Futebol

OPINIÃO: Romário eterno?

Lembro que escrevi um artigo por aqui com o seguinte título: \"Quando chega a hora\". Era o auge da polêmica de um famoso matador, que já não era mais aquele, e que foi à berlinda porque, no final das contas, sempre foi assunto pra gente mesmo. Pois chegou a hora de eu repetir a manchete para dar o braço a torcer: deixem o Romário jogar. Um, dois, quantos anos ele quiser.

Primeiro motivo. O Campeonato Brasileiro, fora algumas exceções, carece de talentos individuais, o que estabelece um nivelamento entre as equipes como em nenhum outro país existe. Nem nossos \"hermanos\" argentinos conseguem ter um torneio tão disputado, com tantas surpresas; entre elas, o artilheiro isolado beirando os quarenta anos. Já começa por aí.

Segundo motivo. Por mais que seja malandro e desperte raiva (ou inveja) de muitos, o estilo Romário faz falta. Até hoje não pintou (se é que vai pintar) um artilheiro com tamanho faro de gol como o Baixinho. Seu estilo de jogo lhe permite, é como se fosse um goleiro, cuja longevidade é sempre maior. Neste caso, o \"vovô\" tem ainda a vantagem de não treinar e ficar lá dentro da pequena área, seu escritório particular, mantendo sempre uma média impressionante de gols.

Isso sem falar que Romário está perto de atingir uma marca histórica, obtida até hoje apenas pelo Rei do Futebol, Pelé. Nem de longe fazer qualquer comparação, mas não seria espetacular ver o Baixinho atingir a marca de mil gols marcados? Às favas os que dizem que o Vasco está forçando a barra ao \"forjar\" amistosos só para ele chegar aos mil gols. Como o próprio Romário falou: \"Se o Pelé que é o Pelé marcou gol até contra seleção do exército e contaram, por que eu não posso também?\". Dá para discordar?

Claro que Pelé é inigualável e fez ainda mais trezentos gols, após a atingir o milésimo, curiosamente, contra o mesmo Vasco de Romário - já pensou se inventam a idéia de os cruz-maltinos \"darem o troco\" num amistoso, que seja? Além disso, chegou a tal marca muito mais jovem. Mas quem liga? Eu adoraria ver todo o frenesi que causaria a aproximação de Romário deste recorde pessoal.

Já que estamos mais do que acostumados a ver nossos astros em solo europeu, no meu ponto de vista, uma figura como o Romário ainda se faz (e muito) presente por aqui. Sim, mudei totalmente de opinião, quem não o faz? Lembro que quando o Corinthians foi enfrentar o Vasco no Pacaembu, no último Brasileirão, fiz questão de ir ao estádio só para vê-lo. Sozinho, com filmadora em punho.

A torcida, obviamente, o hostilizou, e embora ele não tenha decidido o jogo contra o seu maior \"freguês\", foi prazeroso ver Romário em campo. Ah, como foi. Uns lampejos que remetem à fase antiga, com a idade transparecendo na maior parte do tempo. Este lampejo, no entanto, que pode significar uma virada, um arremate \"espírita\", ainda vale a pena apreciar.

Como eu disse, Romário foi, é e vai continuar sendo sempre um privilegiado. Renato Gaúcho manda ele não treinar, por mais absurdo que seja. Ele tem as suas regalias, todo mundo se acostumou, e já que o futebol do Rio de Janeiro, salvo algumas exceções, virou mesmo a \"casa da mãe Joana\", repito a pergunta: Qual o problema em deixar o Romário batendo a sua bolinha, seja ela no gramado ou na areia?

Além do que, há de se ressaltar também o fato de o próprio Brasileirão em si ter se tornado o refúgio de muitos craques (supostamente) em fim de carreira - ou sem espaço no futebol europeu. É o caminho inverso, infelizmente a nossa maior realidade. Hoje em dia, enquanto o que há de melhor desfila no Velho Mundo, ficamos com a \"sobra\". Que pela magia do futebol brasileiro, ainda é capaz de nos deixar boquiaberto, quando, repito, um cara beirando os 40 anos vira o artilheiro isolado do maior torneio nacional. Basta, não basta?

* A coluna, por motivos de força maior, troca de nome a partir de 2006. Sai Trivel@, entra Sanduíche de Pernil. Uma justa homenagem ao maior símbolo dos estádios brasileiros. Porque, afinal, brasileiro que é brasileiro gosta de samba (nem que seja um pouquinho), come feijoada e já foi num estádio de futebol. E antes do jogo, comeu um sanduíche de pernil...

Fonte: Colunista da MTV - André Naddeo
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