Se muitos achavam que Arrascaeta chegaria a 2025 próximo ao declínio, o meia vem entregando sua melhor versão desde que chegou ao Flamengo, em 2019. Em números, já igualou aquela temporada, que era a mais artilheira de sua carreira, com 18 gols. A quantidade de assistências está um pouco distante (19 contra 13 deste ano), mas prova sua mudança de comportamento.
Atuando perto da área
Aos 31 anos, o uruguaio se adaptou às condições físicas — no fim do ano passado, passou por artroscopia no joelho direito — e passou a atuar mais próximo à área, o que aumentou seu poder decisivo e o tornou protagonista do elenco.
Simbolicamente, este foi o ano em que Arrasca herdou a camisa 10 após a saída de Gabigol. E, com o número de Zico às costas, alcançou marcas redondas, como as 100 assistências com a camisa do clube e os 300 jogos, esta fechada em março em um clássico contra o mesmo Vasco pelo Carioca (vencido pelo Flamengo).
Diante do rival, ele tem seis gols marcados em 22 clássicos, mas passou em branco em todos os quatro deste ano. Desta vez, especialmente, a torcida conta com seu faro para vencer e seguir na liderança da tabela — o Flamengo tem 50 pontos.
O momento de Arrascaeta vem rendendo elogios de Filipe Luís e de Marcelo Bielsa na seleção uruguaia. Na última data Fifa, o treinador apontou que ele vem sendo um “jogador diferente” após ter marcado na vitória por 3 a 0 sobe o Peru, que garantiu a vaga da seleção celeste na Copa do Mundo de 2026.
E além do lado jogador, Arrascaeta também vive a expectativa para ter o primeiro filho com a esposa Camila Bastiani. No final de junho, o casal anunciou a gravidez, que é de um menino.
Passada a janela de transferências, a diretoria do Flamengo o coloca de vez na lista de prioridades para renovação. Seu desejo é estender o atual contrato — que se encerra em 2026 — até o final de 2028. Seu empresário esteve no Rio na última semana para dar sequência às conversas com o diretor José Boto.
100 vezes Coutinho
Já Coutinho, que fez seu primeiro gol neste retorno ao Vasco justamente contra o Flamengo, no ano passado, vive seu melhor momento com a camisa cruz-maltina nesta passagem. Marcou cinco vezes nas últimas 10 partidas que disputou e ainda vem se mostrando uma arma nas bolas paradas.
No empate diante do Ceará, o jogador de 33 anos abriu o placar em bela cobrança de falta, no ângulo do goleiro. Lance muito parecido com a que cobrou no clássico contra o Botafogo, dias antes, pela Copa do Brasil, que deu origem ao gol vascaíno, de Nuno Moreira.
No início de julho, o jogador acertou sua permanência em definitivo no clube, com contrato até junho de 2026, depois de rescindir contrato com o Aston Villa — ele estava emprestado ao Vasco. Naquela mesma semana, ele assumiu a camisa 10, que era de Dimitri Payet. Tornou-se então o primeiro camisa 10 cruz-maltino oriundo das categorias da base desde Evander, em 2018.
Contra o Ceará, completou seu centésimo jogo pelo Vasco. Tudo num bom momento em campo e fora dele: a família (a esposa Ainê e os filhos José, Esmeralda e Maria) se readaptou totalmente à volta ao Rio de Janeiro, onde mantém o Instituto Philippe Coutinho.
— Para mim é uma marca muito importante, é o clube da minha vida. Nunca imaginei que pudesse chegar nessa marca aqui — disse ele, ao celebrar os 100 jogos contra o Ceará.
O clássico pode marcar o último elemento que falta ao jogador: ver o time crescer em desempenho e resultados no Brasileirão ao seu lado. No ano passado, com ele, o Vasco terminou em 10º, a três pontos da classificação à pré-Libertadores. Em 2025, a luta é para se afastar da zona de rebaixamento. Em comum às duas temporadas está a classificação às semifinais da Copa do Brasil. Na atual passagem de Coutinho, ele soma 56 jogos, 13 gols e 4 assistências.
Zico e Roberto Dinamite. Edmundo e Petkovic. Arrascaeta e Philippe Coutinho. O Clássico dos Milhões entre Flamengo e Vasco é recheado de grandes confrontos de camisas 10 ao longo de sua história, e caberá a esta última dupla protagonizar o encontro deste domingo, às 17h30, pela 24ª rodada do Brasileirão. Dois rivais em situações opostas na tabela contam com seus protagonistas chegando ao Maracanã vivendo o melhor momento na temporada, ou mesmo vestindo as camisas de seus respectivos clubes, e carregam a esperança de cada torcida por três pontos que serão valiosos.