Fã de Ricardo e Jorginho, Fellipe Bastos torce por título do Vasco

Quando Vasco e Botafogo se enfrentarem no próximo domingo pelo título do Campeonato Carioca, um jogador com história nos dois clubes não ficará em cima do muro. Revelado pelo Glorioso e com passagem marcante pelo Cruz-Maltino, o volante Fellipe Bastos vai driblar o fuso horário de sete horas dos Emirados Árabes Unidos, acompanhar a final e torcer para o Gigante da Colina, mesmo que o carinho seja dividido.

- É difícil, mas estou torcendo pelo Vasco. Pelo carinho que tenho pelo clube, pelas pessoas que estão lá, pelo Jorginho, o Luan é meu amigo... Não que o Botafogo não mereça. Também tenho muito carinho. É o clube que me revelou, é o clube dos meus pais, meu irmão. A torcida é meio dividida, mas vou torcer para o Vasco – disse o jogador, atualmente no Al Ain.

Bastos também conhece de perto os dois treinadores. O volante trabalhou com Ricardo Gomes no Vasco, com o qual foi campeão da Copa do Brasil em 2011. Depois, na Ponte Preta, conheceu Jorginho, chegou à final da Sul-Americana e agradou tanto ao técnico que chegou a ser indicado por ele ao Flamengo – a transferência, porém, não se concretizou. Para ele, os dois comandantes são bem parecidos, especialmente na preparação para uma decisão.

- São pessoas muito tranquilas por terem vivido muito no futebol. São parecidos no modo de trabalhar: gostam de pressão na marcação e posse de bola. São duas pessoas maravilhosas, com as quais aprendi muito. Com o Ricardo fui campeão da Copa do Brasil, e ele foi muito tranquilo na preleção, na chegada ao estádio. O Jorginho também. Não conseguimos o título, mas fizemos grande campanha.

A torcida de Fellipe é dividida muito por conta de Ricardo Gomes. O volante acompanhou de perto o drama do treinador, afastado do futebol devido a um AVC, e agora vibra com a recuperação que pode ser coroada com o título carioca.

- No outro dia depois daquele jogo contra o Flamengo (quando Ricardo passou mal), fui visitá-lo no hospital com o Alecsandro e o Dedé. Vê-lo deitado naquela cama foi um baque muito grande para a gente, mas nos deu força para continuar. Ver a recuperação dele me dá mais motivação, porque vi o que ele passou e o que conquistou depois disso. É uma das pessoas mais guerreiras do futebol. Sou fã do Ricardo, pela pessoa e pelo treinador que é.

Se Ricardo deu motivação para Fellipe na carreira, Jorginho ensinou o volante a não desistir. O vice-campeonato da Sul-Americana em 2013 aproximou os dois. O treinador ainda busca um título no Brasil para se firmar no primeiro escalão, mas o volante acredita que o antigo comandante já conquistou este espaço e evoluiu desde aquela época. 

- Para mim ele já está no primeiro escalão, pela qualidade nos treinos, na gestão de atletas, na forma de contagiar o grupo, de trabalhar. Depois da final com o Lanús, foi aquela tristeza. Lembro que o Jorginho juntou todo mundo no vestiário e falou que não era para a gente desistir, porque já tinha acontecido com ele muitas vezes e, se ele desistisse, não teria sido campeão do mundo em 1994. Eu carrego isso para sempre na minha vida.

Apesar do interesse pela final, Fellipe Bastos não pensa em voltar para o Brasil neste momento. No mesmo dia da decisão, o Al Ain fará o último jogo da liga local – está garantido na segunda posição. O volante fez sete gols na temporada e foi indicado ao prêmio de melhor estrangeiro da competição.

- Foi minha melhor temporada fazendo gols. Está sendo muito bom. Vamos ver se levo o prêmio. Se não levar, já fico feliz de ser indicado. Penso em cumprir meu contrato aqui, me estabilizar financeiramente, para depois voltar ao Brasil.