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Análise Tática: Trocas no segundo tempo e marcação forte ajudaram o Vasco

Não deu tempo para pensar muito. Na verdade, Dorival Júnior deve ter se preparado para algo totalmente diferente do que Oswaldo de Oliveira de fato propôs. O Botafogo teve um time formado quase em sua totalidade por reservas - Jefferson, Lodeiro e Edílson eram os únicos titulares - sem abandonar o costumeiro 4-2-3-1. Eram jovens, uma equipe com média de 23 anos. O Vasco tinha lá sua forma diferente de atuar, sem centroavantes, pois André estava suspenso e Edmilson, machucado. A média de idade era de 25 anos. O problema é que a correria e erros bobos deixaram os cruz-maltinos atordoados no primeiro tempo do empate por 2 a 2, neste domingo, no Maracanã.

Uma displicência aqui, uma falta de combate ali. O Vasco iniciou o jogo numa mistura de sono com incredulidade. Nei se preparava para tocar, e já tinha um botafoguense roubando a bola. Montoya demorava a entender que precisava apertar a saída, e a bola já havia sido lançada. Em um desses lances, o Botafogo ganhou escanteio. Na sequência da jogada, teve outra cobrança, e aí contou com a falha do goleiro Diogo Silva e a marcação frouxa que permitiu a Dankler dominar, livre, antes de chutar. Gol com apenas cinco minutos.

Demorou para o despertador cruz-maltino tocar. Demorou tanto que, mal saiu a bola, e Lodeiro a roubou de Fillipe Soutto, avançou com liberdade, chutou, voltou para pegar o rebote e pouco foi incomodado: 2 a 0 com apenas seis minutos.

A partir daí parece que os comandados de Dorival Júnior passaram a entender e ler melhor a partida. Apertaram a saída de bola e ganharam assim faltas na entrada da área. Marlone viu que era possível mudar o panorama quando cobrou uma dessas faltas na cabeça de Cris, exigindo defesa de Jefferson. O problema era encontrar alguém na frente com o jogo rolando. Montoya errava muito, tanto para armar como para chegar na área. Dos dez passes que tentou, desperdiçou cinco (veja ao lado alguns dos erros de Montoya e a demora do time para marcar a saída de bola).

O Botafogo tinha o desafogo dos seus laterais. Edílson fez três jogadas de linha de fundo e levantou três vezes na área. Lima levantou duas vezes. O problema é que Octávio e Hyuri não estavam em uma noite muito feliz. Até tentaram, mas geralmente paravam na marcação, o que dificultou as jogadas pelas pontas.

 Dupla troca faz a diferença

A única solução viável para o Vasco parecia ser com substituições. Foi o que Dorival fez. Tirou Montoya e Fillipe Soutto e lançou Thalles e Juninho Pernambucano, respectivamente. Houve mudança de postura também, com a aproximação das linhas. O time ficou num 4-3-3 bem ofensivo, agora com um homem de referência: Thalles. Começou a fluir. Juninho buscava a bola e errava menos que Montoya. Em cobranças de falta e escanteio, era arma perigosa. De tanto pressionar a saída dos alvinegros, Lucas Zen cedeu um escanteio que terminou no gol de Jomar.

Oswaldo mudou a forma de atuar da sua equipe. Octávio, um pouco nervoso, saiu para Renato entrar, no que configurou o 4-4-2, com Lodeiro vindo de trás e Sassá e Hyuri na frente. Gegê também avançava com frequência. Mas o Botafogo travou na forte marcação. As jogadas lentas chegavam a demorar 30 segundos e terminavam muitas vezes em passes errados (veja ao lado a demora que do Botafogo para armar as jogadas de ataque).

Diante de um adversário sem muitas alternativas para a pressão iniciada já no campo de ataque, o Vasco foi ganhando território. Brigou no meio de campo, ganhou lateral, escanteio e conseguiu assim empatar, em novo cruzamento de Juninho. A partida seguiu movimentada, mas, no jogo tático, ninguém saiu vencedor.

 Números

 Finalizações

O clássico foi o terceiro jogo com mais chutes a gol neste Campeonato Brasileiro, com 40 ao todo. O Botafogo finalizou 22 vezes, contra 18 do Vasco.

 Gegê

 O meia foi o que mais mandou a bola na direção do gol de Diogo Silva. Chutou cinco vezes, número superior ao dos companheiros e de todos cruz-maltinos.

Juninho

Apenas 45 minutos em campo. Esse foi o tempo que Juninho Penambucano atuou. E dos pés dele saíram dez bolas levantadas, o líder do quesito.

Análises rápidas

* Hyuri apareceu pouco na partida. Não conseguiu criar muitas oportunidades. Em uma delas, esticou-se todo para marcar, mas a bola passou na sua frente dentro da pequena área.

* No desespero pelo empate, o Vasco chegou a colocar cinco homens na frente, com Pedro Ken ajudando Juninho na armação e o trio de ataque formado por Marlone, Willie e Thalles.

* Diogo Silva teve atuação contestada pela torcida por dois lances que terminaram nos gols do Botafogo. Porém, foi dono de quatro defesas difíceis na partida.

Fonte: ge