Vasco tem uma das melhores estruturas para a prática da esgrima no Rio

Cidade que vai sediar os Jogos Pan-Americanos de 2007, o Rio ainda não é uma força num dos esportes que farão parte do programa do evento: a esgrima. Para os atletas cariocas, o panorama deste esporte alia a falta de um maior apoio à esperança com o surgimento de novas equipes.

No Centro de Capacitação em Educação Física do Exército (Cefex), na Urca, a Confederação Brasileira de Esgrima (CBE) dispõe de um centro de treinamento, visando à seleção e ao desenvolvimento do esporte. Para praticantes da modalidade no Rio, é de um local assim e de novos praticantes que a cidade precisa para crescer na modalidade.

- No Rio, tem gente que nem sabe que existe esgrima. Acham que somos ETs. Para nós, faltam atenção, patrocínio e mídia - diz o jovem Bernardo Clementino, de 20 anos, do Esporte Clube São João, da Urca e praticante do sabre há cerca de três anos:

-Tenho esperanças de representar o país no Pan.

Bernardo é esperança para companheiros de modalidade, como Ana Amélia Machado, também do São João. A atleta de 24 anos compete na espada há pouco mais de dois anos:

- Bernardo estará no Pan em 2007. Ele é uma promessa.

Mas se depender de seu esforço, ela também irá ao Pan:

- Comecei há pouco mais de dois anos com o professor Jorge (o chileno Jorge Romo) e agora treino com o professor Cramer (tenente Jacques Cramer, também esgrimista). Com a esgrima, além do preparo físico, melhoraram minha concentração e meu reflexo. Quanto ao Pan, creio que teremos cariocas na equipe nacional.

Até alguns anos, a esgrima carioca era baseada em grêmios militares, mas nos últimos anos clubes civis como o Vasco, o Ginástico Português e o São João (civil, embora funcione no Cefex) têm aberto espaço à modalidade. Também praticam a modalidade a Escola Naval e a Comissão de Desportos do Exército.

- O Vasco recomeçou o trabalho na esgrima em 2005. Tinha parado em 2001. Temos em São Januário uma sala com três pistas de competição e escolinhas e fornecemos o material para iniciantes - anima-se o atleta vascaíno Guilherme Giffoni, de 32 anos, praticante de florete há dez.

No Ginástico Português, no Centro, o professor Edvan Lima coordena o trabalho.

- Comecei a trabalhar no Ginástico no final de 2004 e trabalho também na Escola Naval. Até 2004, eram somente as instituições militares que tinham este esporte. Com o incentivo do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e da CBE, os clubes vêm recebendo material de treino e o estão cedendo às escolinhas. A esgrima está recomeçando no Rio - disse Edvan, pai de Gabriel, de 16 anos, do Ginástico.

Jacques Cramer, de 26 anos, metade deles dedicada ao esporte, fez parte da equipe brasileira nos Jogos Pan-Americanos de 2003, em Santo Domingo. No Rio, o tenente representa a Comissão de Desportos do Exército e é, ao lado do capitão Arno, professor de esgrima do São João.

- Para 2007, tudo vai depender deste ano, das condições de treinamento. Se tivemos um treinador exclusivo, para orientar um grupo de atletas (de ponta), porque um mestre d\"armas (professor de esgrima) não pode ao mesmo tempo cuidar também das escolinhas. Precisamos de organização, técnicos, mídia e de novos adeptos - analisa.

Gabriel Borges, de 30 anos, há 12 na modalidade, representa o São João. Ele compara Rio e São Paulo:

- Com o centro olímpico (na Urca), só depende de nós para melhoramos. Mas em São Paulo, os clubes têm técnicos de Rússia e Cuba. Não temos treinadores deste nível.

Praticantes do pentatlo têm-se aproximado da esgrima, como Clarice Meneses, de 25 anos, que representa a Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno (CBPM):

- Comecei na esgrima por causa do pentatlo moderno (tiro esportivo, esgrima, hipismo, natação e corrida a pé) , e é muito bom treinar com o pessoal da esgrima. Competições como esta são muito boas para mim. Para o Pan, a prioridade é o pentatlo, mas a esgrima é uma das modalidades de que mais gosto.

No Brasil há nove anos, o chileno Jorge Romo, ex-atleta em seu país, de 1982 a 1997, acha fundamental a divulgação para atrair praticantes.

- A esgrima pode agradar aos brasileiros, até pela emoção dos filmes de capa e espada - afirma.

Segundo Romo, que é mestre d\"armas da Federação Internacional, Estados Unidos, Cuba e Canadá são as maiores forças pan-americanas, com Venezuela, Chile e Brasil em seguida.