Futebol

EXCLUSIVO: Rodrigo Caetano bate-bola com colunista do Supervasco

Olá amigos do Supervasco.

Neste último sábado estive com Rodrigo Caetano em São Januário, antes do embarque do time para São Paulo a fim de enfrentar o Corínthians. O papo foi descontraído e promissor, como sempre.

Fizemos então uma pequena matéria, que não pode ser chamada de jornalística porque afinal, como todos sabem, não sou jornalista. Porém, sou torcedor como vocês então tentei traduzir nas perguntas o que um torcedor gostaria de saber.

Vamos a elas.

Abraços

Vitor Roma


-

1. A sua permanência no Vasco, além de todo bom trabalho da diretoria a respeito deste tema, passou pela comoção que tomou conta da torcida do Vasco pedindo pela sua permanência. Algo inédito do futebol. Fale agora com suas palavras, já com contrato renovado, porque você decidiu permanecer no Vasco?

\"RodrigoO que mais pesou para a minha permanência foi a manifestação do torcedor de carinho, de respeito e de credibilidade no meu trabalho. Eu nunca havia passado por isso, nem na minha carreira como atleta, e eu não poderia virar as costas para isso e não reconhecer isso.

Todo profissional, por mais que seja remunerado pelo seu trabalho, sonha com este tipo de reconhecimento, e eu não poderia ir embora sem vivenciar esta experiência.

Além disso algumas conversas com pessoas importantes do clube que se comprometeram a trabalhar junto comigo nas minhas duas principais preocupações: regularidade no fluxo financeiro do futebol e o início do projeto do Centro de Treinamento do Vasco, que é algo que realmente eu quero ter a oportunidade de participar.

2. O seu companheiro de gestão, Cristiano, aparentemente está voltando para o sul. Fale um pouco sobre a importância de um Diretor Geral profissionalizado no suporte ao seu trabalho.

O cargo é menos importante neste caso, mas a necessidade do clube ter executivos profissionais nas outras áreas além do futebol, principalmente no caso do diretoria geral, que é o cara que define as diretrizes e as estratégias do clube como um todo. É fundamental.

Não adianta profissionalizar somente o futebol e não o resto do clube. E vice-versa.

Será uma perda para o clube, sem dúvida, mas eu tenho certeza que a direção encontrará um outro nome a altura da capacitação, acadêmica e profissional, do Cristiano.

3. Durante o período que antecedeu à sua renovação muito foi noticiado sobre uma suposta decepção sua e algum arranhão no seu relacionamento com os dois principais dirigentes do Vasco, o Presidente Roberto e o VP de futebol Mandarino. Deixando os boatos de lado, o que você tem para falar a respeito? O que foi boato nesta história e o que de fato aconteceu?

Verdade nenhuma. Inclusive falaram da viagem do Roberto e nós nunca tivemos nenhum tipo de problema, pelo contrário. Se alguém aqui dentro teve responsabilidade pela minha permanência foram estes dois.

Desde o início eles sabiam que a renovação do meu contrato estava em segundo plano e que o importante era a gente poder definir o que poderíamos fazer no ano que vem, e eles buscaram neste período me dar justamente estas garantias. Tiveram outra pessoas importantes engajadas no processo, mas minha relação com Roberto e Mandarino é tão boa que extrapola o lado profissional.

4. Falando agora do futebol para 2011. Como está previsto o aproveitamento de valores desta nova base do Vasco, tão promissora, entre os profissionais a partir de 2011?

Vale registrar que o Vasco sempre teve uma tradição muito grande em revelar jogadores. Suas equipes mais vencedoras em sua história sempre tiveram jogadores da base. Nós sabemos que as dificuldades que atingiram a base do Vasco nos anos recentes não foram necessariamente de metodologia de trabalho, mas sim de estrutura física. É uma realidade nossa. Caminhamos de forma mais lenta nisso do que os demais clubes do Brasil, isso é indiscutível.

Mas já conseguimos evoluir em pouco tempo, não somente em títulos na base mas sobretudo em formação. Hoje nós temos dos 33 jogadores do elenco, uns 15 formados aqui. No time titular nós temos tido sempre de dois a três, o que já é um bom percentual. Isso hoje é filosofia do clube.

Nós pretendemos atingir a marca de ter 50% do elenco formado no Vasco, e aí você gera a oportunidade não só de ter um atleta identificado com o clube, mas também um potencial gerador de receitas para o clube.

5. O ano de 2010 foi frustrante para a torcida, em termos de resultados no futebol, principalmente se considerarmos o esforço feito para se formar um bom time de futebol. A que você credita esta frustração?

O torcedor realmente tem que estar frustrado, principalmente porque o torcedor queria, assim como nós, que o Vasco pulasse algumas etapas neste ano. Eu como profissional, por mais que tenha ficado otimista, sabia que existiam algumas etapas a cumprir ainda. E estas etapas foram cumpridas na maioria dos pontos.

Em 2009 nós tínhamos 8 jogadores, sendo 3 goleiros, quando cheguei aqui. Neste ano de 2010 nós tivemos alguns contratos finalizando e renovamos o elenco em várias posições. Agora já adquirimos Nilton em final de 2009. Agora em 2010 adquirimos Cesinha, Rômulo e Dedé, além dos meninos que surgiram e dos contratos que foram renovados com prazo superior, caso do Fernando Prass, Carlos Alberto, Ramon e Felipe, que veio com prazo longo. Hoje nós temos um elenco. Ainda não é o elenco dos sonhos do torcedor, talvez não, mas nos possibilita com um pouco mais de tempo, com a melhoria da condição financeira do clube, também quem sabe em um futuro próximo termos peças que venham para elevar ainda mais a qualidade do grupo.

Avançamos alguns passos, talvez não passos que nos levassem aos títulos, mas pode ter certeza de que nos aproximam deles.

6. Falando de Carlos Alberto, é verdade que ele é um jogador problemático e são verdadeiras as insinuações de que ele não se dedicou como deveria aos tratamentos de suas lesões? O que você espera dele para 2011?

Eu queria aproveitar para falar não só do Carlos Alberto como também do Ramon, que teve problemas semelhantes em 2010. Nós temos uma conduta no Vasco de proximidade dos atletas, de amizade, mas sem desrespeito à hierarquia. Eu não tive aqui problemas mais sérios a tratar e se tivesse tido, eles teriam sido resolvidos internamente e não com comunicação à imprensa. O Vasco dos dois últimos anos certamente foi o clube do Rio de Janeiro que menos tem aparecido nas manchetes no que diz respeito a problemas internos de indisciplina ou coisa do gênero.

É claro que em um grupo de 35 homens diferentes, em diferentes estágios de vida e em diferentes situações de vida, cada um deles tem a sua particularidade e cabe a nós, gestores, administrarmos estas particularidades em prol do grupo.

Carlos Alberto sempre foi um jogador que cumpriu todas as determinações, que se dedicou demais e acho até que o excesso de lesões deste ano tem relação com isso, com ele nunca ter se poupado de treinamento. Quando ele está em condições de treinar ele treina em seu limite e isso pode acarretar problemas. Sempre se doou e é ídolo porque merece ser.

Eu espero muito de Carlos Alberto e Ramon e só espero que em 2011 eles possam ser o que não puderam ser não porque não quiseram, mas sim porque não conseguiram ser em 2010. É o que eles querem também.

7. Nosso elenco é grande e já temos uma ótima base montada. Você tem dito sempre que as contratações serão pontuais. Numa época de especulações a todo momento, estas \"jogadas para a galera\" atrapalham as negociações?

Dois pontos. Contratações pontuais não significam contratações de impacto. São duas coisas totalmente diferentes. Contratações pontuais são contratações de acordo com nossas carências, carências estas que têm sido constantemente discutidas com nossa comissão técnica. Agora, as contratações serão feitas de acordo com a nossa realidade, sem nenhuma irresponsabilidade até sob pena de comprometer os passos que nós demos até aqui.

Estamos nos preparando para termos em algum momento condições de trazer um ou outro jogador que possa fazer a diferença? Sim, estamos, mas tudo dentro da responsabilidade de gerir um clube com orçamento limitado.

Temos sob contrato um quarteto - Felipe, Carlos Alberto, Zé Roberto e Éder Luis - que talvez nenhum time do Brasil tenha igual, e vencemos algumas concorrências difíceis para tê-los conosco.

Agora, a metodologia é clara: trabalho com discrição, sem dar ouvido a estas especulações que você citou, para que a gente possa focar naquilo que realmente precisamos.

8. O que existe de realidade em tudo que ouvimos sobre os CTs, para a base e para o profissional?

Existe a busca de dois terrenos, um para a base e outro para o profissional, busca esta liderada pelo nosso Presidente Roberto Dinamite e pelo nosso VP de patrimônio Frederico Lopes, e esta busca é uma busca de médio prazo.

Tendo o terreno o resto anda. Nestas viagens que eu faço pelo Brasil inteiro muitos torcedores me procuram para falar não de uma contratação, mas do CT. Você me disse que recebe muitos emails de leitores seus dizendo que trocam um título por um CT. Isso tem a ver com a autoestima de ter um Centro de Treinamento, coisa que os maiores clubes do Brasil tem e por isso o Vasco não pode ficar de fora.

Até lá, estamos buscando um paliativo para os nossos treinamentos no ano que vem e vamos conseguir, deixando São Januário - que passará agora por reformas de vestiário, salas de musculação e sala de imprensa - apenas para os jogos.

9. Olhando para trás, nestes dois anos de Vasco qual foi o seu momento mais difícil e qual foi o seu momento mais feliz até agora?

Meu momento mais prazeroso sem dúvida foi o título da série B. Um time como o Vasco quando cai tem que voltar em primeiro. Não adianta ser segundo. É ser campeão ou nada. FOi um sentimento de alívio porque para time grande, tem que ser primeiro. E fomos.

O pior momento foi a derrota da Taça Guanabara deste ano, porque o turno foi todo nosso, tínhamos tudo para vencer, já tínhamos vencido bem o adversário. A ansiedade do torcedor e a ansiedade do grupo era muito grande e hoje eu vejo que nos faltou um pouco de inteligência emocional para jogar um jogo diferente.

E foi frustrante porque desencadeou um início de ano conturbado, acabou comprometendo o trabalho da comissão técnica, enfim... Foi o pior momento.

10. E agora olhando para a frente, quais as suas metas para este próximo biênio?

Eu tenho usado sempre a palavra consistência. Melhorar a estrutura física é meta principal, com a melhoria das condições de trabalho para o profissional e principalmente para a base. Com um lugar melhor para os garotos morarem, treinarem e se desenvolverem.

Esta tem que ser a principal meta porque o resto vem como consequência.

Não adianta ganhar aqui para ganhar 15 anos depois de novo. Temos que nos preparar para isso. O elenco será pouco mexido e esta é uma meta que já atingimos.

É claro que queremos o título que todos querem, mas mais do que isso o Vasco precisa brigar lá em cima por todos eles, sempre. De forma consistente, passando para o torcedor a segurança de que o Vasco vai entrar em qualquer competição para brigar lá em cima.

O que é consistente? É você ver que em uma década São Paulo, Cruzeiro e Internacional estiveram em praticamente todas as Libertadores.

Um clube consistente não pode estar relegado ao segundo plano das competições sulamericanas, e sim sempre no primeiro plano. É assim na Europa. Tem que ser assim com o Vasco.

11. Eu sei que os torcedores do Supervasco e do Meu Caldeirão formaram boa parte deste grupo que se manifestou a seu favor durante o período pré-renovação, então deixe o seu recado a este pessoal que comemorou tanto a sua permanência.

Eu sempre procurei agradecer a este pessoal, e acreditem que isso teve papel fundamental e decisivo. Temos problemas e em outros clubes provavelmente teríamos menos. Existiram propostas iguais e superiores.

Fiquei primeiro porque eu preciso viver este reconhecimento do torcedor do Vasco e tentar de alguma forma retribuir isso. E não foi só através das mensagens que você me mandou ou do abaixo assinado. Eu viajo com o Vasco pelo Brasil inteiro, e sempre recebo cobranças, pedidos, sugestões... Mas sempre com a mensagem de apoio e o pedido para que este caminho da profissionalização do futebol do Vasco não ficasse pelo caminho.

Além da torcida, o Vasco é enorme. O Vasco é nacional e isso se mostra por si só a força desta marca e o tamanho de um desafio, que qualquer profissional gostaria de enfrentar.

Eu espero que ninguém se arrependa, nem a torcida que me pediu para ficar, e nem eu que decidi por ficar. Tem tudo para dar certo.

E eu termino dizendo o que eu digo a este pessoal que me aborda pelo Brasil e muitas vezes nas ruas do Rio de Janeiro. Você quer ver o clube forte? Se associe. Vire sócio. Ajude o clube, vote nas eleições, faça valer seus direitos.

Um abraço a todos!

Fonte: SUPERVASCO/Vitor Roma
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