Em comparação à derrota para o Corinthians, pelo Brasileirão, o técnico Fernando Diniz promoveu a entrada de Barros no lugar do lesionado Tchê Tchê e de Vegetti, de volta ao time titular, no lugar de David. No Botafogo, Davide apostou em uma escalação com dois centroavantes, Arthur Cabral e Chris Ramos, e Kaio Pantaleão de volta à zaga.
Foi explorando a diferença de altura para a zaga do Vasco, que ainda tinha Hugo Moura improvisado, que o Botafogo chegou ao gol. Cabral, que já havia tido a oportunidade de abrir o placar em jogada com Montoro, balançou as redes de cabeça em cruzamento de Alex Telles. A bola quicou e tirou qualquer chance de Léo Jardim na jogada.
Diferentemente das últimas partidas, o Vasco não desmoronou após sofrer o gol. Pelo contrário, cresceu em desempenho. O trio Nuno, Coutinho e Piton teve muita liberdade para trocar passes pela esquerda. Apesar das inversões não funcionarem com facilidade, a construção permitiu espaços para finalizações limpas na entrada da área e alguns cruzamentos.
O gol, porém, saiu em jogada de bola parada. Nuno dominou sozinho na área, cruzou e viu a bola passar por todos, inclusive o goleiro John, e sobrar para Jair, em grande noite, completar para o fundo da rede.
A dificuldade nas bolas aéreas, aliás, tem sido uma tônica do trabalho de Davide Ancelotti. Com o empate, o Botafogo apostou na transição, enquanto o Vasco tentava ganhar campo de ataque. Com a dupla Marlon Freitas e Danilo pouco entrosada, o alvinegro encontrava muita dificuldade na saída de bola pelo meio, que o cruz-maltino aproveitava com um setor mais combativo, em boa noite do jovem Barros, estreando como titular.
— Eles precisam de tempo e de treinos. Estamos tentando fazer ajustes nos jogos, mudando posições. O problema de ter três jogos por semana é que falta tempo. O Danilo precisa se adaptar, já que vem de uma lesão grave, jogou pouco no ano passado, e é um jogador que gosta de atacar, assim como o Marlon. É verdade que eles precisam de tempo, mas vão tê-lo, e acredito que vão se sair bem. Tivemos dificuldades na saída de bola também, porque muitas vezes atuamos com dois canhotos na defesa, o que facilita a pressão alta do adversário — avaliou Davide sobre sua dupla de volantes.
Ainda que tenha perdido Paulo Henrique, que deu lugar a Puma Rodríguez, o início do segundo tempo foi de forte blitz do Vasco, que teve pelo menos três grandes oportunidades. Uma em lance incrível, em que John parou Coutinho, e Rayan acertou o travessão e, no rebote, chutou no braço de Marlon Freitas, em jogada na qual os jogadores do Vasco pediram pênalti.
— Eu vi a imagem e achei um pênalti muito fácil de ser marcado, tão fácil quanto o do Piton (na derrota por 2 a 0 para o Juventude, no Brasileirão). São muito parecidos os lances, mão aberta, braço levantado. São critérios muito diferentes no futebol brasileiro, isso irrita muito — reclamou o técnico Fernando Diniz após a partida.
Savarino muda o ritmo
O Botafogo cresceu após a entrada de Savarino no segundo tempo. O venezuelano, que recusou propostas para deixar o clube nos dias que antecederam a partida, entrou no lugar de Chris Ramos, que deixou o gramado após choque com Léo Jardim e precisou ir para um hospital realizar exames (está fora da partida contra o Bragantino, no próximo sábado, pelo protocolo de concussão), e qualificou a criação do Botafogo na entrada da área e na transição ofensiva.
Tendo mais a bola, o alvinegro manteve o ímpeto dos donos da casa sob controle, que só voltaram a ameaçar mais perto do fim, no abafa, sem grande perigo. No fim, um empate que deixa a sensação de placar justo e mantém a disputa muito aberta.
Um clássico de ótima atmosfera em um São Januário lotado marcou a abertura das quartas de final da Copa do Brasil entre Vasco e Botafogo. Entre momentos de alta intensidade, estratégia e cansaço, os times se alternaram no comando das ações e terminaram em um justo 1 a 1, que leva a definição da vaga para a próxima quinta-feira, às 21h30, no Nilton Santos.