Opinião: "Hoje, o Vasco tem o departamento de futebol mais bem gerenciado do

A goleada de 4 a 0 que o Vasco impôs sobre o Ipatinga na tarde desta sábado, no Maracanã, deu ao time a liderança do Brasileiro da Série B e ao clube um belo presente pela celebração de seus 111 anos de vida.

Cerca de 80 mil vascaínos lotaram o estádio e a apoteose de paixão entre a instituição e seu povo incendiou os jogadores, que buscavam o mais belo desfecho para o primeiro turno da competição.

Foi perfeito, tudo deu certo e o time de Dorival Júnior encerra a fase com campanha semelhante à protagonizada pelo Corinthians em 2008, com equilíbrio nos gols pró e contra.

O ataque do Timão fez mais gols (36 contra 33), mas sua defesa foi mais vazada (14 contra 11).

O ambiente criado para a partida, vivenciado com a intensidade dos apaixonados, mostrou que o Vasco está remediado das chagas que maltratavam sua história e mais unido do que nunca em prol de sua grandeza.

Gente de todas as idades, famílias inteiras inclusive, transformaram o maior estádio do mundo numa casa de festa, e até mesmo as ruas adjacentes ganharam um clima diferente, cordial e de alegria contagiante.

Foram registrados 76.211 pagantes, número que supera os 68.217 da partida Flamengo x Atlético-PR, na reestreia de Adriano, pela Série A.

É também o melhor público registrado na história da Série B desde 2003 _ o recorde pertencia ao Atlético-MG, que levou 74.694 pagantes no 2 a 2 com o América-RN, em 2006.

Em campo, o time não demonstrou dificuldades de adpatação por estar jogando num campo cinco metros mais largo (110m x 75m, contra 110m x 70m de São Januário) e sentiu-se totalmente em casa.

Abriu o placar antes dos 15 minutos iniciais e fez o segundo na última jogada do primeiro tempo _ depois do intervalo, fez o terceiro (de pênalti) aos 10 minutos e, administrando o jogo, encerrou a goleada aos 43.

O que me anima neste time montado pelo técnico Dorival Júnior, com o gerenciamento executivo de Rodrigo Caetano, não é a qualidade do futebol, em si _ mas o respeito à causa, e a honrabilidade que devotam.

Não existe titulares, jogadores entram e saem sem estrelismos ou arranhões pessoais e o conjunto oferece à instituição um presente decente, empurrando-a para um futuro promissor.

Hoje, o Vasco tem o departamento de futebol mais bem gerenciado do futebol carioca, sem as pragas amadoras por perto a se manifestar com o falso sentimentalismo juvenil, e por isso caminha a contento.

Seus dirigentes, Roberto Dinamite e cia, se limitam a cuidar da instituição como um todo e o carro-chefe do clube fica entregue a profissionais capacitados que, bem remunerados, tem o dever de gerenciar a pasta.

O time tem carências, é verdade, não se pode dizer sequer que é melhor da Série B em disputa, mas o trabalho de campo e de vestiário é, sem dúvida, um dos melhores realizados por clubes das Séries A e B.

Em formação, o Vasco foi a surpresa do Estadual do Rio, chegou às semifinais da Copa do Brasil e termina o turno da Série B com nove pontos de vantagem do quinto colocado _ o que lhe oferece certo conforto.

Tudo isso, enfrentando, além dos adversários, séria dificuldade financeira, falta de experiência de seus dirigentes e a cobrança pesada de uma torcida sofrida, amargurada e sedenta por dias melhores.

Há ainda um longo e tortuoso caminho a ser percorrido nos próximos três meses, até a consolidação da volta à Série A _ mas é possível dizer que o pior já passou.