Política

Dinamite desabafa, revela tristeza e fala sobre gestão do Vasco

O sorriso largo do maior artilheiro do Clássico dos Milhões — como é conhecido o confronto entre Vasco x Flamengo — sumiu faz tempo. Roberto Dinamite pouco festejou o aniversário de 61 anos, na última segunda-feira. Triste ainda pelas críticas à sua atuação como presidente do Vasco (de 2008 a 2014), o maior ídolo do clube se pergunta repetidas vezes por que encarou um segundo mandato. Afastado de São Januário, Roberto ainda não sabe se irá ao Maracanã no domingo assistir ao clássico que historicamente leva a marca de 27 gols por ele assinados.
Como está o Roberto, aos 61 anos, longe do Vasco?

Estou naquela fase de analisar o Roberto ídolo, ex-presidente, pai, chefe de família. A coisa está caminhando, mas ainda é difícil para mim.

Que análise você faz do ex-presidente Roberto?

Eu penso: será que o único culpado sou eu? Não estou me fazendo de vítima, mas o que eu fiz para o time ir para a Segunda Divisão? A forma de amenizar comigo mesmo é pensar que não fui eu (o culpado). Busquei, assumi uma posição, aprendi.

Qual é o sentimento hoje em relação ao Vasco?

No domingo tem mais um clássico, e eu espero que o Vasco vença. Vejo gente colocando em questão a minha administração, mas as pessoas não têm como julgar o jogador que eu fui.

Você foi a São Januário desde que deixou a presidência?

Não. Estou na minha, acompanhando o clube de longe. O momento é de as pessoas que estão ali terem tranquilidade. Não há nada que me impeça de ir a São Januário, mas no momento acho que é melhor para o clube eu não ir. Mas estou vendo os jogos. Aí também não tem como, né(risos)? Se for melhor eu não ir a São Januário, se eu ajudar ficando em casa, então eu fico. Eles lutaram pela volta. Do fundo do meu coração, torço para dar certo. Tenho minhas mágoas. Faz parte.

Tem mágoa de quê?

Ouço gente falando que fui um jogador excepcional, mas um mau presidente. Faz parte do jogo, quando você se expõe.

Sua carreira política sofreu desgaste nas urnas por você ter sido presidente do clube?

Claro! Houve um desgaste, com certeza. Vejo a reação das pessoas. O tempo vai mostrar que fiz muita coisa importante para o clube, mesmo tendo sido rotulado como um mau administrador. Se buscar a fundo o que foi pago na minha gestão, você vai ver que a história não é bem essa. Li outro dia o Eurico (Miranda) dizendo que “se não houvesse coisas passadas”... Mas, pô, ninguém pagou mais contas do que eu!

Você então aprova sua gestão, com dois rebaixamentos?

Não é arrependimento. Acho que nós podíamos ter realizado mais coisas, mas o Vasco foi para a Segunda Divisão. Esse é o ponto. No primeiro momento, quando entramos, a coisa (o rebaixamento) já estava encaminhada (na verdade, o Vasco estava em nono lugar). A queda foi ruim inclusive para minha administração. Não estou aqui para julgar. Deixei algumas (dívidas), mas paguei muita coisa.

Seria presidente de novo?

Não. Não vou falar dessa água não beberei, mas agora te digo que não, apesar de que eu gostaria até de mostrar ao torcedor, com o tempo, que minha administração não foi péssima como dizem. O que o Vasco estava conquistando na administração anterior à minha? Muito pouco. Na minha administração, o Vasco foi campeão da Copa do Brasil. É mais fácil jogar do que administrar. Estou na história como ídolo e artilheiro, mas fui considerado mau dirigente por causa da Segunda Divisão...

Você fala muito sobre a Série B. Isso ainda te machuca?

Sem sombra de dúvida. Porra, se eu pudesse apagar 50% do que fiz na minha carreira para depositar em cima disso, para reverter, eu apagava. Foi muito ruim para a imagem e história do clube.

A relação com a torcida era melhor antes da presidência?

Ah, era muito melhor. Agora surge uma ou outra pessoa para fazer alguma graça: “Você foi ídolo, mas mau administrador...” Foi desgastante também para a minha imagem o fato de o time não ter garantido logo a volta para a Primeira Divisão no ano passado. Passei a ver os jogos em São Januário na minha sala. Não descia. Não estava me escondendo, mas precisava ficar comigo mesmo, torcendo para que o resultado acontecesse. Sofro como ex-dirigente, mas muito mais como ex-jogador. A ficha não cai. No primeiro rebaixamento, minha pressão subiu. Tomo remédio até hoje.

O que você faria diferente?

Só me arrependo do segundo mandato. Se tenho um arrependimento é por não ter saído após o primeiro, quando me passaram que haveria união entre situação e oposição se o Jorge Salgado fosse candidato único. Deveria ter saído em 2011, campeão da Copa do Brasil.

O Eurico se aproximou de você durante sua gestão?

A relação foi institucional. Em algumas reuniões, tínhamos que estar sentados na mesma mesa. Hoje, não mais. Depois que saí, a gente não se falou mais.

Ele é seu inimigo?

Não guardo, não busco fazer o mal. O problema que tive com ele foi aquele que vivi com meu filho na tribuna (foram expulsos). Ponto. Ele segue o caminho dele, e eu sigo o meu. Dizem que ia para a Federação... Não sei...

Você está insinuando que o Eurico agia nos bastidores da Federação contra o Vasco para prejudicar você?

Falam isso, mas quem me garante? Quem afirma? Eu respeito e quero respeito.

O que fez no seu aniversário?

Fiquei em casa com a família. No domingo, fizeram uma festa surpresa numa casa portuguesa. Umas 100 pessoas estiveram lá, amigos que estão comigo sempre.

O que você tem feito?

Operei o tornozelo há um tempo, e isso não me permite muita coisa. Não posso nem correr. Mas vou voltar a fazer exercício. Tira a ansiedade.

Está ansioso e deprimido?

Fiquei triste com tudo. Mas está passando. Vou ficar legal, tudo bem. Teria sido outra coisa sair com o Vasco campeão. Vem à minha cabeça o famoso “se”. E se o Diego Souza tivesse feito aquele gol contra o Corinthians (nas quartas de final da Libertadores 2012, contra o Corinthians)? Seria outra história.

O que espera desse confronto com o Flamengo?

Sou o jogador que mais gols fez nesse clássico. Sei como é. Tenho visto no jornal reportagens sobre o último Vasco x Flamengo. Foi um desastre. O árbitro errou? Tem que saber qual é o comprometimento. Quer saber? Está muito recente ainda para mim a final do Estadual que perdemos (para o Flamengo, no ano passado, com gol de Márcio Araújo, impedido). O árbitro tem o direito de errar. Mas o que acho é que só erra contra o Vasco. Aí, vem o cara (Felipe) e diz: “Roubado é mais gostoso”.

Quando voltará a ir aos jogos do Vasco?

Talvez eu vá a esse jogo de domingo... Deixa eu pensar comigo mesmo e tentar melhorar. Estou bastante triste. Não é fácil, não. Não é...

Fonte: Extra
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