Árbitro conta detalhes da invasão do ladrilheiro na decisão do Estadual de 1

A partida entre Flamengo e Vasco, no dia 6 de dezembro de 1981, deu o título estadual ao Rubro-Negro. O jogo ficou marcado também pela invasão do campo, nos minutos finais, de um ladrilheiro flamenguista que esfriou a reação do Vasco, que perdia por 2 a 1. Com o tumulto, o Rubro-Negro garantiu a vitória e o título. Porém, para Alvimar Gaspar dos Reis, árbitro daquela decisão, a partida é inesquecível por outro motivo.

- Fui escolhido para apitar através de um pedido enviado pelos presidentes do Flamengo e do Vasco, o Márcio Braga e o Agathyrno Gomes. Eles disseram ao presidente da Federação do Rio, Otávio Pinto Guimarães, que queriam que eu apitasse. Inclusive, pagariam a taxa que eu pedisse. Ganhei muito dinheiro naquele jogo - revelou.

Alvimar contou que o dinheiro serviu para mudar a sua vida.

- Eu morava em um barracão alugado. Com o dinheiro que ganhei na partida comprei à vista um apartamento de quatro quartos em um bairro nobre de Belo Horizonte, onde minha mãe mora até hoje. E ainda sobrou um troquinho para comprar um carro - revelou em entrevista à Rádio LANCE!.

Alvimar disse que levou um susto quando viu quanto tinha recebido.

- No fim do jogo, eu olhei no placar eletrônico qual era o público. Apitei aquela decisão com 165 mil pagantes e mais de 20 mil penetras. Coisa que nunca mais vamos ver. O árbitro ganhava 1% da renda, mas ganhei 2% nesta ocasião - contou.

O dinheiro foi recebido logo após o jogo.

- Quando cheguei no vestiário e olhei para aquela mala de dinheiro, levei um susto. Saí do Maracanã com a mala cheia de notas, umas amassadas, e peguei o trem na Central do Brasil de volta para Belo Horizonte. Fui comendo filé, batendo papo, numa boa vida danada - contou cheio de orgulho.

A invasão do ladrilheiro foi relembrada com detalhes por Alvimar.

- O Márcio Braga preparou um elemento lubrificado com óleo, lutador de capoeira, que entraria em campo, caso o Flamengo estivesse vencendo e o Vasco pressionando . Ele correu para burro e parou o jogo. Entrou a polícia, mas ninguém segurava o cara. Ele escorregava igual quiabo. Mas quando pegaram, deram muita porrada nele. O tempo que ficou parado esfriou o time do Vasco. Não sei se foi o que determinou a derrota, mas que atrapalhou eu não tenho dúvida - acredita.