Trabalho científico do Vasco é um dos responsáveis por ‘safra’ de jovens tal

Sem dinheiro para grandes contratações na atual temporada, aposta é feita nos atletas “formados em casa”

Por Rubem Dario

Sem dinheiro para grandes contratações em 2008, o Vasco da Gama, um dos principais clubes do Rio de Janeiro, apostou nos jogadores formados em sua categoria de base para compor o elenco. Mesmo competindo contra equipes que abriram os cofres para a temporada, casos de Botafogo, Flamengo e principalmente o Fluminense, o time cruzmaltino chegou às semifinais da Taça Guanabara e poderia ter ido mais longe não fosse por um pênalti perdido por Edmundo. O bom começo de temporada tem uma explicação segundo Carlos Vinicius Herdy, fisiologista do clube: “o trabalho cientifico realizado para a promoção de atletas”.

“No Vasco os trabalhos científicos realizados em nosso laboratório de pesquisa são extremamente valorizados. Desde a avaliação dos atletas, que chegam com o interesse de ingressar nas categorias de base do clube, são realizados testes para que eles possam corrigir falhas e chegar preparados à equipe profissional”, afirma Carlos Vinicius Herdy.

Dentro do atual elenco do Vasco, dez jogadores foram formados nas categorias de base do clube ou chegaram ainda na equipe de juniores. Na semifinal da Taça Guanabara, quando o time cruzmaltino foi derrotado pelo Flamengo por 2 a 1, cinco atletas, que começaram jogando, eram “pratas da casa”.

“É lógico que o dinheiro influencia a formação de um elenco e o Vasco não tinha muito para investir em contratações de peso. Mas já temos algumas realidades dentro desse elenco, como o Morais, o Alan Kardec e o Alex Teixeira. É um trabalho de constante renovação que é apoiado pela diretoria do clube, que coloca todo o departamento profissional a nossa disposição. Tenho a convicção que o trabalho que é feito aqui, para a formação de atletas inteligentes e completos, é referência no Brasil”, conta Herdy.

Segundo o profissional do Vasco, o clube apresenta todas as condições para a realização de testes essenciais e outros específicos com os atletas das categorias de base. Testes de força, isocinéticos com a utilização de equipamentos de última geração, de maturação sexual, relações da idade biológica com a sexual e a dental e todo o mapeamento do perfil dos atletas.

Outra técnica apontada pelo profissional cruzmaltino como importante para a formação dos jovens talentos é a dermotoglifia, que examina as características do indivíduo por meio da impressão digital.

“Essa técnica foi trazida pelo José Fernandes, que fez um estágio na Rússia. Com esse método podemos antecipar características dos atletas e corrigir possíveis falhas. Já identificamos por meio da dermotoglifia que alguns atletas poderiam render mais em outras posições, em relação àquelas que estavam atuando. A análise da genética dos atletas é essencial para definir seu direcionamento de carreira”, explica Carlos Vinicius.

Mas o profissional salienta que os trabalhos realizados no laboratório de pesquisa do Vasco só têm valor devido a receptividade dos membros das comissões técnicas e diretores do clube.

“O Álvaro Miranda [diretor do clube] é formado e pós-graduado em educação física e por isso valoriza muito esse trabalho cientifico. Além dele, os treinadores, preparadores físicos e assistentes técnicos das categorias de base são todos muito atentos a essas questões. Por existir esse diálogo constante, esse trabalho integrado, estamos conseguindo resultados expressivos”, finaliza Herdy.