Futebol

Agora treinador, Castan responde declaração de Sá Pinto e admite erro

O tumor no cérebro descoberto há pouco mais de dez anos ainda reflete na vida de Leandro Castán. O problema de saúde que o afastou do futebol por alguns anos é o mesmo que agora o guia na busca pelo aperfeiçoamento em uma nova profissão: a de treinador.

Completamente recuperado de um cavernoma (malformação vascular do sistema nervoso central, um tumor de três centímetros no cérebro), o ex-zagueiro, com passagens de sucesso por Corinthians, Roma, Vasco, entre outros, acredita que ainda tem uma dívida com o futebol.

Leandro Castán ficou praticamente quatro anos sem atuar e redescobriu no Vasco o amor pelo esporte e a força de vontade para superar os desafios e sequelas físicas causadas pela doença. O ex-zagueiro admite que a batalha física para se manter em alto nível foi desgastante.

Tanto que ele se aposentou em 2023, aos 35 anos.

– Essa doença que tive me faz hoje olhar para o futebol como treinador. Tinha 27 anos, estava no auge da minha vida, vi tudo o que tinha conquistado e, aos poucos, fui perdendo aquilo. Essa minha volta ao futebol é porque creio que alguma coisa ficou para trás e que vou conquistar agora como treinador.

– A dor foi porque aconteceu de um dia para o outro. Num dia eu era titular da Roma, estava brigando para ir para a seleção brasileira, lutando por uma Copa, e no outro acordei passando mal e nunca mais ia jogar futebol. Foi uma dor muito grande naquele momento e que me fez perder muitas coisas. Sou um cara que tem muita fé, creio muito em Deus e acredito que essas coisas que perdi posso conquistar agora como treinador.

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Os três anos em que ficou aposentado fizeram Leandro Castán tentar se afastar do futebol. Ele admite que, no início, conseguiu aproveitar o tempo para cuidar da família, mas aos poucos se reaproximou do universo em que pretende estar presente a partir de agora, em uma nova função.

– A primeira vez que tive contato com a aposentadoria foi em 2014, quando fiquei doente. Então, de 2014 até 2022, foram oito anos superando o meu corpo. Sempre soube que ia parar. E aí falei: não, vou jogar mais um ano, vou superar o meu corpo. Depois da cirurgia tive problema de visão, meu olho não parava, ele tremia, então precisava fazer fisioterapia todo dia.

– Antes do treino fazia fisioterapia; depois, fisioterapia de equilíbrio, porque perdia equilíbrio e coordenação. Foram oito anos superando o meu corpo, todo dia. Chegou uma hora que falei: cara, cansei, não quero mais isso. Minha aposentadoria, para mim, foi um alívio.

– Nem tentei fazer muitas outras coisas. Quem me conhece pessoalmente sabe o quanto eu gosto do futebol, de estar dentro de campo, de estar ali. Eu falo que gosto da confusão. Nem tentei descobrir outras coisas, precisei de um tempo para esfriar a cabeça, colocar as ideias em ordem e poder voltar agora – conta.

Mais sobre Leandro Castán

  • Nome: Leandro Castán da Silva
  • Idade: 38 anos (05/11/1986)
  • Carreira: Atlético-MG, Helsingborgs (Suécia), Grêmio Barueri, Corinthians, Roma, Sampdoria, Torino, Cagliari, Vasco e Guarani.
  • Títulos: Série B do Brasileiro (2006), Campeonato Mineiro (2007), Brasileirão (2011) e Conmebol Libertadores (2012).

Leandro Castán concluiu o curso da CBF e obteve as licenças A e B de treinador. O grande objetivo do ex-zagueiro é iniciar a carreira à beira do campo nas categorias de base e evoluir gradativamente até chegar ao futebol profissional. O problema de saúde enfrentado há mais de uma década o guia para ser um técnico com foco em humanizar o atleta.

– Estou preparado para assumir uma categoria de base. Não estou pronto ainda para comandar um time profissional, mas acredito que posso ser treinador de uma base. Tenho muitas ideias na cabeça e preciso entender o que vai dar certo e o que, talvez, neste momento não vá. Não existe fórmula do sucesso. É reordenar as minhas ideias e colocar em prática. Não tenho pressa para ter sucesso.

O treinador Castán vai ser um cara que, além de olhar para o atleta, vai olhar para o ser humano

— Leandro Castán.

– Já tenho muita coisa na cabeça. Um amigo me disse: com certeza você vai ser um cara defensivo. Eu falei: aí que você se engana. Porque já marquei muito jogador bom, já vi muitos movimentos de atletas que eram difíceis de marcar. Então não quero que digam: "esse vai ser o estilo do Castán". Quando eu começar a trabalhar, as pessoas vão ver qual será o meu estilo.

Ronaldo Fenômeno e Totti

Leandro Castán guarda na memória um dos momentos mais marcantes da carreira como jogador profissional: ter sido companheiro de Ronaldo Fenômeno no Corinthians.

– Não sabia se era melhor estar no time dele ou contra ele. Se estivesse no time dele e desse um passe errado, ele ficava bravo. Contra ele, não podia dar uma chegada, que ele também ficava bravo. O Ronaldo era um ídolo de infância, foi o cara que mais me marcou na carreira.

– A primeira vez que o vi, falei: caramba, o Ronaldo está na minha frente. E quando ele me chamou pelo nome, então, foi outro dia que pensei: cara, zerei a vida. Mas, com certeza, ter jogado com o Ronaldo foi um momento ímpar na minha carreira.

Outra lenda que Castán teve como companheiro de clube foi o italiano Francesco Totti, considerado o maior nome da história da Roma.

– Sempre os tops eram os mais humildes, que mais ajudavam todo mundo e colocavam a cara na frente pelos outros. O Ronaldo é um desses. O Totti era um cara de quem aprendi muito, puxava fila nos treinos, e não só ele: o Daniele De Rossi também. Eram os dois ícones daquele time cheio de jovens talentos procurando sucesso.

Polêmicas resolvidas

Leandro Castán protagonizou duas polêmicas durante a passagem pelo Vasco. Em 2021, o clube promoveu uma ação histórica contra a homofobia no futebol: o time jogou com uma camisa que tinha a faixa transversal nas cores do arco-íris, em apoio à causa LGBTQIA+.

Na época, o ex-zagueiro postou no Instagram, pouco antes do jogo, uma passagem bíblica com a frase: "sejam férteis, multipliquem-se e encham a terra".

– Esse episódio… Não gosto de falar que fui injustiçado. Acho que ganhou uma repercussão maior do que deveria. Usei a camisa, joguei o jogo, fiz uma declaração sobre o que o arco-íris representava para mim.

– Não acredito que fui preconceituoso. Até porque, no mundo em que vivemos, se tivesse sido homofóbico, teria recebido um processo, alguma ação. E nada aconteceu, porque não fiz nada. Sou cristão, acredito na Bíblia e postei um versículo. Foi a única coisa que fiz, não dei opinião. Se alguém diz que é homofóbico, então está dizendo que a Bíblia é homofóbica.

O técnico Ricardo Sá Pinto, que passou pelo Vasco em 2020, disse em entrevista neste ano que Leandro Castán estava "morto" fisicamente na época. O ex-zagueiro comentou:

– Na verdade, ele tinha razão, porque eu já não estava no auge físico. Mas não culpo ele, porque não sabia disso. Tenho certeza de que ficou chateado comigo, não pelo que vivemos no clube, mas porque, quando ele saiu, dei uma declaração dizendo que não conhecia o grupo. Ele me pediu para desmentir. Eu falei: professor, aquilo era o que eu achava.

– Você tem o direito de falar o que quiser. Ele fez a declaração dele e está tudo certo. Respeito-o como treinador, mas infelizmente não deu certo juntos. Esse momento também serviu de aprendizado para mim. Talvez aquele episódio tenha sido um erro meu, que não vou repetir.

E o Thiago Galhardo?

Uma entrevista de Leandro Castán comentando o comportamento de Thiago Galhardo no Vasco ainda repercute. Na época, o ex-zagueiro disse que Galhardo teria tomado o seu lugar numa mesa, como se tivesse uma "cadeira cativa".

Galhardo confirmou o fato, mas disse que não ocorreu da forma como Castán relatou nem como a opinião pública interpretou. Desde então, o desentendimento sempre volta à tona em entrevistas. Castán procurou minimizar:

– Falei uma vez só dele. Mas, sempre que ele fala algo, lembram o que eu disse. Não tenho problema com o Galhardo. Foi uma entrevista lá atrás, onde acho que exagerei no jeito de falar. Expus demais e não era minha função com um colega. Trabalhei com muitos atletas e nunca tinha feito isso.

– Já pedi desculpas a ele por isso. A vida segue, não tenho nada contra ele. Acabei virando meme também, porque sempre me colocam quando ele fala. Só desejo boa sorte para ele. É um cara legal, tranquilão, mas é isso.

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Em entrevista ao Abre Aspas, do ge, Thiago Galhardo revelou o desejo de participar do Big Brother Brasil. Perguntado se toparia dividir o programa com o ex-companheiro, Castán foi enfático:

– Tá maluco! Acho que a diferença é que enxergamos a vida de formas diferentes. Não sou esse cara que quer ficar aparecendo. Tenho outro estilo de vida e com certeza não iria.

Fonte: ge
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