Muita festa e confusão no Maracanã, com bombas e cambistas

Mais de três horas antes do início do jogo, centenas de pessoas já estavam nos arredores do Maracanã esperando pelo apito inicial do árbitro. O clima era de festa nas barracas de bebidas e comidas. Torcedores rubro-negros, em maioria, bebiam suas cervejas ao som de muito samba. A batucada rolou solta também na rampa da UERJ, local onde se concentra a torcida do Vasco.

Muitos torcedores saíram mais cedo do trabalho para não perder nenhum detalhe da Mãe de Todas as Finais. Tinha até médico recémsaído do plantão ligando para a mulher para avisar que ficaria por ali, curtindo com amigos e esperando a hora de a bola rolar. Ir para casa, só depois do jogo e do chopinho.

A Copa do Mundo também colaborou para aumentar o clima de festa. Muitos ambulantes que compraram produtos para vender durante o Mundial ficaram com várias peças encalhadas por conta da eliminação precoce da Seleção Brasileira. O caso das cornetas é um bom exemplo disso. Muitos vendedores tentaram minimizar o prejuízo vendendo o encalhe. O preço variava entre R$ 3 e R$ 5, dependendo da choradinha do consumidor.

Aos poucos, a torcida do Vasco foi chegando ao Maracanã, diminuindo a diferença para a torcida rubro-negra. Por volta das 20 horas, a rampa da UERJ já estava tomada por torcedores. Ao som de \"é campeão, é campeão\", os vascaínos provocavam os rivais que passavam por perto. Mas tudo em um clima tranqüilo, sem violência.

Até às 20 horas, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros não haviam registrado nenhum caso de confusão envolvendo torcedores de Vasco e Flamengo. A festa era pacífica, dentro dos limites de um jogo de futebol. Houve, é claro, provocação e xingamentos, mas nada que ainda não tivesse acontecido num Clássico dos Milhões.

Uma bomba de efeito moral lançada por um torcedor em frente ao Portão 18 acabou com a alegria dos comerciantes nos arredores do Maracanã. O artefato atirado pelo rubro-negro acertou um policial no queixo e resultou em uma confusão no local. O torcedor foi preso e levado à 18a DP.

Como resultado, os policias fecharam os bares nos arredores do estádio que estavam vendendo bebidas para diminuir a concentração de pessoas no local, mesmo sob forte protesto dos comerciantes.

- Só estávamos trabalhando com latas, hoje, não estávamos liberando garrafas. Vamos ter prejuízo, na certa. Não sei que lei é essa disse Paulo Sérgio, funcionário de um dos bares prejudicados.

Além da bomba, os policiais também tiveram trabalho com os cambistas. Antes do início da partida, cerca de dez pessoas foram presas nos arredores do Maracanã vendendo ingressos para a decisão.

Festa. Se do lado de fora a festa foi esquecida em alguns momentos, nas arquibancadas as torcidas deram um verdadeiro show. Os rubro-negros homenagearam os campeões mundiais em 1981 e exibiram bandeiras com caricaturas dos rostos de jogadores que participaram da conquista, como Zico, Júnior, Leandro, Rondinelli, Andrade, Adílio, Nunes, Raúl, Marinho e Mozer, além do técnico Coutinho.

Outra bandeira chamou a atenção. O bandeirão rubro-negro com o patrocínio da Nova Schin rasgou quando foi aberto pela primeira vez.

Depois, os torcedores conseguiram exibi-lo por completo. Enquanto mostravam o bandeirão, os torcedores provocavam os vascaínos com gritos de \"Bacalhau imundo, meu bandeirão é maior do mundo\".

Em menor número, os vascaínos não se intimidaram e responderam: \"Um, dois, três vou roubar mais uma vez\", fazendo alusão à bandeira rubro-negra roubada em 1993.