Futebol

Camisa do Vasco com logo do SBT vira raridade

Se você ama futebol, provavelmente também possui um interesse todo especial pelas camisas históricas do esporte. Aqui no Brasil são várias, mas uma das peças mais raras pertence ao Vasco da Gama. Ela apareceu em apenas uma partida, mas não foi um jogo qualquer: era a final da Copa João Havelange, o campeonato brasileiro de 2000, e foi usada no último título de Série A conquistado pelo Gigante da Colina.

Mais precisamente, a peça foi usada em 2001. E isso explica boa parte da polêmica. Vasco da Gama e São Caetano eram os finalistas. No jogo de ida, empate por 1 a 1, e no duelo de volta realizado em São Januário, o encontro foi interrompido depois que o alambrado da casa vascaína desabou. Foram 168 feridos, mas apesar do acontecido o dirigente Eurico Miranda insistia para que a partida fosse retomada. Com a negativa, não poupou críticas à TV Globo, que transmitia a final. Insatisfeito pela cobertura do acontecido e com o adiamento daquela decisão.

A finalíssima seria realizada somente em 2001. Em 18 de janeiro e no Maracanã. Na véspera, pessoas da TV Globo já sabiam que Eurico Miranda estava preparando alguma coisa, mas a incredulidade foi geral quando o Vasco entrou em campo com o logo do SBT, canal televisivo rival, mesmo sem receber nada em troca. O Cruz-Maltino tinha como parceiro a marca de sabão em pó Ace, e a trocou apenas para provocar a Globo. Ou melhor: Eurico Miranda, pessoalmente foi o autor de uma peça que, com os anos, passaria a ser um Santo Sudário dos colecionadores de peças futebolísticas.

Em campo, e com o SBT na camisa, O Vasco venceu por 3 a 1 e ficou com a taça. Autor do primeiro gol (Jorginho Paulista e Romário completaram para a equipe carioca, Adãozinho diminuiu para o São Caetano), Juninho Pernambucano confessou que os jogadores ficaram surpresos quando chegaram ao vestiário e viram aquela camisa.

“A gente chegou no vestiário e o uniforme estava lá pronto. Nós não temos nada a ver com isso, fica até complicado fazer qualquer comentário. Nós ficamos brincando com a situação, alguns jogadores ficaram imitando o Silvio Santos no vestiário”, revelou em entrevista realizada no ano de 2001 para a revista Placar. Dono do SBT, Silvio Santos estava nos Estados Unidos quando soube da inusitada homenagem e não escondeu o sorriso ao ver a sua empresa na transmissão da rival: “Há-ae, guarda essa fita que eu quero ver quando chegar”, teria afirmado de acordo com relatos.

Raridade entre os colecionadores

“No meio do colecionismo de camisa do futebol, a do SBT é realmente uma raridade. E quando a gente fala em raridade, são camisas de 30, 40 anos atrás. De 20, 25 anos para trás, poucas camisas viraram raras, porque a camisa tem que ter uma história por trás. E essa do SBT tem uma história”, explica André Moura, colecionador de camisas e dono da Moura Sport, que produz réplicas de peças famosas do futebol nacional e internacional com extrema qualidade.

“Essa camisa ficou emblemática entre os colecionadores, é uma das poucas camisas dos últimos 20, 25 anos a ter esse peso. Não apenas por ter sido camisa de título, a João Havelange de 2000, mas pela história. Até hoje o torcedor do Vasco da Gama tem o desejo de ter essa camisa. É uma camisa que a gente vende constantemente”, contou para a Goal Brasil.

“Essa camisa virou o que a gente chama de um Santo Sudário do colecionismo nacional. E é uma camisa tão famosa, que torcedores de outros clubes, têm o interesse de conhecer essa história. Chama muito a atenção”.

Levando em consideração as camisas retrô que não são feitas de algodão, o uniforme de um único jogo que rendeu título é a mais vendida. E após o falecimento de Eurico Miranda, o grande responsável pela peça, na terça-feira (13), o número de pedidos aumentou consideravelmente.

“Foi um dia meio agitado, a gente entende que a camisa do SBT é uma recordação que a pessoa que gosta do Eurico Miranda vai levar para casa. Realmente, você olha para o SBT na camisa e você lembra do Eurico Miranda. Muitas pessoas já entraram em contato com a gente, e acho que a gente vai até fazer uma força tarefa para suprir essa necessidade da galera”.

De fato, nenhuma camisa envolvendo os gigantes do futebol brasileiro – e quiçá do mundo – tem uma história tão ligada a um único dirigente.

Fonte: Goal.com.br