Presidente do Cruzmaltino falou em coletiva após o título da Taça Guanabara e explicou os bastidores da decisão contra o Fluminense no Maracanã.
Neste domingo (17 de fevereiro) o Vasco bateu o Fluminense por 1 a 0, no Maracanã, e conquistou o título da Taça Guanabara, o primeiro turno do Campeonato Carioca. Nos bastidores, o clima foi de total indefinição para os dois clubes por conta da disputa para saber qual deles teria direito a ter a sua torcida no setor sul do estádio. No fim das contas, foram os cruzmaltinos que ocuparam o local, mas só a partir do intervalo, já que num primeiro momento o clássico quase foi jogado de portas fechadas.
A indefinição remonta de uma antiga rivalidade entre os dois clubes pelo setor do estádio. Em 1950, o Vasco foi o campeão carioca e teve o direito de escolher onde ficaria no Maior do Mundo, optando pela sul. Desde então, sempre ocupou o local, mas o panorama mudou em 2013, quando o Fluminense assinou contrato com o consórcio que hoje administra o estádio, pedindo para que a sua torcida também se situe no local.
Após a vitória e a conquista do título, o presidente do Vasco, Alexandre Campello, falou em coletiva de imprensa e esclareceu algumas questões quanto à confusão que se estabeleceu, com o Fluminense conseguindo, inclusive, uma liminar para poder comercializar ingressos para o local. Segundo o mandatário, o Cruzmaltino só tem esse tipo de problema com o próprio Tricolor das Laranjeiras, já que com Flamengo e Botafogo isso não acontece.
Campello afirmou, inclusive, que se não puder ocupar o setor sul nos seus compromissos no Maracanã, deixará de atuar no estádio.
"A única equipe que podemos ter esse tipo de problema (do lado sul) é com o Fluminense. Desde 1950, o Vasco conquistou esse direito em campo, sempre se posicionou no setor sul, enquanto o Flamengo sempre à esquerda, quando cruzava com Fluminense e Botafogo, sempre mudavam de lado, foi uma tradição mantida por 63 anos. Pode ter algum tipo de problema? Só com o Fluminense. Tem que ser resolvido entre Fluminense e Maracanã, onde um alega uma coisa, outro diz outra. Se amanhã a federação e o Maracanã me disserem que não posso ocupar o setor sul, eu não jogo no Maracanã", afirmou.
O mandatário também falou sobre a multa que o Vasco poderá ter que pagar por conta da liberação da torcida para o clássico deste domingo. Ficou combinado em liminar, conseguida pelo Fluminense junto à Justiça, que o Cruzmaltino teria que arcar com R$ 500 mil caso o mesmo não obedecesse à ordem da disputa da partida com portões fechados.
Poucas horas antes do apito inicial, o Vasco, junto à FFERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) concordou que liberaria a sua torcida, e a Federação, inclusive, enviou o documento concordando com a medida ao Jecrim, mas o juiz do órgão que estava de plantão no Maracanã o rejeitou num primeiro momento, mantendo o clássico com portas fechadas.
Com a notícia, os torcedores que foram ao Maracanã ficaram indignados com a ordem e uma confusão generalizada se estabeleceu nos arredores do estádio, com a polícia tentando contê-la. Foi então que Campello se dirigiu ao Jecrim, que logo em seguida resolveu reverter a sua decisão, liberando a entrada da torcida.
"Isso (multa) é algo que precisamos entender como vai evoluir, mas de certa forma o juiz do Jecrim havia desconsiderado a nossa decisão, adotada pela Federação e outras autoridades, que entenderam que o mais seguro era que a partida fosse realizada com a presença da torcida, e só depois da partida iniciada, acontecendo o que já havíamos previsto, uma serie de distúrbios no entorno do Vasco, recebi diversas ligações de pessoas chorando, de pessoas que estavam sendo prensadas, que tinham crianças e mulheres no meio, e só depois me dirigi até o Jecrim, pedi para falar com o juiz, tentei mostrar para ele que o que vínhamos lutando nas 48h estava acontecendo, mas imediatamente depois da minha saída liberaram a entrada da torcida, então como foi uma liberação do Jecrim, não sei se cabe a multa", completou.