Futebol

Euriquinho avalia contratações, Gilberto, Edmilson e Romarinho

Entrevista realizada pela Globoesporte.com com Euriquinho:

Mas é um número muito alto de contratações de qualquer jeito?

Quando você vai apostar em coisas baratas, você tem que ter opção: não deu certo, toca a vida. Você não pode ficar só com ela (essa opção). Ninguém faz um time gastando o que a gente gasta, não tem como. Três jogadores do São Paulo ganham mais do que a nossa folha inteira. E a gente vai lá e joga de igual para igual com eles. Nossa folha é de R$ 2 milhões, R$ 2,5 milhões, no máximo. Os outros times têm R$ 8 milhões, R$ 9 milhões. E não pagam. Eles fecham o ano com R$ 80 milhões negativo. E chega lá fazemos jogo igual? Para montar time vencedor hoje no Vasco só tem essa solução. Apostar nuns caras, aí chega no meio do ano, aposta em mais alguns, aí chega no final do ano, aposta em mais garotos da base. Aí você vai montar um time que ainda não ganhe muito dinheiro, mas que na frente pode ganhar muito dinheiro. E que vai jogar de igual para igual com time que ganha muito dinheiro, que foi o que Cruzeiro fez com Ricardo Goulart, com Everton Ribeiro. Os caras foram para lá saindo times de pequena expressão, rodaram lá e virara fortunas. O caso do Lucas, do Macaé: o jogador entrou bem no time. Qual diferença do Lucas para um monte que tem aí que ganha muito mais? Diferença do Lucas para o Cáceres (volante do Flamengo)? O Cáceres ganha 10 vezes o que ele ganha. Ele é 10 vezes melhor que o Lucas? Isso que o torcedor tem que analisar. “Ah, não é jogador de Vasco, o outro é melhor”. Mas quanto esse melhor ganha? Isso que tem que pensar.

As contratações também receberam críticas por que seriam de amigos do presidente, porque têm a ver com apoio na campanha para a presidência.

Normal de falarem, de criticarem. Qual jogador da Brasport tem no Vasco? Nenhum. O Erick Luis é do Carlos Leite. O Victor Bolt é do Leandro e do Felipe, dois empresários novos. O Bolt pertence ao Madureira, não tem nada a ver com Brasport. Erick Daltro é o único que tinha algum vínculo com o Olaria. Falaram que tinha quatro, cinco… Eles vieram de graça e o Vasco vai pagar só o salário. Se o jogador não for bem, o empresário tira o jogador daqui. Quer risco melhor que esse? Meu risco é só pagar salário pequeno durante período curto. É a única maneira nossa hoje de fazer futebol.

Por que não deixar de contratar dez apostas ou jogadores questionáveis para contratar um de retorno mais certeiro?

Esses 10 não pagam um de R$ 100 mil, 150 mil. Fora Marcinho, que ganha salário alto, Julio dos Santos, que ganha salário razoável. Só esses dois. O restante são todos jogadores baratos. Todos eles juntos não dá um desse (mais caro). “Ah, era melhor um”. Mas eu preciso dos outros também. Senão não tenho grupo, como é que eu faço? os caras deixaram aqui 14 jogadores.

Por que o Vasco não renovou com quase ninguém e só ficou o Douglas Silva?

Primeiro que eles ganhavam muito e tinham rendimento que não valia a pena. Hoje, eu vou pagar R$ 100 e tantos mil para um jogador podendo pagar R$ 30 mil, R$ 40 mil, R$ 20 mil? Uma coisa é analisar jogador, “ah, esse é bom, esse é ruim”. Não é assim tão simples. Tem que analisar: esse custa R$ 150 mil e esse custa R$ 20 mil. Agora me diz quem é o bom e quem é o ruim. “O Marcinho é bom”, está bem. Mas ele custa isso. O outro custa tanto. Qual o bom agora? Torcedor tem que analisar pelo que estou gastando, não pelo que o jogador representa. O Gilberto que chegou agora, não sei se ele vai ficar. Tem que analisar quanto custa, se realmente ele vale a pena. Não temos como pagar R$ 20 mil, R$ 30 mil para 20 jogadores e pagar R$ 300 mil para um. Ele não vai jogar sozinho. Pago R$ 100 mil e pouco para todo mundo, R$ 200 mil para um ou para outro, para não ficar uma distância. Agora, jogadores de R$ 200 mil e pouco e outros de R$ 10 mil, de R$ 15 mil - tem jogador no Vasco que ganha R$ 10 mil! -, não dá. Não posso trazer jogador de R$ 300 mil. É um disparate muito grande. Escolhemos um ou dois caras de mais nome, de mais peso, aí vem tem outros garotos, mesclando, assim consigo pagar e quem sabe vai conseguir disputar. Pelos dois jogos que fizemos: é melhor gastar R$ 10 milhões e fazer o que o São Paulo fez (em Manaus) ou é melhor gastar R$ 2 milhões e fazer o que a gente fez? Não sei. Na frente queremos ter um time de R$ 10 milhões e poder pagar. A realidade, hoje, é que ninguém pode pagar. Eles pagam, mas não sei como.

O Vasco procura um atacante e dispensou Edmilson. Não era mais fácil ficar com ele?

Edmilson era um jogador caro. E a gente entendia que precisávamos de uma mudança de ares. Jogador que entrou pouco no segundo semestre, um cara com certa idade e tal. E queremos investir no Thalles, que está na seleção. Se a gente contrata muito, não revela ninguém. Não pode sufocar teu time com uma porrada de jogador de R$ 100 mil e pouco e o que joga ganha R$ 20 mil. Não adianta, não vamos fazer, não tem como.

Nessa sua posição agora, como filho do presidente que participa ativamente do futebol, está preparado para receber críticas?

Torcedor quer ganhar o jogo. Se ganhar, é bonito, se perder, é feio. Não interessa. São 20 clubes, só um ganha. O que ficou em segundo é uma porcaria. Só que temos que ter cabeça fria para fazer um trabalho e tentar resgatar o Vasco como um todo, não por um ano. Temos que tentar reconstruir uma história vencedora no clube. Não se faz uma história vencedora de um dia para o outro. Se faz apostando em caras novos, baratos. Aí se monta um time que ninguém acredita e daqui a seis meses, um ano, um ano e meio quem sabe você tem time forte, que vai adequando jogadores da base, vai dando oportunidade. Ou você vai para a loucura e tira o peso das costas, a responsabilidade da crítica, porque se você contrata jogador de nome e o torcedor vai adorar. Ou não se contrata e se está sujeito à crítica, mas pelo menos no final do mês a gente vai estar com a consciência tranquila de que pagou os caras. Vai poder andar lá, entrar no vestiário. Os jogadores falam: “pelo menos vocês estão aqui todos os dias, olham na nossa cara. Antigamente as pessoas fugiam da gente”. Nossa prioridade é investir pesado na parte de estrutura, de equipamentos, do Caprres. Acreditamos no potencial do Alex Evangelista (coordenador científico do clube), um cara com visão enorme no futebol, que tem experiência com atletas de alto rendimento. E vamos botar o jogador mediano para correr 10 vezes mais que o bom. Vamos ver se eles vão ganhar.

Se fechar com Gilberto, não contrata mais ninguém agora?

Hoje, estamos atrás de duas peças só, um homem de frente de lado de campo e um atacante. O de área pode ser o Gilberto. Se ele não vir, vamos ver outro para ter opção para o Thalles. Temos o Romarinho, que é uma aposta, mas ele está muito aquém ainda fisicamente. Ele até surpreendeu todo mundo aí na pré-temporada. Foi bem, mostrou que não joga só porque é filho do Romário, isso (o peso) às vezes mata um jogador. Na análise técnica de todo mundo que vê se ele não fosse filho do Romário estava jogando normalmente. Não sei se no Vasco ou num time mais modesto. As pessoas dizem, “ah, deixa ele aí, não vamos nem olhar direito”. Agora, chega nos treinos ele mostra um desempenho bom que a gente já conhecia porque foi formado aqui e o acompanhamos desde pequeno. Tem característica forte de área, gosta de entrar na área para fazer gol. É audacioso, um jogador interessante. Não sei se vai virar jogador no Vasco, mas garanto que se ficar aqui dedicado como está, acreditando que pode virar jogador de futebol, porque ele ainda ainda não é, pode ajudar. Ele pode ser encarado como jogador de futebol, independente do pai ter sido um ídolo do futebol. Eu como filho de uma referência entendo isso. É difícil você trilhar seu caminho com uma referência tão forte como eu tenho e ele tem. Apesar de grande parte das pessoas não querer aceitar isso, Eurico Miranda é a maior referência de dirigente do Brasil. Pergunta a qualquer um, dirigente, jogador, empresários, presidentes de clubes, até imprensa, por mais que seja antipático a alguns, as pessoas reconhecem que ele é uma referência. É difícil, para mim, começar na parte diretiva. Os caras falam “teu pai que é o cara. você está aí porque é filho dele, se não fosse isso, não estaria”. É a mesma coisa que acontece com o Romarinho. Eu, como acredito que posso ter sucesso, que tenho conhecimento de Vasco, que estudei, conheço as pessoas do Vasco, posso trilhar meu caminho. Sei da dificuldade de ter espelho como ele, mas procuro fugir isso.

Seu pai hoje está mais afastado do futebol?

Meu pai ainda é a mão de ferro, a mão pesada no clube. O consulto o tempo todo. Na verdade, o futebol do Vasco, se não tiver ele lá olhando, não é a mesma coisa. Ele tem uma percepção de vestiário, de comportamento de atleta, de tudo, que ninguém tem. Isso aí é o feeling que é dele. A gente tenta aprender, mas tem coisas que não se aprende. Ele chega, olha na cara do jogador, e já sabe o que está acontecendo, o que está precisando. Tem jogador que tem um pouco de receio, mas são os que não conhecem. Os que são daqui já conhecem como ele é. Na verdade, é o contrário do que muitos pensam. O que ele mais faz é dar força para os jogadores. Esse negócio de que cobra para caramba, não é assim. Agora mesmo aconteceu: eles voltaram de Manaus, no domingo, meu pai chamou eles para uma reunião, eles estavam todos na expectativa de que seriam cobrados e foram elogiados. No futebol, você tem que agradecer ao jogador quando ele trabalha. Nós até agora só podemos agradecer ao jogador. Se o resultado vai dar certo ou não, tem uma porrada de nuancezinhas que existem. Uma fatalidade, lance que juiz não deu impedimento. Acontecem essas coisas no futebol. Agora, se você está vendo que o cara está trabalhando, dedicado, focado, como reclama do cara? como vai questionar? não tem como. tem que dar força para trabalhar mais e melhorar cada vez mais.

Fonte: ge
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