Conselheiros aprovam auditoria em meio a gritos de Eurico e atritos

Em reunião realizada na noite dessa terça-feira na sede náutica da Lagoa, os conselheiros do Vasco aprovaram a contratação da auditoria da empresa Ernst & Young. Com alguns momentos de discussão e cobranças contra ofensas de um conselheiro da oposição, o encontro, que terminou nos primeiros minutos da madrugada de quarta-feira, teve intervenção do presidente Eurico Miranda à contraproposta da oposição para que o trabalho de revisão das contas fosse estendido até o fim do mandato atual. O presidente do Conselho Deliberativo, Luis Manuel Fernandes, precisou colocar a casa em ordem para a sequência da reunião.

Na pauta, além da aprovação da auditoria, que fica a cargo de uma multinacional, das maiores empresas do setor, havia também a ratificação de três empréstimos do banco BMG do início do ano. A votação foi feita ad referendum – ou seja, sob aceitação posterior ao recebimento da verba pelo clube. Logo no início da administração, Eurico recebeu empréstimos de mais de R$ 14 milhões para pagar salários e impostos atrasados e retirar as certidões negativas de débito e também receber última parcela do patrocínio Caixa Econômica Federal.  

Houve confusão no momento em que o grande benemérito Antonio Porphirio e outros conselheiros criticaram um colega, da oposição, pelo que este escreveu no Facebook. Fabio Muniz, conselheiro da oposição, fez alusão à polêmica campanha de associação em massa para as eleições do ano passado – movimento que levou ao clube quase dois mil novos associados e foi motivo de reportagem do GloboEsporte.com. Com imagens dos comentários de Muniz na mão, o conselheiro – que foi acusado de também ofender Eurico nas redes sociais e, também por isso, pode ser mais um punido no quadro social vascaíno - foi cobrado e ofendido na reunião. Acompanhado de seguranças pessoais do lado de fora, Julio Brant, candidato da chapa “Sempre Vasco”, também ouviu e respondeu provocações no encontro.   

Ex-membro do Conselho Fiscale atual presidente da Cruzada Vascaína, João Amorim pediu a palavra na reunião e sugeriu à votação a continuidade do trabalho de auditoria para os três anos da gestão Eurico, a quem parabenizou pela iniciativa, antes de travar o seguinte diálogo com o presidente da diretoria administrativa do clube.   

- Seria natural a manutenção da empresa e dos profissionais que vão realizar essa auditoria, que tem muito a contribuir com o clube. A gente está aqui para dar força aos bons trabalhos, às boas iniciativas. Parabenizo o presidente Eurico pela iniciativa e gostaria de encaminhar a proposta para votação, como complemento do item em debate, de extensão do trabalho de auditoria para o exercício dos anos de 2015, 2016 e 2017 da atual gestão. Tenho certeza que será de grande valia... - dizia Amorim, sendo interrompido por Eurico.

- Você paga a auditoria? Desde que você pague a auditoria, ela já está contratada - disse primeiro fora do microfone e depois, aos gritos, o presidente do Vasco, sendo aplaudido em seguida pela ampla maioria de conselheiros e apoiadores da sua gestão.

O presidente da Cruzada lembraria ainda de trabalho anterior da KPMG, que fez auditoria no início da gestão Dinamite em 2009, e também fez, separadamente, análise de contratos com fornecedores do clube. Num deles, revelou que o Vasco tinha crédito de cerca de R$ 2 milhões para receber da Penalty, empresa que foi trocada pela Umbro no fim da antiga administração. Eurico interveio novamente e explicou:

- Esta questão está no seguinte pé: (eles) contrataram a KPMG, não pagaram e a conta ficou para esta gestão - disse Eurico, lembrando que Amorim fizera parte do Conselho Fiscal na gestão anterior.

A fala do presidente foi seguida de novos aplausos e reclamações de conselheiros pelo tempo esgotado de explanação do conselheiro de oposição. Neste momento, Luis Manuel Fernandes precisou aparar as rusgas e acalmar os ânimos.

- Esta mesa tem presidente. E já que tem presidente, já que solicitaram, quem controla os trabalhos aqui é o presidente do Conselho Deliberativo. Vamos dar sequência (à reunião), vamos respeitar a palavra para poder deliberar - disse Fernandes, sendo, desta vez, aplaudido pela oposição vascaína.

A contraproposta da oposição, de manutenção do trabalho da Ernst & Young, acabou não sendo colocada em votação. O clube ainda tem as contas de 2013 e 2014 atrasadas, sem passarem por votação e aprovação do Conselho Deliberativo. O Vasco conseguiu recente e rapidamente aderir à Medida Provisória de renegociação das dívidas. A expectativa é de que o alívio financeiro seja de cerca de R$ 1 milhão por mês, o que promete tirar as contas do clube do sufoco. Nos últimos três meses, os salários de jogadores e funcionários tiveram pequenos atrasos - sendo pagos até o dia 20 de cada mês. Na nova gestão Eurico, a data estipulada para os vencimentos é o dia 10.