Eis que chegou o tão aguardado dia em que acabou nossa privação do convívio com Celso Roth, este Titã de Bombachas. Ao ser anunciado pelo Vasco da Gama, o técnico de 57 anos volta a trabalhar depois de um recreio de 10 meses, quando foi demitido do Coritiba.
O discurso quase uníssono é de que Celso Roth é o nome perfeito para o atual momento do clube da Colina, que passa por maus bocados. Afinal, trata-se de um profissional que de forma imediata faz pesar a mão firme e a SISUDEZ sobre o time, que não vê alternativa senão fazer os resultados aparecerem logo. É claro que com frequência sua validade expira, ele se indispõe com atletas e se isola como se fosse escrever o romance definitivo sobre o futebol mundial, mas até que este ponto de ruptura chegue há prazerosos meses a serem desfrutados.
Roth começa sua terceira passagem pelo clube, mas ainda precisa reconquistar a confiança da torcida vascaína – na última vez que treinou o clube, permaneceu menos de um mês, já que aceitou convite para assumir o Internacional, que estava na semifinal da Libertadores. Chegou ao Beira-Rio, aparou as arestas do time de Jorge Fossati e venceu o torneio continental. Roth, assim, era alçado a Sargento das Américas.
O título da Libertadores 2010 não é apenas o mais importante da carreira de Celso Roth, mas também o último. O técnico, aliás, caracteriza-se por longos jejuns de taças: antes de levar o Inter ao bicampeonato continental, sua última conquista havia sido dez anos antes – a Copa Nordeste, com o Sport, em 2000.
Menos mal que título, por enquanto, não é algo exigido pelo STATUS QUO vascaíno. Antes, afastar a possibilidade da desgraça, enxotar a infâmia, quiçá retomar o famigerado respeito, que voltou como FLASH MOB e depois se escondeu em alguma fresta de São Januário. Aliás, outra das premissas do fabulário rothiano é que nenhum time é rebaixado sob sua batuta, como se fosse um paramédico esperando para ser acionado durante a madrugada quando algum clube parece disposto a ser sugado pelo Z4. Mas as coisas, atentem, não são bem assim.
Para citarmos apenas dois exemplos: quando saiu do Coritiba, na 17ª rodada do Brasileiro 2014, deixou a equipe em penúltimo lugar, e em 2002 foi demitido do Inter quando faltavam quatro jogos e os colorados estavam pregados no rodapé da tabela. Nenhuma das equipes foi rebaixada, mas com Roth elas estavam de olhos vendados marchando de forma convicta na prancha.
Os méritos de Roth, no entanto, são inegáveis, e não será surpresa se o Vasco, sob o açoite implacável deste tropeiro do futebol, conseguir engatilhar bons resultados. No mínimo, ele saberá lidar melhor que Doriva com um grupo cascudo e ao mesmo tempo insuficiente como é o time do Vasco.
Porque não é em vão que, no Rio Grande do Sul, quando Inter ou Grêmio demite técnico, faz quase vinte anos que o primeiro nome que pisca na lista é Celso Juarez, espécie de síndico do futebol gaúcho, sempre cogitado quando a bagunça impera. E pelo menos no início Roth consegue arrumar a casa, embalado pela autoridade moral que emana de seu bigode, que sempre estará lá, mesmo que às vezes invisível.