Amadeu: "Tem um grupo vindo da Europa que deve comparecer"

Sai o centralizador, brigão e cheio de inimigos Eurico Miranda, entra um senhor de olhos azuis, fala amena e com uma história de carinho na Colina, de dar inveja a qualquer vascaíno. Aos 83 anos, Amadeu Pinto da Rocha foi o escolhido para substituir o atual presidente no novo pleito para o cargo, marcado para amanhã, às 20h, na sede Náutica do clube.

– Sou sócio desde 1945, dirigi o esporte amador e fui instado pela chapa para concorrer – explicou.

Com a derrota na votação que escolheria o Conselho Deliberativo, a situação se viu obrigada a recorrer a Amadeu, que já chegou a ter o nome cogitado para presidência do clube em outras ocasiões, mas não aceitou por motivos familiares.

– Na época fui convidado, mas a pedido da família, que achava que não era possível conciliar Vasco com meu emprego de executivo, não aceitei – disse.

Além dos 120 votos da oposição e os 30 da situação, outros 150 votos são dos beneméritos, e com este grupo que a longevidade de Amadeu nos bastidores pode fazer a diferença. Segundo o próprio candidato alguns beneméritos já teriam mudado seu voto.

– Alguns já me falaram que vão votar em mim, mas eleição é que nem mineração, as vezes achamos que tem ouro, mas só depois do garimpo saberemos quantos tem – brincou o simpático Amadeu.

Como nem todos os membros devem comparecer no dia da escolha, a expectativa é que a diferença de votos seja mínima, mas Amadeu tem um trunfo a seu favor: residente no Brasil desde os 11 anos de idade, mas nascido em Portugal ele contará com o apoio de ‘além-mar’ para tentar sair vitorioso da disputa eleitoral.

– Tem um grupo vindo da Europa que deve comparecer no dia – afirma.

O afável tom de fala só muda quando o assunto é a denúncia feita pela oposição, que acusa Amadeu de ser responsável por um suposto leilão do colégio Vasco da Gama. O candidato nega as acusações.

–Isso é que me deixa triste, fui agredido, é uma ingratidão – afirma um desapontado Amadeu.

Acostumado a atuar longe dos holofotes, só uma coisa causa estranheza à cabeça coberta de cabelos brancos de Amadeu: o assédio. Ontem, após anos no clube, ele assinou seu primeiro autógrafo e posou para foto ao lado da torcedora mineira Ana Paula, que visitava São Januário ao lado do marido.

– Ainda não me acostumei com o telefone tocando toda hora– disse, antes de ser interpelado pela torcedora – Pedido de moça bonita não se pode recusar – brincou.