Souza, sobre a experiência no Egito: "Venho outra pessoa, outro jogador"

Em entrevista à Super Rádio Brasil, o volante Souza conta a grande experiência vivida por ele no Mundial sub-290, no Egito:

\"Foi uma experiência muito boa. A gente vinha comentando no avião que para cada um de nós, foi uma experiência muito marcante, disputar o Mundial da forma como foi disputado. Chegamos até a final e infelizmente não ganhamos, mas vamos levar para a nossa vida uma experiência. Trazemos, tanto eu quanto o Alex [Teixeira], uma experiência, uma bagagem muito boa, que vai servir muito para a nossa vida e para o campeonato brasileiro. Venho outra pessoa, outro jogador. Por tudo o que nós vivemos, nós vivenciamos lá naquele campeonato, a gente vai sair com outra cabeça. Independente da gente ter perdido lá, tenho a certeza de que serviu muito, muito para a nossa vida profissional, esse mundial.\"

O que mais marcou Souza no Egito, profissional e pessoalmente?
\"O que eu levo para a minha vida é que não basta somente fazer a coisa certa. Futebol é isso, nem sempre o melhor vai ganhar, nem sempre o que faz as coisas certas vai ganhar. Prova disso foi a gente. A gente fez tudo certo, a gente não deixou a desejar em nada, mas infelizmente não ganhamos. A gente tem que pensar pelo lado bom da coisa e pensar que, individualmente, cada um mostrou que tem condição de estar na seleção, mostrou que futuramente pode estar ali de novo. O que marcou ali para mim, foi isso, foi a união do grupo e saber que não basta somente fazer o certo. Mas a gente está com uma sensação de dever cumprido. A gente saiu de lá bem visto, sabendo que demos o melhor de nós pelo Brasil e saímos de lá não com o título, mas com o dever cumprido e tranquilos.\"

E o lado pessoal, está mais amadurecido com a experiência?
\"Muito, muito, porque é como eu te falei, a gente aprende muita coisa. Aprendi outra cultura. Dentro do futebol, mesmo, aprendi muita coisa. Vimos outros países jogarem, outra formações. Como pessoa, também. Nesses quarenta dias, em um ano vivendo aqui no Rio eu não consegui pegar essa experiência e não aprendei tanta coisa como eu aprendi em quarenta dias lá no Egito.\"

Seleção de Gana foi a mais difícil mesmo?
\"Posso dizer que foi, sim. Eles foram merecedores, também. Não se pode tirar o meérito da seleção de Gana. É uma seleção muito forte. Eles foram merecedores do título, até pela final, com um a menos, eles conseguiram segurar até os pênaltis. Foram duas seleções que mereceram estar onde estavam. Infelizmente eles levaram, mas eles também mereciam. Não se pode tirar o mérito dos caras, porque foi uma seleção muito complicada para a gente. Acho que foi até mais difícil do que a Alemanha. A Alemanha deu pressão, meteu um a zero, mas só ficava atrás. A de Gana, não, ela veio pra jogar, tentou se impor contra o Brasil. Ela não consegui, mas ela tentou, pelo menos, e conseguiu levar para os pênaltis e foi campeã nos pênaltis. Acho que foi a mais complicada, sim.\"

Jogadores de Gana são muito fortes fisicamente?
\"De fisionomoia, eles até não pareciam ser, mas eles têm uma força, uma força para correr que é diferenciada, sim. Era o que eu falei, o que ia fazer diferença na gente era qualidade técnica, porque não é a mesma coisa. A gente tem muito mais qualidade técnica do que eles, mas não deu, não saiu. Infelizmente, perdemos alguns gols que poderiam ter matado o jogo, mas com certeza, eles têm uma força física muito, muito grande.\"

O que passou pela cabeça de Souza na hora de cobrar o pênalti?
\"Passou que tinham mais de 250 países me olhando e o Brasil estaria parado. Não é fácil. Mas eu pensei comigo, eu fiz tudo o que eu podia dentro de campo, eu dei minha vida, ali. Aquela final foi marcante para mim porque cada bola que eu disputava, eu disputava com o maior amor, mesmo, para ganhar. Então, eu fui com a consciência tranquila, porque eu treinei bem os pênaltis. Eu falei: \"Se eu fizer, muito bem, mas se eu não fizer, todo mundo já perdeu pênaltis, quem sou eu para não perder nenhum\". Eu bati tranquilo. Depois que eu vi que eu perdi, eu fiquei em paz. Dei umas duas respiradas naquele momento e falei: \"Para mim, encerrou e encerrei bem.\". Eu, particularmente, acho que encerrei bem, independente do pênalti. Saí tranquilo dali, com a cabeça em pé. Bateria de novo se tivesse outros. Vou levar isso para a minha vida inteira.\"

O que Souza pode falar sobre o Vasco?
\"Posso falar que eu já estava com saudade. A gente estava lá no Egito, acompanhando a situação que o Vasco estava vivendo aqui. Agora, há dois jogos, se não me engano, de subir para a primeira divisão. Estava meio agoniado. Estou louco para voltar, porque eu quero participar disso, quero estar junto nessa caminhada. Eu e o Alex, a gente já estava com saudades de jogar pelo Vasco, de atuar pelo Vasco, que foi quem criou a gente. Nada mais justo do que a gente estar nesse momento de felicidade, não só para a torcida, para esse povo vascaíno, que tanto gosta da gente, que tanto tem dado moral para a gente. Acho que a gente vai voltar agora outra pessoa, com outra cabeça. Vamos tentar de todas as formas, subir logo para a primeira divisão, para marcar também, a nossa história dentro do Vasco.\"