Aos 44 anos, Renato Gaúcho inicia em 2007 uma nova etapa na sua carreira de técnico de futebol. Treinador revelação do último Campeonato Brasileiro, ele não é mais visto como apenas um ex-jogador que sabe motivar o grupo. Conquistou o respeito de gente como Carlos Alberto Parreira e Felipão, que já o elogiaram publicamente.
Entre um mergulho e outro na piscina do hotel em que o time está concentrado fazendo a pré-temporada, ele fez um balanço de sua carreira até agora, abordou temas delicados como homossexualismo e drogas, e confirmou que sua meta é chegar à seleção brasileira.
Pode demorar cinco ou dez anos, mas não tenho dúvida de que serei técnico da seleção brasileira afirma.
Ano passado, o Vasco foi muito mal no Estadual. Este ano vai ser diferente?
Não só o Vasco, como também Botafogo, Fluminense e Flamengo virão mais fortes este ano. Acho que os pequenos não terão vez.
Você evoluiu como técnico?
Sem dúvida que evoluí. Todo dia eu aprendo coisas novas com meus jogadores. O fato de ter sido jogador me deu uma grande vantagem. Conheço bem dentro das quatro linhas, conheço o vestiário, o modo de o jogador pensar. A verdade é que já comecei como treinador com meio caminho andado.
Você teve problemas com Ramon, Edilson e até mesmo com o Romário. É coincidência o fato de todos eles serem seus contemporâneos?
Sem dúvida que isso torna as coisas mais difíceis, mas o jogador precisa saber quem é o chefe. Se um dia eles se tornarem treinadores, vão entender.
O Edilson chegou a dizer que achava muita cara-de-pau logo você ficar dando uma de disciplinador.
Tem uma diferença grande entre o Renato Gaúcho jogador e o Edilson. Eu realmente saía, mas saía no Rio de Janeiro. O Edilson morava no Rio mas gostava de sair em Salvador. O dentista dele era na Bahia. Ele pedia um dia de folga e só aparecia dois, três dias depois. Assim não dava.
A sua amizade com o Romário ficou abalada?
De maneira nenhuma, tanto que o primeiro a dar o aval para ele voltar fui eu. Vou ficar muito feliz se ele fizer o milésimo gol no time que eu dirijo.
Mas muita gente afirma que sua carreira só deslanchou depois que o Romário foi embora de São Januário.
Não vejo assim. Foi o Romário quem me levou para o Fluminense. Foi ele quem me trouxe para São Januário. Romário não atrapalha. Ele é um líder, tem o respeito dos adversários, da arbitragem.
Você aceitaria um jogador gay no seu time?
Claro que sim, desde que ele não faça dentro do grupo o que gosta de fazer lá fora. Não discrimino ninguém, até porque, tem gay em todas as profissões, inclusive entre os jogadores de futebol.
E em relação às drogas?
Sou contra as drogas, nunca usei droga. No máximo fumo meu charuto. Mas cada um sabe o que faz. Na verdade, eu acho que o jogador ainda é muito discriminado. Se um artista der um beijinho na boca de um outro artista, ninguém fala nada. Mas se for jogador.... A mesma coisa em relação às drogas. A sociedade não se escandaliza se um cantor fumar baseado. Se for jogador, vai para as páginas do mundo todo. Mesmo nas férias, o jogador é patrulhado.
Você já disse que vai ser treinador da seleção brasileira. Você estipulou um prazo?
Soube que Dunga ficou chateado por eu ter dito que ia chegar à seleção, mas não tem motivo. Dunga é meu amigo e torço muito pelo seu sucesso. Mas, assim como chegou a vez dele, um dia vai chegar a minha. Não tenho dúvida. Pode demorar cinco, dez anos, mas eu vou ser técnico da seleção.