Futebol

Odvan: "O Vasco é um clube que eu amo de coração"

Trinta e sete anos e uma lista de títulos invejável. Odvan já foi duas vezes campeão brasileiro, conquistou Libertadores, Copa Mercosul, Campeonato Carioca, Torneio Rio-São Paulo e até a Copa América. Com exceção do título pela Seleção Brasileira, em 1999, os momentos mais importantes da carreira do às vezes contestado “zagueiro-zagueiro” foram escritos com a cruz de malta no peito. Mas ele não se dá por satisfeito. Para Odvan, sua história no Vasco ainda não chegou ao fim. E, no que depender do próprio jogador, ainda terá novos e vitoriosos capítulos.

- O Vasco é um clube que eu amo de coração. Torço pelo Vasco, e meu sonho agora é encerrar a carreira lá. Alguns sonhos eu já realizei, como chegar à Seleção, por exemplo. Agora, o que está faltando é encerrar minha trajetória com a camisa do Vasco - afirmou o defensor.

Enquanto o dia de pendurar as chuteiras não chega, Odvan, que ainda pretende jogar bola por mais dois anos, segue à espera de convites para disputar um campeonato estadual em 2012. Para conter a ansiedade, toca um núcleo da escolinha de futebol do Vasco em Campos, cidade do norte do Estado do Rio de Janeiro, onde nasceu e vive com a família. A última vez que o zagueiro pisou oficialmente nos gramados foi pelo São João da Barra, na Segunda Divisão carioca deste ano. O jogador, no entanto, garante estar em plena forma.

- Ainda estou correndo atrás de um clube para voltar. Para zagueiro é mais fácil. Acho que dá para jogar mais uns dois anos. Tenho muita coisa para dar ainda. Posso contribuir com minha experiência - disse Odvan, que recentemente defendeu o Fluminense no showbol.

Sem deixar o futebol de lado nem por um minuto, Odvan torce a distância para que o Vasco seja pentacampeão brasileiro este ano. Presente nos títulos de 1997 e 2000, ele agora vê outro zagueiro trilhar o caminho do sucesso com a camisa cruz-maltina. Fã do futebol de Dedé, o veterano se encanta com o talento do jovem companheiro de posição, para quem vislumbra um futuro brilhante.

- Gosto muito de ver o Dedé jogando, porque ele tem uma coisa difícil em zagueiro, que é uma boa recuperação. Esse era o meu forte também. Sempre tive uma boa recuperação, e isso é importante para qualquer zagueiro. Ele tem um futuro muito bom pela frente. O garoto merece. É uma excelente pessoa e trabalha muito - opinou.

Mas enquanto Dedé curte o auge de sua ainda curta trajetória, Odvan já viveu muitos momentos marcantes em 20 anos de carreira. O defensor, no entanto, considera a Copa Mercosul de 2000 como o “mais bonito” deles. Na decisão fora de casa, o Vasco saiu perdendo para o Palmeiras por 3 a 0. No segundo tempo, porém, conseguiu uma histórica virada e, com o 4 a 3 no placar, se sagrou campeão. Como se não bastasse o jogo em si já ter sido inesquecível, o zagueiro lembra ainda das palavras de um amigo vascaíno, que, segundo ele, contribuíram muito para o surpreendente resultado.

- Foi bonito. Eu tinha um amigo vascaíno “pra caramba”. Fomos jogar a Mercosul contra o Palmeiras e essa pessoa me ligou. Conversando comigo, pediu, emocionado, para eu trazer o título para o Rio. Disse para ele ficar tranquilo. Mas no intervalo estávamos perdendo por 3 a 0 e fiquei quieto, concentrado, pensando naquela pessoa que me pediu o título. E aí entramos em campo e viramos o jogo. Quando entrei no vestiário, após a conquista, tinha milhares de ligações desse amigo, me agradecendo. Se não trouxesse esse título, ia ficar com vergonha de encontrá-lo de novo. A emoção dele falando do Vasco deu uma motivação a mais, me contagiou - lembrou.

Só que nem tudo foram flores na relação entre Odvan e o Vasco. Após defender o clube nas vitoriosas temporadas entre 1997 e 2001, o zagueiro retornou a São Januário no ano mais triste da história cruz-maltina. Em 2008, o Vasco foi rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro com jogadores consagrados como Pedrinho e Edmundo, além do próprio Odvan, no elenco. E o retorno do defensor ao clube foi conturbado desde o início. Antes de ter a contratação aprovada, em setembro daquele ano, o zagueiro ficou treinando por cerca de 15 dias. Depois disso, chegou a conquistar a vaga de titular, mas teve problemas com o técnico Tita, além de ter protagonizado uma desagradável polêmica com o então craque cruz-maltino Leandro Amaral.

Após uma entrada de Odvan durante um treino do Vasco, o atacante foi vetado pelos médicos e ficou fora do clássico com o Flamengo. O zagueiro se desculpou, julgou a repercussão do caso excessiva, mas levou uma dura do então técnico Renato Gaúcho. Sem Leandro Amaral e também Odvan, o time da Colina perdeu para o arquirrival por 1 a 0, gol contra do zagueiro Jorge Luiz.

Passados três anos do ocorrido, Odvan, que nesta segunda passagem atingiu a marca de 280 jogos com a camisa vascaína, garantiu que tudo ficou no passado. O experiente jogador, porém, acredita que o Vasco não teria sido rebaixado se ele tivesse entrado no time mais cedo…

- Não ficou nenhuma mágoa. Fui com o intuito de ajudar, mas infelizmente algumas pessoas não deixaram, não colaboraram com a gente (ele, Pedrinho e Edmundo). Começou errado porque eu estava treinando e com o intuito de entrar mais cedo para ajudar. O Vasco não cairia, deixaram muito para cima da hora e ficou mais complicado. Talvez se o Vasco tivesse aberto o olho mais cedo não teria caído. Mas já passou...

Fora o Vasco, Odvan, no Rio, também passou por Fluminense e Botafogo, além de Americano, onde começou, Cabofriense e Madureira, clube que ajudou a levar à conquista da Taça Rio e do consequente vice-campeonato estadual de 2007. Com todo esse histórico no estado, a boa fase dos cariocas no Brasileirão deste ano anima o defensor.

- É legal, a gente vê que os clubes se estruturaram mais. O Botafogo, por exemplo, não tinha água nem luz quando joguei lá. Muitas vezes cheguei a ajudar funcionários que não tinham condições nem de pegar um ônibus. Mas agora os times cariocas estão bem e acho que isso é ótimo para todos nós. Espero que permaneça assim para que os jogadores da casa possam ser valorizados. Isso é importante - afirmou o jogador, que teve curtas passagens pelo futebol de Portugal e dos Estados Unidos.

Entre os grandes do Rio de Janeiro, Odvan só não passou pelo Flamengo. Mas, apesar de se declarar vascaíno, não veria problema em defender as cores do arquirrival.

- Sou profissional acima de tudo e não posso desfazer. Sou trabalhador, não escolho serviço. Não vejo problema.

E foi justamente o atual técnico do Flamengo que criou o apelido mais famoso de Odvan. Ao explicar a primeira convocação do jogador para a Seleção Brasileira, em 1998 (veja vídeo ao lado), Vanderlei Luxemburgo o definiu como “zagueiro-zagueiro”, em referência ao seu estilo de jogo. A alcunha, usada até hoje, agrada ao ex-defensor do Vasco.

- Gosto porque zagueiro é defensor e quando está defendendo não tem que brincar. É sério, você tem o compromisso de não tomar gol. Esse nome caiu na boca do povo e até hoje sou conhecido assim. Fico muito feliz. É um trabalho bem reconhecido, e isso é o mais importante. Ficou como marca conhecida mundialmente.

Música de Roberto Carlos inspira nome do zagueiro

Fora das quatro linhas, Odvan ainda é o mesmo menino que deu o primeiro pontapé no Americano de Campos, apesar dos 37 anos de idade. Seu nome é uma homenagem de sua mãe, dona Vera, à música composta pela dupla Roberto e Erasmo Carlos chamada “O divã”. A grafia não saiu a mesma, mas a letra, que fala sobre recordações, até parece, em alguns trechos, com o momento vivido pelo zagueiro.

- Meu tio gosta muito do Roberto Carlos. Assim que eu nasci, ele estava ouvindo essa música, botou na cabeça e falou isso para minha mãe. Erraram e, graças a Deus, esse nome é conhecido e fico feliz por isso. Ainda mais sendo música do rei - disse Odvan, que, na verdade, gosta mesmo é de um bom pagode.

No futebol, fora dinheiro e fama, ele fez também grandes amigos. E para o “zagueiro-zagueiro”, é isso o que realmente importa.

- Conheci muitas pessoas legais, muitos amigos, como Pedrinho, Felipe, Juninho, Edmundo, Ramon, Carlos Germano, Alex Pinho, Fabrício, Cerezo… muita gente.

Mas em casa, o pai de duas meninas ainda não conseguiu contagiar as filhas, que têm sete e 12 anos, com a paixão pelo Vasco. No entanto, ele acredita que o cenário será diferente se elas puderem ver as fotografias dele vestindo as cores do time da Colina ganharem novamente a realidade.

- Elas são vascaínas porque veem muitas fotos minhas com a camisa do Vasco, mas não ligam muito. Sonho em poder falar para os meus familiares que comecei e terminei bem no futebol - almeja o papai e vascaíno Odvan.

Fonte: ge
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