O acúmulo de dívidas aliado a uma péssima utilização da marca, mostrados pelo JB na série Levanta, Rio, influem diretamente na falta de recursos para contratar atletas. E bolso vazio não é o único problema dos clubes cariocas.
Flamengo e Fluminense cancelaram as duas últimas contratações em função da reprovação de jogadores nos exames médicos. O zagueiro Lima chegou a ser anunciado pelo Flamengo e o meia Urrutia também foi dado como jogador do Fluminense. Trapalhadas como essas não são novidades no futebol do Rio.
Pior que anunciar e não trazer é contratar e não usufruir. De ambos os casos, o Rio está cheio de exemplos. Listadas as contratações dos últimos cinco anos, há um festival de casos de jogadores que não renderam, outros que sequer jogaram, e no entanto, pasmem, receberam muito bem pelo passeio nos gramados do Rio.
Casos emblemáticos no Flamengo são os de Zé Roberto e Jônatas, que deixou o clube há dois meses e acertou com o Botafogo. Se o rendimento do meia não subir muito, certamente terá sido mal negócio para o alvinegro.
Jônatas voltou por empréstimo para o Flamengo, clube que o lançou, no início de 2008. Nesse período, oscilou entre participações modestas em algumas partidas e longos períodos afastado do grupo titular. Tanto o técnico Caio Júnior em 2008 quanto Cuca em 2007 apostaram inicialmente no jogador. Mas logo desistiram.
Os gastos do Flamengo não ficaram apenas nos, aproximadamente, R$ 120 mil por mês de salário ao jogador (em 18 meses, R$ 2,16 milhões). O clube, até o desligamento do jogador, ainda devia dinheiro ao Espanyol pelo empréstimo do apoiador.
O caso de Zé Roberto é parecido. O meia, que chegou em janeiro prometendo profissionalismo e sonhando com a Copa do Mundo, não rendeu o desejado e sequer foi relacionado em alguns jogos do Brasileiro. O salário? R$ 150 mil. O Flamengo já manifestou a vontade de se livrar do jogador e o teria oferecido ao Cruzeiro, que não se interessou. O motivo para o Cruzeiro ter desconversado pode estar nas palavras do empresário Jorge Machado.
Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná passaram voando pelo Rio em termos de situação financeira, de pagamento. No Rio, existe má administração. Antigamente não era assim. O Rio era a porta de entrada do futebol brasileiro explicou.
Outro caso significativo é Leandro Amaral. Após brilhar no Vasco em 2007 e se transferir para Fluminense, uma briga judicial fez o atacante retornar a São Januário. De volta ao Fluminense este ano, machucou-se duas vezes e ainda não marcou gol em 2009.
No Botafogo, não é diferente. Os dirigentes alvinegros viajaram em busca do mercado argentino, abalado economicamente. O primeiro foi Escalada que, rechonchudo, nem jogou. No ano seguinte, o não menos curvilíneo Leandro Zárate chegou a General Severiano. Em virtude de salários atrasados, abandonou o clube duas vezes e foi afastado quase sem jogar.
Algumas vezes apostamos e dá certo, como no caso do Maicosuel. Em outras não. O mercado está escasso afirmou André Silva, vice de futebol alvinegro, responsável por trazer Jean Coral e Tony, investimentos mais baratos, mas igualmente pouco produtivos.
No Vasco, Léo Lima, conhecido nacionalmente após o passe de letra na final do Estadual de 2003, voltou para auxiliar Carlos Alberto mas não conseguiu se firmar como titular. A ida para o Goiás fez bem para o meia e melhor ainda para as finanças do clube cruzmaltino. Ele recebia salário de R$ 110 mil por mês.
A diferença entre Rio e outros centros é que, aqui, muitas vezes, se contrata na sexta para pôr em campo no domingo. É complicado. O jogador precisa de um tempo de adaptação. Em outros centros a contratação é planejada sem pressa comentou o empresário Eduardo Uram.