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Opinião: Agigantaram o Baixinho

Por Arnaldo Ribeiro, redator-chefe de Placar

Não falarei sobre a busca desenfreada pelo gol 1000. Nem questionarei se a conta dele inclui jogos com 15 anos ou partidas com cantores em campo. Tampouco discutirei quanto o Vasco perdeu nesse período em que se dedicou, do presidente ao roupeiro, exclusivamente à festa do milésimo. Questionarei, sim, se Romário é (ou foi) de fato um jogador tão decisivo. Não engoli aquelas cãibras que o “impediram” de cobrar o pênalti contra o Botafogo, pela semifinal da Taça Rio. Ninguém me convence que Romário não suportou o esforço; 30 segundos antes do apito final, ele se matava na busca pelo milésimo gol. Ele não quis bater o pênalti. Só isso. Assim como não quis bater na semifinal da Taça Guanabara, contra o Flamengo. Disseram que ele seria o quinto cobrador... Quem prova? O fato é que o jogador mais caro e famoso do time não foi capaz de cobrar um penaltizinho em jogos cruciais. Viu de longe o colega argentino Dudar, um zagueiro, chutar dois para fora.

Romário sempre viveu do título mundial de 1994, que tirou o Brasil da fila. “Ele ganhou a Copa sozinho”, é o que mais se ouve por aí. De fato. Não importa que o Brasil tenha derrotado só nos pênaltis a combalida Itália na final. Não importa que a vitória do Brasil tenha sido o triunfo do futebol de resultados, feio, retrancado. Não importa que o pênalti de Romário tenha batido na trave e entrado por um pouquinho. Importa que Baggio chutou por cima. Importa que a história só reserva lugar aos vencedores. Ao desembarcar no Brasil segurando a bandeira do país na “janelinha” do avião, Romário tornava-se herói nacional. Inatacável, com um crédito eterno. Desde então, sua carreira teve grandes momentos, mas ele sempre soube escolher o caminho mais fácil. Jogou sempre (salvo algumas aventuras enriquecedoras no sentido exato do termo) onde se sente à vontade, em casa, protegido: o Rio de Janeiro. Depois de passar pelo Barcelona de forma relâmpago, ganhou um Brasileiro, dois Estaduais e duas Mercosul em 12 anos. Não é muito...

Dos craques brasileiros contemporâneos, Romário certamente não jogou mais que Zico, nem que Careca. Mas os dois, mais completos, fracassaram na missão de dar um título mundial ao Brasil. Romário não. Igualmente campeão mundial como ele e dono de uma história dramática, Ronaldo é muito mais cobrado. Ronaldo, que sempre escolheu o caminho mais difícil, que sempre jogou em time grande na Europa, que sempre esteve no olho do furacão.

Ao contrário de Ronaldo (que só agora, no ocaso da carreira, tem dado seus deslizes), Romário nunca foi profissional. Sempre teve privilégios. Não precisou de concentração, não precisou acordar cedo, não precisou roer o osso. E, até nesse ponto, foi bajulado. Todos exaltam o Baixinho esperto, malandro, mulherengo... Romário é o jogador mais supervalorizado do Brasil. Para mim, é o símbolo do individualismo num esporte coletivo - até em cobranças de pênaltis deixa os companheiros na mão. Sei que nado contra a corrente, sei que até Tostão é fã de Romário. Mas turbinar ídolos como esse não é a minha praia, peixe.

Fonte: Placar
  • Domingo, 17/03/2024 às 16h00
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    Nova Iguaçu Nova Iguaçu 1
    Campeonato Carioca Maracanã
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