Opinião: A grandeza inquebrável

Não conseguiram.

Tentaram de tudo, é verdade. Foi um esforço grande, um trabalho árduo, longo e contínuo de destruição, mas foi em vão.

Começaram acabando com nossas finanças. Investimentos irresponsáveis em atletas olímpicos, declarações desastrosas e anos sem patrocínio, passando por políticas de descontrole de gastos e um contrato de TV até hoje não muito bem explicado. O Vasco passava a ter comprometida toda a sua capacidade de investimento. O clube enfraqueceu.

Não pararam por aí, atacaram também a força do Vasco nos bastidores do futebol. Relação tíbia com os controladores do esporte no Brasil, pouca representatividade. O Vasco deixava de ser protagonista e se transformava em coadjuvante, um mero passageiro dos desígnios do futebol do país. Ninguém nos ouve para nada, nos tratam como secundários, pois nesse papel nos relegaram e com isso se satisfazem. O clube enfraqueceu mais um pouco.

Atingiram também nossa história. Passamos de um clube que lutava por causas nobres no esporte para um clube que trata compra de votos como algo normal, para um clube que expulsa sócios, que pratica nepotismo, que se esfarrapou através de brigas internas muitas vezes movidas por vaidades pessoais e que dos seus farrapos vê surgirem sem parar grupos políticos dispostos a usar o fim como justificativa suficiente para uso de qualquer artimanha no meio. E o clube enfraqueceu de novo.

Chutaram a fundação do nosso clube. O Vasco, outrora apenas um clube de regatas, hoje abandona o seu remo com a mesma força com que abandona sua base, base essa que hoje proporciona aos garotos dois sonhos: o de um dia chegar ao Vasco e o de deixar o Vasco para outro clube mais estruturado assim que puderem.

Depois de matarem nossas finanças, nossa força nos bastidores, nossa história e nossa fundação, restava o golpe de misericórdia: acabar com nossa auto-estima. E fizeram de tudo para isso. Transformaram o Vasco em chacota. Da vergonha pelo vice de novo, pela falta de água no estádio, pelos dez anos sem um mísero título estadual e por muito mais. Tudo entremeado com os gritos eternos de “ão, ão, ão, segunda divisão”.

Não restava nada, acabaram com tudo. O Vasco estava destruído, pensaram eles.

Estavam errados. Acabaram com tudo, mas esqueceram de uma coisa: o amor imenso dos vascaínos por esse clube. Podem destruir tudo, mas jamais vão conseguir destruir essa relação sólida o suficiente para desafiar qualquer tentativa sórdida contra essa instituição de glórias centenárias.

A torcida lotou o estádio e vibrou com cada gol, cada lance. Não, não eram os Francimares e Reginaldos os aplaudidos, era a camisa do Vasco, a cruz de malta, a faixa transversal.

Mais do que resgatar o clube da zona de rebaixamento, a torcida foi ao estádio extravasar esse amor, colocar esse sentimento pra fora e gritar em uníssono para nossos dirigentes:

“Eu estou aqui, eu existo. Tentaram de tudo para destruir esse clube, mas não conseguiram acabar com nosso amor por ele, e enquanto esse amor existir, nosso clube continuará sendo o gigante. Podem destruir tudo, mas jamais conseguirão destruir o nosso sentimento, que nunca irá parar e é de uma grandeza diferente, é de uma grandeza inquebrável”

Por: Helder Floret