Somados os pontos ganhos por Ceará e Vasco, PC Gusmão seria líder do Brasile

Futebol é um jogo para 11. Mas o time de um homem só poderia ser líder do Brasileiro.

Com 26 pontos, 17 conquistados no Ceará, e nove no Vasco, o imaginário Paulo César Gusmão Futebol Clube estaria na frente do campeonato, ao lado do Fluminense, com a mesma pontuação. Se o Vasco, treinado pelo único técnico invicto da competição, tivesse o mesmo desempenho, a América, da tão sonhada Libertadores, estaria logo ali. O cobiçado título, 10 anos depois, também.

Antes de recolocar o Vasco no caminho, PC teve que se reencontrar.

Um dos técnicos mais promissores da nova geração, ele foi revelado em São Januário, mas precisou sair para ter reconhecimento. Quando Celso Roth largou o emprego e o time na situação desesperadora da zona de rebaixamento, a solução foi caseira.

PC atendeu ao chamado, mas deixou o Ceará na vice-liderança, com 17 pontos obtidos sobre o seu comando. Foram sete jogos, cinco vitórias, dois empates e um gol sofrido. Em São Januário, em cinco partidas, venceu duas e empatou três, com dois gols sofridos.

— São os meus números, que são ótimos, é lógico. Mas o mais importante é o crescimento do Vasco no Campeonato Brasileiro. Quero e trabalho para que o time tenha o mesmo desempenho — disse PC.

Ataque é ponto fraco
O segredo do sucesso é a antiga fórmula de que um bom time começa a ser arrumado pela defesa. De goleiro a preparador de goleiros, antes de virar técnico, PC Gusmão conhece cada palmo da grande e pequena área com a visão de quem tem a ingrata função de impedir os gols. Tanto que o Ceará, que com PC só levou um gol, tem a defesa menos vazada do campeonato, com seis gols sofridos. O Vasco, levou 14, dois na conta de PC.

Em compensação, os ataques dos dois times estão entre os menos efetivos da competição.

Problema que o treinador vai tentar resolver no Vasco nas próximas rodadas.

— O Vasco levou muitos gols antes de o Brasileiro ser paralisado em função da Copa do Mundo. Precisei consertar e, agora, foram apenas dois gols em cinco jogos. Mas reconheço que a criação e o ataque têm que melhorar. Posso até pôr mais atacantes. Mas com certeza teremos um Vasco diferente a partir de domingo, contra o Vitória, em São Januário — disse.

Carlos Alberto de início
O diferente de PC Gusmão significa repetir o time que enfrentou o Flamengo, mas com um possível alteração significativa: a entrada de Carlos Alberto desde o início. Ontem, o capitão chegou mais cedo a São Januário para iniciar o treino físico.

Depois, participou normalmente do treinamento com os demais jogadores.

— Procurei colocá-lo no ataque contra o Flamengo porque ele tem facilidade de cabecear, prender a bola na frente e chuta com as duas pernas. Mas ele precisa de mais desenvolvimento na resistência e velocidade.

O que pode ser feito é ele entrar desde o começo para recuperar o que falta — declarou o treinador.

A competição interna sempre foi a injeção de ânimo que PC usou para contagiar os jogadores.

Tanto que Nunes, que teoricamente sairia do time para a entrada de Carlos Alberto, declarou o seguinte: — Nome não é suficiente para ganhar posição.

Nunes revelou ainda sente dores na coxa direita, resultado das infiltrações que recebeu no Santo André, no início do ano. Já o lateral Ramon sofreu estiramento na coxa direita e está fora por três semanas.

(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal O Globo)