Reunião nesta sexta requenta clima eleitoral

Foram menos de 48 horas, num período que não deu nem para perceber um esfriamento do clima no clube. O Vasco joga nesse sábado em Natal, mas o caldeirão da Colina volta a ferver nesta tarde em São Januário. Depois do adiamento na decisão em segunda instância na Justiça e uma quarta-feira sem votos nem urnas, com o clube fechado, uma reunião às 15h deve definir os moldes de uma possível extensão de mandatos dos poderes do clube. O caso deve ir à votação na próxima quarta, em reunião extraordinária do Conselho Deliberativo. Eurico Miranda e Roberto Monteiro, que eram contrários ao adiamento do pleito, já se posicionam contra a permanência de Dinamite. Eles apostam que dificilmente o presidente consegue permanecer em votação de conselheiros. O placar em 2011, em situação bem mais favorável ao atual presidente, foi apertado: 116 votos a favor e 79 contra.

Nessa quinta, Abílio Borges, presidente deste poder, ficou no clube até as 21h, consultou o departamento jurídico vascaíno, mas deixou para fazer a convocação somente após a reunião desta sexta. Havia expectativa de que ele estendesse os mandatos automaticamente até as eleições de novembro e depois levasse ao Conselho, como é desejo de Roberto Dinamite e aliados, mas, ao que tudo indica, não vai ser dessa maneira. Tanto Eurico Miranda, presidente do Conselho de Beneméritos e que esteve no clube junto a Abílio nessa quinta, quanto Roberto Monteiro já se antecipam em dizer que não vão concordar com a prorrogação do mandato de Dinamite, que termina oficialmente seu mandato no dia 19. Nesta sexta, aliás, o presidente do próprio Conselho Deliberativo e os conselheiros eleitos em 2011 vivem as últimas horas de mandato, que se encerra à meia-noite.

No encontro dessa quinta em São Januário, Eurico interferiu e evitou que Abílio "canetasse" a extensão de mandato de Dinamite até as eleições e só depois levasse o caso ao Conselho. A reunião desta tarde deve reunir novamente os cinco presidentes de poderes do Vasco - Dinamite, Eurico, Abílio, Helio Donin e Olavo Monteiro de Carvalho -, mas dificilmente o caso não vai chegar ao Conselho para uma decisão posterior por votos. Logo após o encontro dessa noite de quinta, Abílio dizia que iria apenas convocar a reunião e estender os mandatos apenas até o encontro do Conselho Deliberativo.

- Amanhã vou prorrogar os mandatos até a reunião do Conselho e os conselheiros decidem se mantêm até a eleição ou não - disse Abílio Borges.

O artigo 81 do estatuto do Vasco confere ao presidente do Conselho Deliberativo o poder de “dar interpretação com força de lei às obscuridades ou indecisões” da carta máxima do clube. No inciso XIX, permite ao presidente e “ad referendum” do Conselho tomas as medidas de caráter inadiável para normalizar a administração do clube.

Monteiro sugeriu extensão em 2011

Agora contrário à permanência de Dinamite no poder, Roberto Monteiro foi o conselheiro que sugeriu a extensão do atual presidente depois que o presidente da Assembleia Geral, Olavo Monteiro de Carvalho, perdeu o prazo para realizar o processo eleitoral há três anos. O candidato pela chapa "Identidade Vasco" afirma que os casos são completamente diferentes.

- Nesse momento, o que há é uma ação dolosa (com intenção) de perpetuação no poder, um golpe. Lá em 2011, houve perda de prazo, uma situação culposa (sem intenção) e era extensão de poucos dias. Agora é uma proposição (de permanência) fora de qualquer eixo - diz Monteiro.
Para Dinamite, a permanência no poder significa ter mais tempo de exposição pública até as eleições convencionais de outubro, quando ele tenta o sexto mandato consecutivo como deputado estadual. Eurico e Monteiro vão tentar evitar que isso aconteça e a solução encaminhada pode ser uma junta interventora administrar o clube nos últimos meses até as eleições. O que deve gerar mais discussão e polêmica, pois é difícil encontrar no Vasco algum agente político que não vá beneficiar ou prejudicar candidaturas e interesses.