Futebol

Aos 94 anos, 'Vovô das Embaixadinhas' fala sobre a relação com o Vasco

Quando o árbitro apontava em direção ao círculo central - indicando o fim do primeiro tempo no Maracanã -, os jogadores se encaminhavam para os vestiários e saíam de ação por exatos 15 minutos. Era neste intervalo que Jankel Schor, o "Vovô das Embaixadinhas", fazia do gramado o seu palco e desfilava toda a sua habilidade. Com chuteiras pretas e o corpo curvado, ele controlava a bola no ar, diante dos milhares de torcedores presentes até na saudosa geral, sem jamais deixá-la cair. Era uma atração à parte do antigo Maracanã.

A bola - par inseparável de Jankel Schor no Maracanã -, atualmente, faz companhia em casa, no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro. Foi lá que o russo naturalizado brasileiro completou 94 anos de idade, no último domingo, ao lado da filha Marta. O personagem icônico do futebol carioca está lúcido, vacinado contra o novo coronavírus e com saudade do Maraca.

- Tenho saudade, é pena que estou velho (risos). Se eu fosse novo ainda estaria brincando lá. A bola nunca caiu. Quando eu estava fazendo exibição, eu dava a volta no gramado, chegava no meio de campo. Os jogadores passavam juntos, e eu fazendo embaixadinha. A minha história é muito bonita - conta Schor, em entrevista ao ge, pelo telefone, citando que uma hérnia o obrigou a parar de fazer embaixadinhas há cerca de cinco anos.

Atualmente, Jankel Schor se exercita dentro de casa e, de vez em quando, desce para o play do seu prédio para caminhar. Não acompanha mais o futebol como outrora - exceto em Copas do Mundo -, prefere escutar música brasileira na rádio. Entretanto, fala com carinho do Vasco da Gama. Foi em São Januário que começou a fazer embaixadinhas, após ser indicado por Edmundo, ao então vice-presidente de futebol, Eurico Miranda, no fim dos anos 90. O time do coração, porém, é outro.

- Eu sempre fui América, morei perto do estádio, mas fiz embaixadinhas no Vasco durante três anos. O Eurico Miranda era meu fã e me levou para o Japão (disputa do Mundial Interclubes entre Vasco e Real Madrid). Lá, recebi elogios dos japoneses e do Michel Platini. Foi uma emoção muito grande ser elogiado por ele, que foi presidente da Uefa e foi um grande jogador. Eu era muito elogiado, porque no mundo todo, até hoje ninguém fez tantos anos de embaixadinha - declarou Schor, que antes de se naturalizar brasileiro se chamava Iacha.

Depois de três anos em São Januário, Jankel Schor, em 2000, passou a comparecer às quartas e domingos no gramado do Maracanã, onde se consolidou como uma figura "raiz" do futebol carioca. Ele se apresentou durante cerca de dez anos, até o Maraca entrar em obras e se transformar na bilionária e moderna arena da Copa do Mundo de 2014.

A reforma do Maracanã durou quase quatro anos, e Jankel Schor passou a exibir sua arte na orla das praias de Ipanema e Leblon, como lazer. Bem antes do início da pandemia, já havia "pendurado as chuteiras", mas ainda assim era reconhecido nas ruas.

- Ele andava no Centro da cidade, todo mundo parava para tirar fotos. Era só ele sair na rua, até hoje o pessoal o reconhece, em todo lugar que a gente vai é assim. Aos domingos, quando fechavam a rua (da orla), ele ficava brincando com a bola, fazia em casa também - relata a filha Marta

Foto: Juha TamminenVovô das embaixadinhas
Vovô das embaixadinhas

A praia era outra paixão de Jankel Schor. Foi nas areias da Barra da Tijuca que jogou futevôlei ao lado de craques como Renato Gaúcho, Romário e até Marcelinho Carioca.

- Eu tenho muitos documentos, foto do Renato Gaúcho me cumprimentando. Eu gostava de todo mundo, sempre fui comunicativo, todo mundo era meu amigo. Joguei futevôlei com o Romário, o pessoal me conhecia, eu era a novidade.

As recordações são muitas e, embora a memória não seja mais a mesma, Jankel Schor faz questão de frisar que "está tudo documentado" na pasta onde guarda fotos e recortes de jornal. Aos 94 anos, se orgulha da história construída no País do Futebol, um desfecho improvável para quem chegou da Rússia com a família, aos 5 anos de idade. Aprendeu o idioma, trabalhou no comércio desde os nove e, ainda criança, apaixonou-se pelo clima tropical e pelo futebol. E, mesmo sem ser jogador, conseguiu a façanha que muitos jamais alcançaram: escreveu seu nome na história do Maracanã.

 

Fonte: ge
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