— Ele (Fernando Diniz) falou que eu ia entrar e fazer o gol da vitória. Ia dar a vitória para o Vasco. Só agradecer o professor pela oportunidade — disse GB, de 20 anos, que entrou no segundo tempo, no lugar de Tchê Tchê.
Para além da insanidade do campo, o resultado foi importantíssimo para a sequência do Vasco na temporada. O cruz-maltino chegou aos 33 pontos, deixou a zona de rebaixamento, aberta pelo rubro-negro baiano, muito para trás (são oito pontos de diferença) e passou a ver o G6 mais de perto — está a 10 pontos do Mirassol. Agora, Fernando Diniz e seu elenco ganham dias de descanso e treinamento durante a data Fifa antes da próxima partida, a visita ao Fortaleza, no próximo dia 15.
Foi também mais uma partida a mostrar a disparidade entre os sistemas ofensivo e defensivo do Vasco neste campeonato, especialmente sob o comando de Fernando Diniz. A equipe tem o segundo melhor ataque do Brasileirão (42 gols, empatada com Palmeiras e Mirassol, e oito atrás do Flamengo), mas, ao mesmo tempo, a terceira pior defesa, com 41 gols sofridos (contra 42 do próprio Vitória e 46 do Juventude). Nos últimos cinco jogos, o Vasco alcançou três vitórias e um empate. Marcou e levou nove gols, exatamente.
— A gente atacou muito bem principalmente no segundo tempo e defendemos mal principalmente no primeiro tempo. Fizemos o gol cedo e recuamos de uma forma inapropriada, que não deveríamos. Ficamos descaracterizados. A forma seria continuar pressionando, mas não fizemos isso. Levamos o primeiro gol em uma jogada que a bola estava no nosso pé. No segundo, foi uma bola parada em uma região inocente e levamos o gol. No segundo tempo tivemos muito volume, já era para ter virado mesmo no dez contra dez (antes da expulsão de Lucas Halter) — analisou Diniz.
O jogo
Ontem, euforia merecida à parte, o cruz-maltino por vezes pareceu complicar um jogo que poderia ser mais controlado. Precisando desesperadamente do resultado para tentar sair do Z4, o Vitória foi para a Colina com ímpeto e uma estratégia alinhada que não foi abalada nem com o gol rápido do Vasco, logo aos cinco minutos de jogo.
Nuno Moreira apareceu no meio da defesa para completar, de cabeça, cruzamento de Paulo Henrique. O Vasco, então, diminuiu a intensidade na marcação e o rubro-negro, se aproveitando disso, passou a ter mais a posse de bola, empurrando o time de Diniz para o próprio campo. Mas a flechada letal veio aproveitando as linhas altas: Erick girou para cima de Tchê Tchê e acertou uma linda virada de bola para Cantalapiedra sair de frente para Léo Jardim e bater forte para o gol.
Melhor na partida até então, o Vitória virou na reta final do primeiro tempo, com Lucas Halter, em bola parada alçada na área.
Quatro gols no 2º tempo
Diniz mexeu no time no intervalo. Lançou Andrés Gómez no lugar de Vegetti e Lucas Piton, que estava afastado por lesão desde o dia 11 de setembro.
As alterações melhoraram o Vasco, que chegou à segunda virada do jogo com Rayan. Primeiro, após linda bola em profundidade de Paulo Henrique para Gómez, que cruzou para o camisa 77. O segundo (o terceiro do cruz-maltino na partida), de pênalti após toque de mão de Cáceres na área.
— Eu e Coutinho sempre conversamos. O Coutinho é o batedor oficial (de pênalti), mas eu estava confiante e ele confiou em mim. Deu certo — contou Rayan.
O terceiro gol do Vitória, do empate, foi em lance polêmico. Antes de cobrança de falta no campo de ataque dos baianos, o árbitro Fernando Mendes de Salles viu empurrão de Halter em Paulo Henrique e aplicou o segundo cartão amarelo. O lance gerou muitos protestos do Vitória após a partida. Na cobrança, Léo Jardim saiu mal, levou uma trombada e ficou no chão. Cáceres conferiu para as redes.
Precisando do resultado, Diniz acionou quase todas as armas ofensivas do banco: Matheus França, David e GB. O último, cria da base, subiu de cabeça após cruzamento de Piton e resolveu a partida já no tempo extra. Um jogo com três dos quatro gols de jogadores da base vascaína, elogiada por Diniz.
— O GB é um jogador com futuro brilhante pela frente — projetou o treinador.
Uma tempestade de emoções tomou conta de um ensolarado e quente São Januário na tarde de ontem. Euforia de um gol cedo, frustração com a virada sofrida, alegria com a nova reviravolta, fúria com mais uma igualdade e êxtase total com um gol nos acréscimos. Tudo isso aconteceu nos pouco mais de 90 minutos do triunfo por 4 a 3 sobre o Vitória, pela 27ª rodada do Brasileirão. O jovem GB marcou o gol derradeiro da partida, que explodiu a torcida na Colina Histórica.