Futebol

"Seu tempo passou Eurico e você não quis enxergar", diz jornalista

O maior derrotado no Campeonato Brasileiro de 2015. O iludido Eurico Miranda. O tempo passou e só ele não viu. Pior para o Vasco, preparado para o terceiro rebaixamento em sete anos…

Havia uma maneira de calar Eurico Miranda. Depois de décadas de convivência, a apaixonada torcida vascaína descobriu qual é. Ver o time que escolheu, jogador por jogador, assim como os três técnicos, não só na última colocação do Brasileiro. Mas praticamente rebaixado para a Segunda Divisão, faltando 16 rodadas.

Não resta a menor dúvida.

O maior derrotado do Brasileiro de 2015 é o iludido Eurico Miranda.

Seu relacionamento com o Vasco começou em 1967, quando ganhou o cargo de diretor de cadastro. Nestes 48 anos, ele nunca passou por um momento esportivo tão constrangedor. Com todo poder nas mãos, mas acumulando resultados vergonhosos.

O que aconteceu foi algo simples. Eurico Miranda não viu o tempo passar. Ficou completamente ultrapassado. Sua visão é a de um dirigente dos anos 70, quando gritos, truculência e aliança com o presidente da Federação Carioca tinham resultados.

Eurico Miranda foi parceiro de Eduardo Viana, presidente da Federação Carioca, por 22 anos, de 1984 até 2006, quando morreu. A aliança entre os dois sempre foi muito benéfica ao Vasco. Principalmente nos torneios estaduais, na época que eles eram muito importantes.

Aos 71 anos, ele acreditou que nada havia mudado no futebol brasileiro. Se juntou a Rubens Lopes, presidente da Federação Carioca. Enfrentou Flamengo e Fluminense. Brigou publicamente pelo lugar da torcida vascaína no Maracanã. Foi, de longe, o dirigente mais empenhado em ganhar o estadual. Com o respaldo da Federação Carioca, conseguiu.

Na festa pela conquista humilhou os rivais. Bateu no peito, repetiu centenas de vezes que o 'respeito' havia voltado a São Januário. E que estavam expurgados os descaminhos que o time havia vivido nas incompetentes mãos de Roberto Dinamite e seus dois rebaixamentos para a Segunda Divisão. Como ele não seria assim.

Foi, de longe, o mandatário que mais se iludiu com a conquista de um estadual. O campeão do Rio de Janeiro tinha tudo para ir muito bem no Brasileiro. Era uma questão de lógica. Que funcionava muito bem há 30, vinte anos.

"Ouço conversas, de Vasco isso, Vasco aquilo, não quero saber de conversa, de opinião de ninguém. O Vasco está nas duas competições para ganhar. Essa é a diretriz do Vasco. Para não ter qualquer especulação, de que "ah, o Vasco vai ficar na zona da salsicha", digo o seguinte: o Vasco vai disputar o título e, se possível, ganhar o título.

Essa é a orientação e a determinação nossa. Isso que queria passar para vocês. Não me importa as considerações que possam fazer, se tem condição ou não tem condição. Time vai disputar o título, futebol ninguém faz e não tem direito de fazer qualquer previsão antecipada."

A análise completamente distorcida da realidade foi feita por Eurico, em maio. Quando o dirigente ainda acreditava que Doriva era a grande revelação entre os treinadores brasileiros. Ele gostava de sua juventude. Acabava sendo um sinal de modernidade. Doriva deixou o time em penúltimo lugar.

A aposta foi no conservadorismo de Celso Roth. O plano era simples. Eurico já havia percebido o quanto estava enganado. E o elenco vascaíno era fraco. E que a conquista do Campeonato Carioca o iludiu. Bastaria não cair para a Segunda Divisão.

Bastaria Roth colocar em prática sua especialidade, uma equipe defensiva e pronto. Até 2016, Eurico conseguiria arrumar dinheiro para montar elenco mais forte.

Só que 11 partidas depois, Roth era demitido. Deixava o Vasco na última colocação no Brasileiro. O desejo de Eurico era contratar Oswaldo de Oliveira. Mas o técnico não aceitou. A saída foi apostar em Jorginho, ex-jogador na fase vencedora do clube.

O técnico conseguiu a façanha de eliminar o Flamengo da Copa do Brasil. E, de novo, Eurico acreditou que tudo melhoraria de maneira instantânea no Brasileiro. Mas vieram Goiás, Figueirense e Internacional. Três derrotas. Dez gols sofridos. Nenhum a favor. A última derrota envergonhou todo o país. Foi a maior da história vascaína em Brasileiros. 6 a 0, em Porto Alegre, na quarta-feira.

A matemática indica o caminho quase inevitável à Segunda Divisão. Pela terceira vez em sete anos. A primeira foi em 2008 e a segunda em 2013, sob o comando de Roberto Dinamite. Eurico Miranda chegou a desprezar essa possibilidade. Usou a velha arrogância que marcou toda sua trajetória. Proibiu jornalistas, jogadores e treinadores de tocarem no tema.

"Se soubesse que tinha uma mínima chance de queda eu ia procurar o ponto mais diante da Sibéria para me mudar. Aqui a palavra rebaixamento é proibida. Já falei."

Suas frases foram ditas no mês passado. Ao apresentar Jorge Henrique e Seymour como reforços ao então técnico Celso Roth. Logo viraram piada, motivos de escárnio de rivais vascaínos.

A sensação é como se finalmente Eurico olhasse no espelho. E se de repente se descobrisse velho. Mas uma velhice que vai muito além dos 71 anos que tem. Sua fragilidade não é física. Sobreviveu a um tumor na bexiga graças ao seu amor à vida, sua perseverança. E mostra energia para viver anos e anos.

A decrepitude de Eurico é como comandante de um clube. Ele não sabe o que fazer diante de um cenário assustador. O Vasco é quem mais deve no Brasil. Passou o seu rival Flamengo. Deve mais de R$ 845 milhões. Tem um estádio de muitas glórias passadas. Só que São Januário é inviável, atrasado, deficitário. Serve para o time treinar.

O Vasco costuma alugar Centros de Treinamentos, não tem o seu, moderno, como o futebol atual exige. A falta de reação de Eurico diante desse quadro é sinal de fraqueza.

Com o país mergulhado na recessão, o terceiro rebaixamento será um golpe pesado demais. A Caixa Econômica já avisou que mudou seu critério de patrocínios. E levará em conta o desempenho dos time. Sendo assim, a situação promete ser caótica em 2016.

A campanha no Brasileiro é terrível. São 22 jogos. Três vitórias, quatro empates. 15 derrotas. Marcou oito gols e sofreu 41. Saldo de 33 negativos. Está a 12 pontos do Goiás, primeiro time fora da zona do rebaixamento.

Já há uma campanha na Internet para a renúncia de Eurico Miranda. Já tem mais de cinco mil assinaturas. Não há menor possibilidade. Mas mostra concretamente o desespero da torcida vascaína.

Eurico Miranda havia prometido que o respeito voltou com sua vitória na eleição de 2014. Os resultados dizem exatamente o contrário. Tudo que estava péssimo, conseguiu ficar pior.

O velho dirigente está sumido, calado. Não há o que dizer.

A não ser reconhecer.

Seu tempo passou Eurico.

E você não quis enxergar...

Fonte: Blog do Cosme Rimoli
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