Saiba mais detalhes da manifestação que parou o centro do Rio

Assim como fizeram em alguns dos momentos mais importantes da História do clube, os torcedores do Vasco realizaram um protesto nesta quinta-feira contra a atual diretoria, comandada pelo presidente Eurico Miranda, pedindo clareza no processo eleitoral da instituição.

Iniciado em um site de relacionamentos, o movimento, que recebeu o nome de \"Vascaíno de verdade protesta\", reuniu cerca de 400 pessoas no Centro do Rio de Janeiro. Além da capital fluminense, outras manifestações semelhantes foram realizadas em Brasília, Espírito Santo, Ceará e Minas Gerais.

No Rio, os manifestantes se concentraram na Praça Floriano, mais conhecida como Cinelândia. Desde o início do protesto, que durou cerca de quatro horas e percorreu algumas das mais importantes ruas do Centro da cidade, o que se viu foi uma ação organizada e pacífica, que sequer interrompeu o atribulado trânsito do \"centro nervoso\" da cidade.

\"Nós não queremos nenhum tipo de confusão. Somos torcedores e estamos cansados dos desmandos dessa atual diretoria. Somos tratados como bichos em São Januário e queremos devolver a credibilidade ao clube. É indignação total\", afirmou o micro-empresário Fábio Borges, um dos organizadores do movimento.

O protesto foi comandado do alto de um carro de som, que tocou, entre outras canções, o hino do Vasco e o enredo de 1998 da escola de samba Unidos da Tijuca, que homenageou o centenário do clube.

Além disso, os manifestantes entoaram gritos de ordem contra Eurico Miranda, do tipo: \"Eurico ladrão, Dinamite é a solução\". Em alguns momentos, os torcedores parodiaram músicas conhecidas, como em \"Al Capone\", de Raul Seixas: \"Hei Eurico, vê se te orienta, mais três anos de roubalheira o Vasco não agüenta\".

Em sua maioria composta por jovens, os protestantes contaram também com diversas faixas de repúdio ao atual presidente: \"Quero ser sócio, mas o Eurico não deixa\" ou \"1256 votos fraudados, R$ 230 milhões em dívidas\" eram alguns dos dizeres dos cartazes.

A manifestação tornou-se tensa apenas em dois momentos. No primeiro deles, o benemérito do Vasco Ruy Proença, partidário da atual diretoria, reclamou do movimento organizado e foi retirado por policiais.

A segunda situação aconteceu motivada por outro protesto paralelo, em que o deputado estadual Marcelo Freixo-PSOL promovia um abaixo-assinado pedindo a realização de uma CPI na Assembléia Legislativa para investigar a gestão financeira da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ).

No entanto, Sérgio Azevedo, funcionário da Câmara Municipal do Rio, se exaltou com o manifesto, alegando que os partidários da CPI queriam \"pegar carona\" no movimento vascaíno. \"Um protesto que traz os nomes de Márcio Braga e Francisco Horta como novidades para o futebol não merece ser considerado\", reclamou.

Depois da concentração, os manifestantes partiram em passeata até o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, também no Centro do Rio, onde seria realizado o julgamento do Agravo de Instrumento de conselheiros do Vasco pedindo a realização imediata de novas eleições para o Conselho Deliberativo.

Nem mesmo a confirmação de que o julgamento não aconteceria nesta quinta diminuiu o ímpeto dos manifestantes, que prometeram realizar outros protestos até que o novo pleito aconteça.

\"Esse foi o primeiro passo e vamos continuar atrás dessa eleição. Na próxima passeata, vamos parar o Centro da cidade\", prometeu Fábio Borges. Ao deixarem a porta do Tribunal de Justiça, os manifestantes reclamaram da lentidão das decisões judiciais no país: \"Essa Justiça é a vergonha do Brasil\", entoaram.