Torcida

Problemas com torcida organizada deixa PM em alerta

O time é o mesmo e a organizada também.  Mas o que deveria servir de motivo para união, já gerou agressões, ameaças e tentativas de assassinato. Há mais de três anos, esta é a rotina da Força Jovem do Vasco, principal organizada do clube e que há tempos convive com um racha interno, com grupos mudando de lado e com o objetivo único de tomar o poder e se beneficiar de lucro e status.

Atualmente, é necessário que os grupos fiquem separados por um cordão de isolamento feito pela Polícia Militar em jogos do Vasco. A situação é apenas a ponta do iceberg de conflitos que contam, por exemplo, com um sangrento episódio que colocou o bairro da Tijuca, na Zona Norte do Rio de Janeiro, em estado de terror em novembro de 2014, durante convenção da chapa do então candidato à presidência do clube, Eurico Miranda.

Uma emboscada foi criada por um dos grupos, que agiu de forma surpresa, surgindo de vans e kombis. Tiros foram efetuados e uma briga generalizada tomou conta da rua Haddock Lobo, uma das mais movimentadas da região. Em meio a confusão, ao menos duas pessoas foram esfaqueadas e sete foram presas.

Ano passado, a guerra interna da "FJV" motivou a mudança de local de uma partida do Cruzmaltino pela Série B. No dia 25 de outubro, no jogo Vasco x Ponte Preta, as facções entraram em conflito nas imediações de São Januário e bombas de efeito moral e tiros de bala de borracha foram efetuados, causando muita correria e medo às famílias que chegavam ao estádio.

O episódio ligou o alerta e fez com que o Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe) exigisse a alteração do duelo entre o Cruzmaltino e o ABC, duas semanas depois, para o Maracanã. A preocupação era pelo fato de que, três dias depois, aconteceria a eleição presidencial do clube. O pedido acabou sendo acatado pela CBF.

No último domingo, o grupo que se define como "situação" da Força Jovem, se envolveu em uma briga com a organizada tricolor Young Flu no bairro do Méier, o que gerou prisões.  Já o de "oposição", no Engenhão, tentou invadir o setor dos rivais internos de torcida e foi impedido pelo Batalhão de Choque, fato que motivou novas detenções.

No total das confusões, 118 pessoas foram presas, sendo 99 encaminhadas para o Complexo Penitenciário de Bangu e 19 menores levados à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. Deste montante, mais de 50% já possui antecedentes criminais.

Responsável pelas detenções, o tenente-coronel João Fiorentini, comandante do Gepe, lamenta que o país não tenha leis mais rígidas e que haja uma sensação de impunidade:

"O José Mariano Beltrame (secretário de Segurança Pública) e o Fernando Veloso (chefe da Polícia Civil) deram entrevistas muito boas este fim de semana (ao jornal O Dia) . O Beltrame afirmando que a Polícia está sozinha no combate ao crime, e o Veloso dizendo que já passou da hora das leis saírem do mundo da fantasia e caírem na realidade. Eu acho que as leis tinham que ser revistas. Não só no futebol. O  Código Penal não pode condenar um criminoso e ele sair com dois, três anos, com tanta facilidade e benefícios", avaliou.

O oficial foi além e deixou claro temer que haja um caminho sem volta caso não ocorra uma mudança radical nas leis brasileiras:

"Enquanto vivermos num mundo de faz de conta, tudo será possível. O Estado tem de servir a quem paga imposto e é honesto, não servir aos foras da lei. Se não mudarem as leis neste país de uma forma severa, não só no futebol, infelizmente caminharemos para uma anarquia".

Entenda o racha da Força Jovem
De acordo com Fiorentini, a briga pelo poder na Força Jovem dura mais de três anos, e as variações se deram apenas pelas mudanças de lado dos grupos e o aumento dos casos de violência. Hoje quem faz oposição, já foi situação, e vice e versa.

Quem preside atualmente a organizada é a facção que chegou ao poder com o grupo denominado "O Resgate da História", que tem como líderes Robson Moreira da Cruz, o "Robinho", e Bruno Pereira Ribeiro, o "Bruno Fet", ambos presos no episódio de barbárie na Arena Joinville (SC), em dezembro de 2013, em partida contra o Atlético-PR.

Embora esteja solta e respondendo o processo em liberdade, a dupla está impedida de frequentar estádios brasileiros pela Justiça e é obrigada a se apresentar à delegacia em dias de jogos do Vasco. Tal situação abriu caminho para os opositores.

"A partir disso, o pessoal da situação ficou enfraquecido. Hoje o grupo de oposição já é maior", informou o tenente-coronel João Fiorentini.

O grupo de opositores, que um dia esteve no poder e que atualmente carrega o dilema "Tudo mudou", é liderado por "Zé Davi", que já foi condenado a oito anos de prisão por envolvimento em um assassinato a um membro da Torcida Jovem do Flamengo, em 1999.

Vale ressaltar que a Força Jovem cumpre pena que terá uma duração máxima de um ano e meio, mas que poderá ser ampliada em virtude dos episódios do último domingo. Nesta terça-feira, o Ministério Público informou que ingressará com uma ação civil contra a organizada.

A primeira punição imposta pelo MP se deu por conta das cenas de terror em Joinville e era de um ano, com seu encerramento previsto para janeiro de 2015. No entanto, na final do Campeonato Carioca de 2014, a organizada se envolveu em novo conflito, novamente contra a Torcida Jovem do Flamengo, e um gancho de mais seis meses foi aplicado, terminando em junho.

Com tal determinação, a torcida está impedida de entrar em estádios brasileiros com qualquer material que identifique-a, sejam camisas, bandeiras, faixas e instrumentos de bateria, fato que faz com que, há um ano, os jogos do Vasco estejam mais "silenciados". Atualmente, quem tem assumido o papel de empurrar o time em campo é a "Guerreiros do Almirante", torcida que não se auto intitula organizada e que, segundo o Gepe, não possui registros de ocorrência.

Recentemente, a diretoria do Cruzmaltino, emitiu duas notas oficiais assinadas pelo presidente Eurico Miranda não reconhecendo a Força Jovem enquanto durarem suas suspensões e conflitos. No segundo comunicado, o clube ainda destaca em seu texto que "o reconhecimento atual da facção por parte das autoridades policiais do Estado, inclusive promovendo reuniões, não contribui para resolver os problemas já conhecidos ".

Questionado pelo UOL Esporte sobre o posicionamento oficial do Vasco, citando as ações da Polícia Militar, o comandante do Gepe respondeu:

"Não tomei conhecimento sobre esta nota oficial, mas da mesma maneira que a Polícia não se mete no trabalho do Vasco, o Vasco não tem de se meter no trabalho da Polícia".

Fonte: UOL Esporte
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