Confira outros exemplos de jogadores que trocaram as chuteiras pelos gabinet

A eleição de Roberto Dinamite para presidente do Vasco quebrou um paradigma no futebol brasileiro. Pela primeira vez, um clube de ponta será administrado por um craque que foi um dos maiores ídolos de sua história. A façanha coloca em xeque velhas dinastias do futebol e abre caminho para outros jogadores ocuparem o mesmo espaço no futuro.

Espaço que começou a ser conquistado desde que o irreverente Afonsinho não se dobrou à ditadura militar e foi o precursor do passe livre, em 71.

– Já tivemos o Zico como secretário de esportes, o Pelé como ministro. A Lei do Passe, a Democracia Corintiana, a Lei Pelé, tudo isso faz parte de um processo que contribuiu de alguma forma para que o Roberto chegasse ao poder no Vasco – disse Afonsinho.

Ídolo do Flamengo, Júnior ressalta que todo atleta que fez a sua história no clube e tem uma imagem respeitável poderia pleitear um cargo como este no futuro.

– Existe um preconceito por parte de dirigentes de verem jogadores no exercício do comando – critica. – O Roberto quebrou esse tabu e abre caminho para outros jogadores se candidatarem – avalia o ex-jogador, que já foi diretor de futebol do Flamengo em 2004, mas não sonha com a presidência.

– Eu sou avesso à política. Se algum dia o Zico ou o Leonardo se candidatarem poderia até ajudar. Mas no momento isso não passa pela minha cabeça.

Ex-jogador do Botafogo, Gonçalves ficou entusiasmado com a idéia. Recentemente ele viveu uma experiência diferenciada. Em 2004, foi um dos fundadores do clube Estácio de Sá, que hoje disputa na Segunda Divisão do futebol carioca.

– Montei toda a estrutura e nesse período tive contato com outros clubes, federações, conselhos arbitrais. Isso me fez sonhar em um dia ter essa experiência no Botafogo – revelou o jogador, que participou das conquistas do campeonato carioca de 1990 e do Campeonato Brasileiro de 1995.

Para chegar mais longe, Gonçalves acredita que qualquer um que queira exercer a função precisa se preparar a fundo.

– A presidência é uma função que exige um grande aprofundamento no futebol. Estou me aproximando da política, que não deixa de ajudar a quem quiser se candidatar a um cargo como este – assegura o ex-jogador.

Do campo ao gabinete

No exterior, não chega a ser novidade um ex-atleta virar dirigente de ponta. Na Europa, cada vez mais os craques trocam as quatro linhas pelos bastidores. Um bom exemplo é o alemão Franz Beckenbauer. Ele é presidente do Bayern de Munique desde 1994. Além de ter organizado com brilho a Copa do Mundo de 2006 em seu país, o Kaiser já é dono de uma cadeira no Comitê Executivo da Fifa. Ele ainda tem a companhia do compatriota Rummenigge, atual presidente executivo do Bayern.

Na Itália, a história se repetiu. Ídolo do Juventus dos anos 40 ao início dos 60, o ex- atacante Giampiero Boniperti chegou à presidente do clube nas décadas de 70 e 80. O francês Michel Platini assumiu a presidência da Uefa no ano passado, ao derrubar os 17 anos de poder do até então imbatível Lennart Johansson.

No continente africano, um antigo craque do Milan tem projetos ainda mais ambiciosos. O hoje político George Weah sonha um dia em ser presidente da Libéria e ajudar as vítimas da guerra civil com sua fundação. Na eleição de 2005, foi derrotado por Ellen Johnson-Sirleaf, mas não desistiu do cargo.