Depois de 130 dias, o torcedor do Vasco pôde, finalmente, deixar São Januário com o sorriso no rosto em uma partida do Brasileirão, após a vitória por 3 a 1 sobre o Bahia, em jogo atrasado válido pela 16ª rodada. No período de jejum, a equipe de Fernando Diniz mereceu o resultados em algumas ocasiões, mas esbarrava, muitas vezes, nos erros individuais que permitiam pontos escorrerem em sua própria casa. Na noite desta quarta-feira, isso não foi problema - apesar de novamente ter assombrado o time.
O cenário, que já se desenhava com pressão pelo longo jejum e pela situação na tabela, ganhou contornos ainda mais dramáticos, depois de erro bobo de Lucas Freitas na saída de bola, que culminou no gol de Sanabria para abrir o placar para os visitantes, aos 30 minutos. O 10º gol sofrido pelo time a partir de falhas individuais no Brasileirão, líder com sobras de um terrível ranking elaborado pela equipe do Gato Mestre.
A evolução do trabalho de Fernando Diniz, no entanto, se fez presente, e o Vasco conseguiu driblar a frustração do erro individual para chegar à virada com méritos e com autoridade. Foram 18 finalizações do time vascaíno, sendo sete no alvo; contra nove arremates do Bahia, que culminaram em apenas duas defesas de Léo Jardim ao longo do confronto.
A equipe driblou a série de desfalques, controlou a partida desde o início da primeira etapa e produziu para marcar ainda mais gols, mas chegou ao número mínimo necessário para atingir uma estatística peculiar desde a chegada de Fernando Diniz e garantir os três pontos. Isso porque o técnico do Vasco só venceu partidas na atual passagem pelo clube carioca quando marcou três ou mais gols. E assim o fez pela sétima vez em 25 jogos no comando técnico.
O contexto da partida, claro, também foi condicionado pela expulsão de Jean Lucas, que deixou o Bahia com um jogador a menos, aos 35 minutos, quando os visitantes venciam por 1 a 0. Mas, sobretudo, pela postura dos jogadores do Vasco, que não se abalaram com o resultado parcial negativo; e pela mudança rápida de Fernando Diniz para promover um time mais ofensivo com uma substituição para empatar a partida ainda na primeira etapa.
Logo dois minutos depois do cartão vermelho, Diniz colocou David no lugar de Lucas Freitas e realizou algumas mudanças nos posicionamentos dos jogadores. Nuno Moreira foi deslocado para segundo volante, Hugo Moura foi recuado para a zaga, e David entrou no lado esquerdo de ataque. Aos 45 minutos, Coutinho empataria a partida, depois de cruzamento de Carlos Cuesta.
Aqui vale um pequeno parênteses sobre o camisa 10. Eleito o melhor da partida em enquete do ge, o craque mostrou, mais uma vez, o que dele se espera em seu retorno ao Brasil e consolidou a boa temporada com a camisa do Vasco. Já são 11 gols marcados em 2025, vice-artilheiro do time, atrás apenas de Vegetti. Na entrevista após o jogo, Diniz, inclusive, defendeu a convocação do meia para a Copa do Mundo.
- Acho que ele se credencia cada vez mais para ser um nome para disputar uma Copa do Mundo. Ele leva uma vantagem porque não precisa ser testado. Ele cada vez mais se coloca nessa condição. Fez uma partida brilhante. Fez gol, podia ter feito um golaço de falta. Treina cada vez mais, está se lesionando cada vez menos - afirmou Diniz.
Após o gol de Coutinho, o Vasco teria boas chances para virar ainda na reta final da primeira etapa. Mas o gol marcado já seria fundamental para inflamar a torcida e não permitir que o Bahia fosse para o vestiário com a vantagem.
No segundo tempo, o Vasco seguiu com o controle da partida e não permitia o Bahia ameaçar. O volume foi coroado com o gol da virada, em uma das virtudes que vem marcando os últimos jogos da equipe: a bola parada. Nuno Moreira cobrou escanteio, e Puma Rodríguez mandou para as redes. Na coletiva de imprensa após o jogo, o técnico Rogério Ceni citou a força do time vascaíno no fundamento:
- Um dos motivos do Rezende jogar foi esse (a força da bola parada do adversário). Os últimos cinco gols do Vasco tinham sido de bola parada. O Rezende estava no segundo pau. Sobre as bolas aéreas, incrível, porque não é um time alto. O Vegetti é um exímio cabeceador, mas os zagueiros não são altos. Mas tem vários jogadores que não são tão baixos. Eu vi o cabeceio de Pumita contra o Flamengo - relatou Rogério Ceni.
Autor da assistência do gol, Nuno Moreira ainda iniciaria a jogada do terceiro gol, que contaria com azar de Luciano Juba para mandar contra o próprio gol e dar números finais ao placar.
Panorama de alívio
O Vasco talvez viva o seu momento de maior evolução na temporada. Depois de classificação às semifinais da Copa do Brasil em um clássico, teve partida parelha em empate com o líder Flamengo, no Maracanã, e bateu o Bahia, que também está na parte de cima da tabela. Para além do resultado, o time mostra maior solidez na parte defensiva e finalmente equilibra com os bons números ofensivos que já demonstrava com o treinador há algum tempo.
As respostas positivas merecem ser frisadas e dão esperanças ao torcedor por uma temporada mais tranquila até o fim do Campeonato Brasileiro. E, quem sabe, um sorriso ainda maior no fim do ano, na Copa do Brasil. Com o resultado, a equipe chega aos 27 pontos e sobe para 13ª posição, no Brasileirão.
A batida segue a mesma. No sábado, mais um jogo complicado contra um time da parte de cima da tabela se apresenta - dessa vez, o Cruzeiro, atual vice-líder do torneio, com 50 pontos. Mas o reencontro com as vitórias em São Januário renovam o fôlego do Vasco por dias melhores para sua torcida.