Campeonato Carioca chega aos 100 anos com o melhor e o pior do futebol

Caixa D\"Água, Eurico Miranda, Kléber Leite, Petkovic, Maracanã, Márcio Braga, Montenegro, promoção de ingressos, Ramon, Renato Gaúcho, Romário, Valdir Espinosa... O Estadual do Rio dá início hoje à sua edição centenária com a cara e o corpo de que os cariocas gostam e com o que de melhor e de pior marcaram o charmoso campeonato.

Começando pelo sistema de disputa, com um primeiro turno (Taça Guanabara) glamouroso, um segundo turno (Copa Rio) que oferece chance a quem começou mal e uma fase final normalmente empolgante (desde 1996 um time não vence os dois turnos e evita uma decisão), o Estadual aposta em sua tradição.

Símbolos e ícones do Rio roubam a cena mais uma vez. Fora de campo, o presidente da federação fluminense, Eduardo Viana, que ficou dez meses afastado do posto por processo criminal que investiga evasão de renda no estádio do Maracanã, reaparece agora.
Os grandes clubes contam com batidos nomes em seus comandos. Eurico Miranda, no Vasco, puxa a fila dos veteranos dirigentes. O presidente do Flamengo, Márcio Braga, deu poder também a Kléber Leite, assim como Bebeto de Freitas, no Botafogo, resgatou Carlos Augusto Montenegro.

Em campo, as figurinhas também são repetidas. Romário faz do Estadual um atalho para alcançar o milésimo gol -o atacante vascaíno chega aos 40 anos com o objetivo claro de ampliar sua lista discutível de quase 950 tentos.

O time dirigido por Renato Gaúcho, que também já defendeu três grandes cariocas e foi \"\"Rei do Rio\", confia no meia Ramon. O Fluminense do \"\"sérvio-fluminense\" Petkovic aposta em Pedrinho, ex-Vasco. O Flamengo traz como maior novidade Thiago, filho de Zico, o maior ídolo rubro-negro.

\"Não foram contratados outros grandes jogadores porque os clubes não têm condições financeiras. Tudo é um pouco diferente no Rio. Os times não se preparam tão bem para o Brasileiro. É muito oba-oba. Mas garanto que neste ano, no Vasco, terá trabalho sério\", diz Renato Gaúcho.

Nos pequenos, personagens conhecidos também predominam. Vice-campeão em 2005, o Volta Redonda tem, de novo, o folclórico Túlio e Sérgio Manoel.

O Nova Iguaçu, que estréia hoje na divisão de elite contra o Flamengo, é comandado por Zinho, velho ídolo da Gávea. O América, um \"\"queridinho\" dos cariocas, é treinado por Jorginho, ex-lateral do Flamengo e tetra pelo Brasil.

\"Dirigentes e jogadores antigos têm mais carisma, atraem mais público e mídia\", diz Zinho, jogador e dono do Nova Iguaçu.

\"Vivemos uma situação excepcional. O caso de Romário com o Rio é de amor à cidade\", reconhece o flamenguista Kléber Leite.
No Rio, nem todos acreditam que o nível técnico está baixo. \"\"Dos times daqui, três estão na Copa Sul-Americana [Botafogo, Fluminense e Vasco]\", afirma o vascaíno Ramon.

No centenário do campeonato, o Maracanã volta reformado. Há uma expectativa de grandes públicos por conta da promoção de ingressos do governo estadual, repetição do ano passado. O Fluminense, maior campeão do Rio com 30 títulos, é o favorito.