Futebol

O Brasil não precisa mais de mim

Fim do jogo-treino promovido a amistoso contra o Angra empatado em 2 a 2, sob o sol escaldante do meio da tarde. Dois gols a mais na conta e Romário, agora, está a 51 do milésimo, seu grande objetivo de vida às vésperas de completar 40 anos, domingo. Mas o artilheiro, sempre polêmico, às vezes messiânico, admite que vai sentir falta dos gramados quando as pernas já não obedecerem ao comando da cabeça, que segundo ele pensa mais rápido que a dos adversários.
- Mágoa, não guardo de ninguém. Vocês me conhecem e sabem que não devo nada a eles, não preciso deles pra nada, só guardo uma tristeza por não ter participado de duas Copas (1998 e 2002). Mas estamos aqui para perdoar - disse, referindo-se a Zico e Felipe Scolari, com a mesma serenidade demonstrada ao saber que Manoel Carlos pretende escrever uma novela em que aborda a questão da Síndrome de Down.

- Seria sensacional. Estou pronto para colaborar. Deus me mandou uma princesinha que tem a síndrome, mas temos muito amor, muito carinho para dar a ela. São pessoas como nós, que só precisam de carinho, compreensão - revelou, acrescentando que a possibilidade de ingressar na carreira política é cada vez mais forte na medida em que poderia ajudar pessoas carentes, favelados, gente que necessita de apoio de quem tem mandato e só queira ajudar aos desassistidos.

- Sou favelado nato e me orgulho disso. Aliás, prefiro dizer que sou favelado a dizer que pertenço à comunidade. Meus pais e tios deram duro para que chegasse até aqui como um líder, mas um líder técnico, que é respeitado pela produtividade. Por tudo isso, e como me filiei ao partido do doutor Eurico (PP), admito que a carreira política é uma possibilidade. Mas não descarto continuar jogando na praia. Vai ter um Mundial de Beach Soccer em novembro e posso participar dele.

Romário acha que o ideal seria encerrar a carreira campeão e artilheiro. Com a possibilidade de isso não acontecer, diz que está pronto para encarar a vida depois dos 40. Garante, porém, que nunca seria técnico de futebol, por ser uma atividade que obriga o profissional a trabalhar mais do que a de jogador.

- Sempre ouvi que a vida começa aos 40. Para mim começa a qualquer hora. Só tenho medo de cachorro, de avião, de peixe com espinha e de mais nada. Nem em 94 fui unanimidade, que dirá aos 40. O que posso dizer é que respeito o que dizem de mim. Quem tem boca é pra falar mesmo. Mas vou continuar fazendo meus gols até completar os mil gols. Ou não. O que importa é que o povo sempre me apoiou e fico cada vez mais motivado quando um torcedor tricolor, rubro-negro, botafoguense me dá força, me incentiva a alcançar minha meta atual - afirmou.

A abordagem leva o artilheiro a lembrar o nível de dificuldade ao se transferir para a Holanda aos 22 anos, casado e sem conseguir se comunicar por causa da língua estranha.

- Se já falava minha língua com dificuldade, imagina em Eindhoven, vivendo sob frio intenso. Superei tudo e depois triunfei no Barcelona. Se continuo lá, seria o melhor do mundo mais umas três ou quatro vezes. Foi lá que consegui mostrar todo o meu potencial. Mas também não me arrependo de ter voltado para jogar no Flamengo. Naquele momento, estar perto da família e dos amigos era mais importante. Posso afirmar hoje, sem medo de errar, que na área, só Pelé foi melhor do que eu - conta.

A lembrança dos três gols marcados no clássico que reabriu o Maracanã, no domingo, depois de ter passado dois dias na Cabofolia e ter dormido às 4 horas da madrugada na véspera do jogo contra o Botafogo é outro ponto polêmico que rebate com firmeza.

- Para render o que estou rendendo, preciso ter liberdade de fazer o que bem entendo. Estive, mesmo, em Cabo Frio e no sábado fui dormir às 4. No dia seguinte, fiz três gols. Mas já houve fase em que fui dormir às 9 da noite e no jogo não aconteceu nada. Gosto da noite. Vou gostar sempre, vejo tudo mais claro. E vou continuar saindo, agora não mais pra azarar as mulheres, mas para dançar funk, hip-hop, tomar meu refrigerante. Hoje sou mais família, mais caseiro, mas gosto de me divertir - revela.

Romário elegeu um gol marcado pelo PSV como o mais bonito da carreira e apontou Mozer, Ricardo Gomes, Ricardo Rocha e Mauro Galvão como os marcadores mais duros. O melhor companheiro, não pensou duas vezes:

- Laudrup, do PSV. Neste gol, contra o Estrela de Bucareste, passei por uns oito adversários para marcar o gol que classificaria o time. Mas fiz outros muito bonitos, como aquele contra a Holanda, em 94, e este de hoje (ontem), de letra - brincou, admitindo que já não se sente mais à vontade para pleitear um lugar na Seleção Brasileira. - O Brasil já não precisa mais dos meus serviços.

Fonte: JB Online
  • Domingo, 17/03/2024 às 16h00
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