Análise: Vasco conta com protagonismos de Rayan e Léo Jardim

No fim da partida, houve uma confusão generalizada entre os jogadores e as comissões técnicas, o que gerou as expulsões de Pablo Roberto e Kuscevic, ambos do Fortaleza. Nos minutos finais, Bareiro já havia levado cartão vermelho.

Vegetti barrado

Diniz, enfim, decidiu deixar Pablo Vegetti pela primeira vez no banco de reservas por opção técnica. Além de sete jogos sem marcar, o argentino, que completou 37 anos ontem, não vinha entregando tanta mobilidade e parecia comprometer a dinâmica ofensiva da equipe. Com a ausência dele, Rayan flutuava como falso 9, enquanto Andrés Goméz ocupava justamente o espaço deixado na ponta direita pelo cria de São Januário.

Após o Fortaleza quase abrir o placar no início do jogo com Breno Lopes, que desperdiçou chance clara ao tentar encobrir o goleiro Léo Jardim, as mudanças promovidas por Diniz apareceram logo na sequência. Acionado em velocidade pelo lado direito, Andrés Goméz disparou até a linha de fundo e cruzou rasteiro para a área. Se Vegetti assistia ao lance de fora do campo, lá estavam Rayan e Nuno Moreira para tentarem dar o último toque, mas o lateral-direito Mancuso desviou a bola, que chegou a bater na trave antes de sair.

O começo promissor do ataque cruz-maltino pareceu não passou de um lampejo. Apesar de chegar a ficar com posse de bola acima de 60%, o time encontrava dificuldades para criar jogadas de perigo.

Em um confronto de poucas oportunidades até ali, Hugo Moura relembrou os tempos sombrios no clube. Titular absoluto sob o comando de Diniz, o volante levou cartão vermelho na reta final do primeiro tempo depois de entrada dura com a trava da chuteira na perna de Guzmán. O juiz tomou a decisão após revisão no VAR.

Se a expulsão indicava um cenário pessimista, Rayan mostrou por que é um dos melhores jogadores em atividade no futebol brasileiro. Ao seu melhor estilo, o camisa 77 arrancou em velocidade, passou por Kuscevic e chutou forte e rasteiro para tirar o zero do placar antes do intervalo. Depois de marcar duas vezes diante do Vitória, o jovem atacante de 19 anos chegou ao seu 15º gol na temporada. E por pouco não balançou as redes novamente de forma parecida no segundo tempo. Rayan arrastou sozinho a marcação, mas, desta vez, finalizou em cima do goleiro Brenno.

Pressão do adversário

Com um jogador a menos, Diniz viu o Fortaleza empilhar chances e resolveu fazer três substituições de uma vez aos 15 minutos. Matheus França, David e Puma Rodríguez entaram nos lugares de Philippe Coutinho, Nuno Moreira e Andrés Goméz, respectivamente. Para consagrar a noite do treinador, o trio participou de toda a jogada do segundo gol. De novo em contra-ataque, o meia esticou para o lateral-direito, que cruzou na medida para o atacante emendar de primeira no canto e fazer mais uma vítima da Lei do Ex.

Antes de encaminhar os três pontos, o Vasco sofreu com as investidas dos donos da casa. E novamente Léo Jardim deu conta do recado: foram sete defesas de dentro da área do goleiro em mais de 25 finalizações.

— Sabíamos que seria um jogo muito difícil, mas é preciso destacar a entrega de todos. Mesmo com um jogador a menos, conseguimos nos defender bem e ainda aproveitar as oportunidades. É importante ressaltar o poder mental e a parte física da equipe, que se entregou o tempo todo, correu muito e mereceu essa vitória. Fazia muito tempo que o Vasco não vencia o Fortaleza aqui, então esse resultado tem um peso grande para nós — celebrou Jardim.

O Vasco de Fernando Diniz pode oscilar, mas, ao mesmo tempo, é indiscutível a melhora da equipe desde a chegada do treinador. Mesmo com o baque da expulsão imprudente de Hugo Moura na reta final do primeiro tempo, a equipe contou com os protagonismos de Rayan e Léo Jardim para vencer por 2 a 0 o Fortaleza ontem, no Castelão, assumir a nona colocação do Campeonato Brasileiro e se afastar de vez da zona de rebaixamento. O cruz-maltino não ganhava do rival como visitante há 22 anos.