Anderson Salles relembra relação de Joel Santana com jogadores em 2014

Se hoje o Vasco é o grande favorito ao título da Série B do Campeonato Brasileiro, sua última campanha pelo acesso foi bem diferente. Há dois anos, o clube carioca sofreu para subir e terminou a competição apenas na terceira posição.

O comandante naquela época era Joel Santana, que assumiu o lugar de Adílson Batista, demitido após uma goleada sofrida para o Avaí por 5 a 0. O treinador contou com todo seu carisma e métodos inusitados para conseguir tirar o clube daquela situação.

"O Papai Joel era demais. Chegava todo dia aos treinos para tomar café da amanhã e a gente era obrigado a dar um abraço nele. Ele falava assim: ‘Não deu abraço no Papai hoje, meu filho?'. Ele não sabia o nome de ninguém, por isso, colocava apelido em todo mundo. Era engraçado pra caramba", contou o zagueiro Anderson Salles, atualmente no Goiás, em entrevista ao ESPN.com.br.

O experiente treinador tinha outros métodos para unir ainda mais o grupo de jogadores. "Quando íamos almoçar, ninguém podia comer antes do último se sentar à mesa. Ele chamava um de nós e dava um recado no pé do ouvido. Daí o cara tinha que reproduzir o que o Papai tinha dito, só então o almoço estava liberado", relatou.

Joel Santana saiu do Vasco após oito vitórias, sete empates e quatro derrotas em 19 partidas. O time terminou na terceira colocação com 63 pontos, sete atrás do campeão Joinville. No ano seguinte, Doriva assumiu seu lugar e superou os grandes favoritos para conquistar o Campeonato Carioca. "Doriva é um cara sensacional, que dá atenção para todo mundo e o grupo abraçou. Todos acreditaram no objetivo", garantiu.

A final foi dramática, o clube da Colina venceu o Botafogo com um gol de Rafael Silva nos minutos finais. "Ele não ia para o jogo e mesmo assim ele nos deu o título. É um cara predestinado, incrível como faz gols importantes", impressionou-se. Outro episódio lembrado por Anderson Salles ocorreu na Copa do Brasil do ano passado, quando o Vasco, mesmo em crise, eliminou o Flamengo.

"Fiquei brincando: ‘Você tem medo do [zagueiro] Wallace'. Ele respondia: ‘Você vai ver Anderson, vou fazer um gol nessa partida'. No primeiro lance que o Rafael pegou na bola foi lá e fez o gol. Tive que aguentar né?", recordou aos risos.

O defensor recorda com muito carinho de sua passagem de um ano e meio por São Januário. "Valeu muito a pena jogar lá ao lado do Luan e do Rodrigo, que são muito feras. A torcida é fantástica e apaixonada. Pude realizar meu sonho de jogar no Maracanã, é um lugar que marcou na carreira", afirmou.

EX-MENINO DA VILA BATEU O SANTOS NO PAULISTA

O zagueiro nascido em Araçariguama foi com 13 anos jogar nas categorias de base do Santos. Foi colega de Hudson, Wesley e Carleto (ambos do São Paulo), além dos atacantes Alemão e Thiago Luís.

Na Vila Belmiro, ele subiu aos profissionais em 2008. "Estava em casa e o Émerson Leão assumiu o time para fazer a pré-temporada. O curioso é que me ligaram para me apresentar e me subiu para o time de time. Fiquei feliz pra caramba", recordou.

Após uma passagem por Juventus e Bragantino, ele quase desistiu do futebol, em 2009. "Um dos momentos mais difíceis foi quando saí do Bragantino e fiquei desempregado em casa. Eu pensei até em trabalhar, mas meu empresário me mandava trabalhar à parte. Estava sem dinheiro, ainda era garoto", lamentou.

As coisas mudaram quando o agente de Salles, que havia jogado com Juninho Paulista, conseguiu uma transferência ao Ituano, clube presidido pelo ex-meia da seleção brasileira. Em Itu, o jogador permaneceu quatro temporadas e conquistou o Campeonato Paulista de 2014 em cima do clube que o revelou.

"Quando nos apresentamos, em novembro de 2013, ninguém se conhecia porque chegaram uns 15 jogadores. Fazia 20 dias que estávamos treinando e falei com o [meia] Esquerdinha para fazermos um amigo secreto pra entrosar. A entrega dos presentes foi engraçada demais, daí a galera ficou amiga e fomos campões. Era um grupo sem vaidade", garantiu.

Após se transferir para o Vasco, Salles chegou ao Goiás no começo deste ano. No clube esmeraldino, mostrou ser 'pé quente' e conquistou seu terceiro título estadual diferente seguido.