Futebol

Processo da família de Denner contra o Vasco ainda tramita na Justiça

Enquanto aguarda o desfecho da ação que moveu contra o Vasco para receber o que Denner tinha direito, a viúva Luciana sofre com outra ação na Justiça, movida pelo condomínio do prédio onde mora, na capital paulista, em um apartamento deixado pelo jogador. Ela não consegue pagar as despesas desde 1995, e pode ser despejada, além de ver o imóvel leiloado.

- Se o Vasco não me pagar antes e eu for despejada, para onde vou? Terei que montar uma barraca na entrada de São Januário para morar com meus filhos? Só não estou em uma situação pior porque tenho uma família que me ajuda. Não estamos passando fome, mas precisamos deste dinheiro - explica a viúva.

Luciana tem como renda uma pensão de R$ 800 do INSS. Trabalhava em uma loja de telefonia celular, mas esta fechou e ela ficou sem emprego. Dificilmente consegue um trabalho em tempo integral, pois não tem como pagar alguém para cuidar das crianças. Além de David, Felipe e Matheus, filhos de Denner, Luciana tem mais uma filha, Bárbara.

Alguns amigos de Denner chegaram a ajudar Luciana financeiramente, como Edinho, filho de Pelé, e Tico, ambos ex-jogadores. Mas até dos amigos ela precisou se afastar, ressaltando que sua vida particular foi muito explorada, inclusive com informações falsas.

- Eu era muito amiga da esposa do Edinho, e ainda sou, mas não podemos nem nos falar, pois inventaram que eu tinha um caso com ele. Quando fiquei grávida da Barbara, não pude sair de casa para fazer o pré-natal, pois sempre tinham jornalistas na minha porta. A minha vida e as fofocas que criaram passaram a ser mais importantes que a ação que movo contra o Vasco - desabafa Luciana, que relutou em receber o GLOBOESPORTE.COM por ter traumas da imprensa.

Entenda o processo contra o Vasco

Denner tinha apenas 23 anos quando deixou saudades na torcida do Vasco. Mas, apesar de ter dado alegrias ao clube, o retorno para a sua família é só de tristezas. A esposa Luciana até hoje tenta receber uma indenização do clube, sem sucesso. Entenda como o caso começou e acompanhe suas etapas, até os dias atuais.

Após a morte de Denner, em 19 de abril de 1994, em um acidente de automóvel na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, descobriu-se que o Vasco não fez o seu seguro de vida, o que seria obrigatório. Luciana e os três filhos - Dênis, Felipe e Matheus -, seriam os beneficiários, mas como não havia o seguro, a família entrou com uma ação por direitos trabalhistas contra o Vasco exigindo a indenização de US$ 3 milhões.

Na época, o Vasco não reconheceu Luciana como familiar do jogador, e ainda não reconhece. Na ocasião, o clube pagou US$ 90 mil para a mãe de Denner, Vera Lúcia, referente aos prêmios por conquistas. Além de Luciana, a Portuguesa também entrou com uma ação contra o Vasco, por Denner ser seu patrimônio. Com o clube paulista houve acordo, e o Vasco pagou US$ 3 milhões, em três parcelas. Mas seguiu sem reconhecer Luciana.

A ação movida por Luciana está até hoje sem desfecho. Começou em 1994, em São Paulo, na 20ª Vara do Trabalho. O Vasco perdeu e recorreu no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), em 1995. Foi derrotado no ano seguinte e recorreu ao TST (Tribunal Superior do Trabalho) de Brasília. Perdeu o recurso em 2000. Mas, apesar de todos os ministros terem considerado que o Vasco deveria pagar a indenização, uma ministra considerou que o valor pago dos prêmios para a mãe do atleta deveria ser descontado do montante de Luciana. Com isso, o Vasco começou a entrar com embargos (são medidas protelatórias, mas que não podem mudar a decisão). O clube já perdeu vários embargos, tem um em vigor no momento e ainda pode entrar com o último.

O caso ainda teve um desdobramento paralelo: quando Luciana ganhou em segunda instância no TRT, ela entrou com um novo processo para que o valor da causa fosse atualizado por um perito. Ele avaliou em R$ 12 milhões e o Vasco não concordou. Com isso, foi determinado que o clube comprovasse em 10 dias qual deveria ser o valor. Mas o Vasco não fez isso, e o caso se arrastou por um ano. O advogado de Luciana conseguiu uma carta precatória executora, que levou até a Comarca do Rio, e o Vasco deveria pagar, em 48 horas, um valor que já chegava a R$ 15 milhões. Hoje, o valor está em R$ 16 milhões.

O juiz expediu o mandado pedindo o pagamento em 48 horas ou a penhora de bens, rendas de jogos, cotas de tv, entre outros. Como o Vasco não pagou, deveria ser cumprida a sentença, determinando que 30% dessas rendas entrassem direto para Luciana todo mês.

Só que o Vasco entrou com um pedido na Justiça do Trabalho do Rio dizendo que não poderia destinar 30% de suas rendas, pois existe um ato na Justiça carioca que só permite que os clubes paguem 10% em qualquer dívida judicial. Porém, o Vasco não tinha aderido a esse ato, mas o fez naquela época e a juíza do Rio aceitou, mesmo com a adesão ocorrendo depois da sentença de 30%.

A Luciana entrou então em uma lista de credores do Vasco. Como funciona este processo: todo mês, o clube destina 10% de seus rendimentos para um fundo, comandado por um juiz centralizador, que divide esta quantia entre todos os credores. Mas Luciana nunca recebeu nada por este método por dois motivos: primeiro, porque o valor que ela tem a receber é muito maior do que os dos demais credores, o que a colocou no fim da lista. Mas, mesmo assim, ela não pode receber, porque o caso ainda está em caráter provisório em Brasilia. Só quando esgotarem todos os embargos é que a esposa poderá receber algo pelo fundo.

Houve proposta ofensiva, diz família

Já são quase 13 anos desde a morte de Denner, e o caso movido pela família do jogador contra o Vasco ainda está sem desfecho. O clube diz não reconhecer Luciana como esposa de Denner, mas no fim de 2006, fez uma proposta de acordo para seu advogado, Renato Lima Menezes, sugerindo o pagamento de R$ 3 milhões, de uma dívida que está em torno de R$ 16 milhões.

Só que Luciana não receberia a quantia de uma vez só: passaria a receber de acordo com uma divisão entre os credores do clube, que destina 10% de suas rendas para um fundo, controlado por um juiz centralizador. Ou seja, Luciana receberia o valor de R$ 3 milhões em parcelas menores.

Luciana e o advogado consideraram a proposta ofensiva e vergonhosa, e não aceitaram. Renato acrescenta que Paulo Reis, vice jurídico do Vasco, que fez a oferta, pediu que eles não comentassem nada com a imprensa.

- O Paulo me ligou oferecendo R$ 3 milhões para desistirmos da ação em Brasília. Mas a Luciana teria que entrar na divisão geral de credores. Isso é um absurdo. Não aceitamos e ele me pediu sigilo - afirma Renato.

O dirigente do Vasco nega que tenha feito esta solicitação, mas admite ter feito a proposta ao advogado de Luciana.

- Realmente, há mais ou menos um ano lembro de ter tentado um acordo com um advogado, não sei se foi esse Renato, ela já teve tantos advogados. Mas claro que não teve nada de eu pedir para não ser divulgado. Até porque, se o Vasco fizer um acordo, tem de declarar publicamente quanto está pagando - rebate Paulo Reis.

Vasco segue sem reconhecer viúva

Quando Denner morreu, em 19 de abril de 1994, com apenas 23 anos de idade, deixou a esposa Luciana Gabino e três filhos: Dênis, Felipe e Matheus. Mas o Vasco, clube que o atleta defendia, não reconhece a viúva como sua família. Ela briga na Justiça há quase 13 anos para receber uma indenização que hoje está em torno de R$ 16 milhões, chegou a ser procurada pelo vice júridico do clube, Paulo Reis, para um acordo (saiba mais clicando aqui), mas segue sem ser considerada pelo Vasco.

- Como o Vasco não me reconhece e liga para propôr um acordo? Na época em que jogava lá, o Denner inclusive solicitou a mudança para um apartamento maior, para acomodar a família, e este local era pago pelo clube. Eles sabiam que eu e meus filhos existíamos. Mas logo quando o Denner morreu, o Eurico Miranda (presidente do Vasco) foi ao apartamento em que estava com a minha sogra e falou apenas com ela, ignorando a minha presença - acusa Luciana.

O vice jurídico do Vasco confirma que o clube continua sem reconhecer Luciana como familiar do jogador, apesar de ter admitido o contato com seu advogado. Mas diz estar disponível para um acordo.

- Não a reconhecemos como nada, porque ela não era casada com o Denner. Nunca deixamos de reconhecer a mãe do jogador - rebate Paulo Reis.

Vasco diz que pode fazer acordo

Apesar de não reconhecer Luciana como esposa de Denner , morto em um acidente de carro em 19 de abril de 1994, o Vasco está disposto a tentar chegar a um acordo com a viúva do jogador. Mas exige uma procuração dela em nome dos filhos e espera que seu advogado procure o clube. Luciana move uma ação na Justiça contra o Vasco, que já dura quase 13 anos (entenda o caso).

- Eu não ia negociar com ela (Luciana). Mas se ela trouxer uma procuração em nome dos filhos, e o advogado me procurar, estou disponível. Podemos fazer um acordo - garante Paulo Reis, vice jurídico do Vasco.

Luciana e o advogado, Renato Lima Menezes, ficaram indignados com o primeiro acordo proposto pelo Vasco, em 2006 (saiba mais clicando aqui), e desejam que o clube faça um acerto com eles semelhante ao realizado com Romário, que hoje recebe cerca de R$ 200 mil mensais por dívidas que o time tinha com ele.

- Com o Romário, eles acertaram e pagarão R$ 200 mil mensais por dez anos. Por que não pagam pelo menos R$ 100 mil mensais para a Luciana? Já resolveria muita coisa - ressalta Renato.

Tímidos, filhos não falam do pai

Enquanto Luciana tenta receber, através da Justiça, os direitos trabalhistas do marido Denner, morto em um acidente de carro em 1994 (entenda o caso), os filhos Dênis, de 17 anos, Felipe, de 14, e Matheus, de 13, evitam falar sobre o pai. O mais velho é o que mais lembra do jogador, mas as palavras do garoto mostram que há muita mágoa do Vasco, que até hoje não indenizou a família.

Luciana reproduz as palavras do menino, já que ele e os irmãos não querem nunca aparecer na mídia. \"O Dênis sempre fala que tem orgulho do que foi seu pai, mas se ele não tivesse morrido, nós não estaríamos vivendo esta vida, e o Vasco está tirando a vida que o pai queria que tivéssemos\", destaca a viúva.

A esposa de Denner conta que eles pouco falam do pai. Até porque quando surge o assunto, ou uma imagem de Denner em ação, a emoção é muito grande. Na última Copa São Paulo, cenas de Denner jogando apareceram na TV durante uma festa de aniversário, na qual estavam todos reunidos.

- A família estava comemorando o aniversário da minha afilhada e do Denner, quando apareceram as imagens. Os meninos ficaram muito mal, choraram. Para eles, a pior coisa é ter que ver ou participar de uma reportagem sobre o pai - explica Luciana.

Mas será que algum dos três herdou o talento do pai? Os três já jogaram na Portuguesa por quase um ano. Tentaram a sorte no Corinthians, mas não passaram na peneira. Luciana garante que todos jogam bem, mas o herdeiro do futebol de Denner é Felipe. O filho do meio lembra o jogador em ação, tem o jeito do pai. \"Além da habilidade, ele tem a segurança que o Denner mostrava em campo\".

Fonte: ge
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