de Helinho, empresário e amigo do atacante do Vasco. A partir daí, o motorista começou a trabalhar para o jogador, que precisava de uma pessoa de confiança para executar a função. Ao ser perguntado sobre um momento marcantes com o atleta, ele não sabe dizer. Porém, o primeiro "perrengue" não sai da cabeça.

- Rapaz, na segunda vez que eu estava vindo para cá teve um probleminha. Estava naquele trânsito dentro do túnel Rebouças, aquele anda e para, sabe? O carro da frente deu uma freada brusca e eu chamei no freio. O carro demorou a parar e encostou no da frente. Pensei comigo: "vou ser demitido". Mas o Edmundo nem falou nada - conta aliviado.