Futebol

Angioni: "A beleza do futebol é exatamente as discordâncias"

O superintendente de futebol Paulo Angioni fala sobre o trabalho desenvolvido nas categorias de base do Vasco e a desconfiança de grande parte da imprensa, que taxou o Gigante da Colina como quarta força do Rio de Janeiro e nunca como um dos favoritos para a conquista da Copa do Brasil ou do Campeonato Brasileiro.

"A beleza do futebol é exatamente as discordâncias. O Vasco tem, na sua base, um trabalho de uma intensidade muita grande e responsabilidade ainda maior. Com isso, traduz um custo excessivo. Nada mais justo de que você, através de todo esse desempenho que a direção principal do Vasco tem na formação da base, dar a essa equipe condições de aproveitar o máximo possível dos jogadores formados na base. Naturalmente que os críticos não têm conhecimento do valor individual de cada um desses jogadores, porque normalmente não acompanham as categorias de base e as próprias competições. Eventualmente vêem as competições através da Copa Cidade de São Paulo. Mas nós, que estamos lidando no dia-a-dia com os jogadores, entendemos que essa base é uma que vai dar resultados excepcionais. Já está dando resultados excepcionais. No ano passado tínhamos alguns jogadores oriundos da base na equipe principal. Esse ano temos em termo de quase 70% de jogadores da base na equipe principal do Vasco. Isso naturalmente cria, através das críticas, dos críticos, uma preocupação e, até certo ponto, até uma certa desconfiança, que respeito muito. Mas no transcorrer das competições que o Vasco disputou, que foi o Campeonato Estadual e agora a Copa do Brasil, o Vasco vem demonstrando um crescimento muito grande na atuação dessa juventude, que eu, a curto prazo, tenho certeza absoluta que vão resultar em grandes conquistas e formação de grandes jogadores. Não tenho dúvida disso, mas até então, a crítica tem todo o direito de desconfiar dessa equipe. Acredito que ela só deixe de desconfiar na hora que consolidar uma conquista. Se Deus quiser, essa conquista pode acontecer agora, com a Copa do Brasil, se tudo correr como a gente imagina. Isso vai solidificar essa juventude. Até porque, se não for dessa forma, não vale a pena gastar tanto dinheiro e ter tanta responsabilidade com o filho dos outros, que você é obrigado a cuidar, dando colégio, formação, educação esportiva. Então não vale a pena. Agora, a desconfiança é natural e acredito que, em um curto espaço de tempo, eles vão entender o projeto do Vasco para o futuro. O Vasco faz alguma coisa compatível à sua realidade. Essa realidade é a da dignidade. Não adianta nada você ter grandes jogadores, gastando fábulas de dinheiro, e enfeiando a instituição. O que prevalece é a instituição, no caso, o Vasco da Gama. É muito mais interessante você ir se reconstruindo em função de conquistas, mas honrando sempre as tradições da instituição, que é honrar os seus compromissos. É isso que o Vasco está fazendo. Se não for dessa forma, é melhor terceirizar o futebol amador. Não há por que você fazer tanto esforço e gastar tanto dinheiro na formação, da forma que a presidência do Vasco faz, de forma cautelosa, educada, interessada, que sabe que está cuidando do filho dos outros - e a responsabilidade é dobrada -, e não aproveitar essa juventude, porque o trabalho é bem feito e está sendo mostrado. Agora, a dúvida e a desconfiança é compatível ao futebol, à crítica do futebol. Mesmo às vezes você contratando jogadores de renome, continua sendo criticado. É relativo isso. A gente não tem que se preocupar muito com isso. A gente tem que se preocupar em continuar desenvolvendo o trabalho e fortalecendo a idéia da formação da base, que é a recuperação das instituições e da estima do jogador pelo clube. A maioria desses meninos estão há 10 anos no Vasco. Com certeza absoluta, por mais que seja mercantilizado o futebol de hoje, não tenho dúvida que eles têm um grande amor pelo clube que estão servindo", disse ao programa oficial do Vasco, veiculado na Rádio Bandeirantes.

Fonte: Vasco Expresso