Quem viu a vitória de ontem do Vasco pelo placar mínimo deve ter tido a impressão que a modesta Portuguesa da Ilha do Governador deu muito trabalho e vendeu caro a vaga vascaína para a semifinal da Taça Guanabara. Mas terá sido a Lusa que dificultou a partida ou foi o próprio Vasco que se complicou sozinho?
Mais uma vez, o time do Cristóvão mostrou uma dificuldade tremenda para transformar o domínio da partida em chances de gol e maior ainda em colocar nas redes essas poucas chances. E isso tem muito menos a ver com as qualidades dos adversários (no caso da Lusa, o time com a segunda pior campanha no Estadual) que com o estágio em que se encontra a preparação do time.
Independente das críticas a Cristóvão, é difícil não reconhecer as dificuldades de encaixar um monte de jogadores que nunca atuaram juntos no meio de uma competição. Está claro que o treinador ainda está testando a melhor formação e ainda levaremos um tempo até ter um entrosamento decente. Mas preocupam algumas opções escolhidas: ficou óbvia a melhora do time quando estávamos com uma formação mais ofensiva, com Wagner no lugar do fraco Bruno Gallo. A questão é que o equilíbrio é necessário e jogar com apenas um volante contra Fluzim e mulambos não será tão fácil como jogar contra a Portuguesa.
A volta do Douglas e a chegada de Luis Fabiano podem resolver tanto a questão dos volantes como a da falta de gols, mas ainda mesmo com eles o time ainda parece longe do entrosamento que outros times na competição. Além disso, há outros problemas a serem solucionados, como equilibrar as ações ofensivas pelas laterais (fazer o lado esquerdo ficar mais efetivo). É muita coisa para acertar até a semifinal, o que passa a impressão de que chegar à final dependerá mais da superação do time que do trabalho do Cristóvão.
As atuações
Martín Silva - não sofreu gols na sua 150ª partida pelo Vasco e nos poucos momentos em que foi exigido foi bem.
Gilberto - bastante presente no apoio, mas sem muita eficiência. No segundo tempo criou mais jogadas e quase marcou.
Luan - sem muito o que fazer na defesa, apareceu bastante no ataque. O problema é que errou a maioria dos lances que tentou.
Rodrigo - também não teve trabalho na zaga e quase marcou um gol, acertando a trave com uma cabeçada.
Henrique – apenas esforçado, está longe de ajudar no apoio no mesmo nível do Gilberto. Saiu para a entrada de Muriqui, que mesmo parecendo ainda carecer de mais ritmo de jogo, ajudou o time a articular mais jogadas.
Bruno Gallo – contra um adversário que pouco atacou, não teve muitos problemas na marcação. Na frente, teve três boas chances para finalizar e acabou desperdiçando todas. Deu lugar ao Escudero, que jogando na lateral esquerda atuou mais como ala e ajudou o time a criar mais jogadas por esse lado do campo. Fez o belo cruzamento que resultou no nosso gol.
Jean – bem no combate, mas poderia errar menos passes ao iniciar a ligação entre a defesa e o ataque.
Guilherme – mais uma partida discreta jogando pela esquerda. Acabou saindo no intervalo, substituído por Wagner, que jogando recuado melhorou a transição da defesa para o ataque.
Nenê – no primeiro tempo acabou sofrendo com a pouca efetividade do lado esquerdo. No segundo tempo melhorou, dando bons passes e criando jogadas.
Kelvin – deu o trabalho de sempre para a zaga adversária, mas foi pouco efetivo na criação de jogadas.
Thalles – na única bola que recebeu com boa chance para finalizar, garantiu a vitória.
Por JC Barbosa, do Colina Express