Nelson Rocha frisa trabalho na base e diz que retomará projeto arena em SJ

Nelson Rocha é o segundo entrevistado da série de reportagens especiais do LANCE!Net com os candidatos à presidência. Uma das ideias do ex-vice de finanças é fazer com que os sócios das organizadas também tragam receita ao clube:

– Teremos o programa do “sócio-torcedor organizado”, no qual a pessoa pagará um valor para ter direito de entrar nos jogos que o Vasco tiver mando de campo.

Qual a sua relação com o Vasco?

Entrei de sócio do clube em 1998. Ingressei já movido por um sentimento de necessidade de participação mais efetiva porque vi o destino do clube indo em uma outra direção. E também para contribuir com o clube de alguma forma. Fui convidado a participar do processo político do clube e me engajei. Fiquei um bom tempo na oposição, até que conseguimos ganhar a eleição em 2008. Em março de 2009, Roberto Dinamite, Olavo (Monteiro de Carvalho) e Mandarino me ligaram e pediram pra eu assumir a vice-presidência de finanças. Resisti, mas entendi o momento do clube. Conseguimos avançar, tínhamos um desafio, era um processo de longo prazo. Roberto foi para reeleição e fui candidato à segunda vice-presidência geral. Roberto foi reeleito e mudou de postura. A partir daí, decidi sair do clube.

Quais os projetos para os programas de sócios?

O conceito do Vasco é Meu é muito bom. Mas, a empresa contratada para gerir o programa foi um desastre e gerou vários problemas. O torcedor tem que sentir que o Vasco é casa dele. Por isso, é preciso ter uma boa comunicação, estratégia de marketing... Quando o clube não vai bem, muita gente sai. Então, tem de ter um mecanismo para que as pessoas continuem e tenham uma proximidade maior com o clube, não apenas pelo futebol. Faremos também o sócio-torcedor organizado. A ideia é trazer os sócios das torcidas organizadas para o quadro social do Vasco também. Dentro do programa de sócio torcedor organizado, a pessoa pagará um valor para ter direito de entrar nos jogos que o Vasco tiver mando de campo. Não daremos ingressos para as organizadas. Podemos ajudar com bandeiras, mosaico, viagem... Mas cada organizada terá de fazer jus a isso. Vão ter também as embaixadas vascaínas, para que o torcedor que mora longe do Rio possa participar desse processo e ser sócio do clube.

Quais os projetos para São Januário e outros patrimônios?

Vamos retomar o projeto da arena para 45 mil pessoas, seja com a própria empresa que já havia feito ou outra. Conheço o projeto e está pronto. A perda do rugby foi um grande equívoco e a história marcará o Roberto Dinamite, assim como o Eurico pela perda dos jogos Pan Americanos. O bairro de São Cristóvão também precisa e merece ter uma revitalização. Para o Calabouço, há um projeto: a ideia é buscar parceria com os outros clubes ao lado para tentar articular um grande complexo esportivo. É uma forma de ter um espaço mais efetivo para o associado se beneficiar, porque está perto do centro. E nós temos alguns projetos que ficaram parados, como o do CT de futebol profissional, que é em Vargem Grande (Zona Oeste), o terreno foi cedido pela prefeitura.

Quais os projetos para o departamento de futebol?

O time profissional terá um elenco de 33 jogadores e, no mínimo, um terço da base. Não existe possibilidade de não ter. Pode ter só 11 ou até mesmo os 33, mas nunca deixará de ter no mínimo um terço da base. Com isso, vamos estimular os garotos a virem pro vasco, porque vão ter mais oportunidades. O departamento de futebol terá um comitê, que será coordenado por um vice-presidente de futebol e composto pelo diretor executivo de futebol, pelo executivo da base, cargo esse que será criado por nós, pelo vice-presidente financeiro e pelo vice de marketing, pois todos estes segmentos tem ligação. O Futsal será integrado a vice-presidência de futebol, já que o salão é uma base pro futebol, já que o campo diminuiu e se estreitou. E é obrigatório ter um sentimento de pertencimento, para que em determinados momentos, o time até pode perder, mais sairá aplaudido porque lutou. Teremos também posições firmes, mesmo que tenha que romper algumas vezes. Sem arrogância, mas de forma firme, precisa e com o tamanho que o Vasco tem.

Quais os projetos para as categorias de base?

Vamos dar muito valor pra base. CT da base tem que estar próximo ao do profissional. Uma coisa que incomoda muito é a relação com os empresários. E a medida que eu ponho um terço de jogadores da base no elenco, pelo menos para esse um terço não terei mais o empresário. É na base nós queremos restringir. Queremos resgatar são os antigos olheiros.

Quais os projetos para os esportes olímpicos?

Só trabalharemos com alguns. E com exceção do remo, que é estatutário, este esporte terá de ser auto-sustentável. Se tiver lei de incentivo ao esporte, teremos as modalidades que podermos ter, mas o foco do clube hoje é o futebol. Não podemos cometer loucuras. Definimos alguns esportes que achamos possíveis serem auto-sustentáveis. E se não for possível ter o esporte, vamos manter pelo menos a base para formar atletas. Além do remo, achamos basquete, vôlei, atletismo e natação possíveis. Nosso foco são esses cinco esportes e teremos uma vice-presidência para cuidar disso.

Como vê esse conturbado processo eleitoral do Vasco?

Fico muito triste que o Vasco esteja passando por um momento como esse. Nossos ingressos em juízo sempre foram com intuito de defender a honra do clube, mas não fazemos isso com satisfação. É uma coisa que machuca muito. O clube sempre teve na tradição um espírito democrático. E ver o Vasco envolvido com essas artimanhas... Não podemos ficar calados. Gostaria que o clube tivesse uma eleição limpa, sem nenhum contra-tempo, e que não houvesse problema para obter a lista, por exemplo. toda Lutei a vida toda por um processo democrático. E ver a eleição assim é uma pena. Todo mundo tem o direito de ser candidato. Cada um apresenta sua proposta. Mas vamos para disputa, de forma limpa, justa e que não exista nada que possa macular não só a eleição, mas a história do nosso clube.