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Opinão: "O discurso e a Prática"

Por Marcelo Nuno, do fórum VascoOnline.net

Vendo o jogo no Maracanã junto com outros integrantes da família Vascoonline, uma coisa me chamou a atenção: os comerciais para a campanha de sócios: muito bem bolados, desafiadores, com frases de efeito tais como \"100 mil sócios. Pareceria impossível, se não fosse o Vasco\".

Isso para uma Maracanã com mais de 50 mil presentes (mesmo com televisionamento direto).
Sim, parece que estão acordando um gigante, após 8 anos adormecido ante baforadas de charuto. Um clube que antes se contentava em disputar a lanterna da média de público com o São Caetano, hoje tem o recorde de renda (e só não tem o de público porque o maior rival aproveitou um clássico para vender ingressos a preços de mariola) das 3 divisões nesse ano.

Esse trabalho fantástico (com grande participação do Fábio Fernandes, que mostrou ser fera) poderia ser mostrado a todo o mundo como um caso de sucesso de marketing esportivo: como conseguir elevar a auto-estima da torcida logo num dos momentos mais críticos da história do clube.

Só que, olhando algumas práticas, teme-se que esse discurso possa ir por água abaixo caso não seja complementado pelas práticas.

Em primeiro lugar, sempre, a questão dos funcionários. É inadmissível para um clube ter tantos atrasos nos salários dos funcionários, que são sempre o \"lado mais fraco\", que talvez sejam os que mais precisem que os salários sejam pagos em dia. Ter uma engenharia financeira que faça com que eles recebam em dia precisa ter prioridade total.

Em segundo lugar, a questão do CT. O despejo do Vasco-Barra é um golpe forte na estrutura do clube. Se era anunciado dado a inadimplência anterior à posse (e, se havia acordo verbal de pagamento, o caso é mais grave ainda, pois o clube pagava sem receber garantia ou recibo do proprietário), era mais um motivo para que se corresse atrás de uma solução definitiva.

Tá, a prioridade era sair da Série B, ok! Mas então é preciso correr muito para que, no fim de 2010, já haja alguma coisa utilizável e depois se tenha um CT da qualidade de clubes como SP, Cruzeiro, etc..

E, para acabar em 3 pontos prioritários (certamente, há outros), fica a questão do Remo. É uma verdadeira ducha de água fria no torcedor, depois da mostra de grandeza do fim de semana, ver os melhores remadores irem para o rival. Isso depois de vários atletas olímpicos (que praticamente tinham custo zero, pois quase que somente utilizavam as quadras) serem dispensados sob o pretexto de priorizar alguns esportes. É preciso lembrar que estamos perto de uma Olimpíada, que ter atletas ligados ao clube é algo ótimo para a imagem (não, não estou falando em torrar dinheiro com Baloubet ou sair contratando atletas quase que sem crítério, estou falando em buscar projetos sustentáveis). E o remo é a origem do clube. O nome do Vasco é \"Clube de Regatas\", e não é à tóa que tenha o nome de um dos maiores navegadores da história. Deixar o remo do Vasco morto ou moribundo é péssimo para o clube e péssimo para o Remo -pois a rivalidade entre o Vasco e o outro, as regatas disputadas palmo a palmo são uma fonte de motivação para que os atletas se aprimorem cada vez mais.

Enfim, termino esse post refazendo os grandes deafios lançados pelo Fábio Fernandes...

\"Ter um remo competitivo? Parece impossível, mas não para o Vasco\"
\"Ter um CT próprio de primeiro mundo? Quem acha sonho, não conhece o Vasco\"
\"Salários de funcionários em dia? Tudo dependerá de você\"


Em 2010 saberemos, definitivamente, se o Vasco da gestão do Roberto é o Vasco que sabe pensar grande dos anúncios do Maracanã, ou se será o Vasco preocupado em enxugar gelo e se apequenar.

Fonte: VascoOnline.net
  • Domingo, 17/03/2024 às 16h00
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