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Carlos Tenório fala sobre trajetória no Vasco, amor pelo futebol e torcida

Nosso bate-papo de hoje é com o ex-atacante equatoriano Carlos Tenório. O demolidor, como é conhecido, atuou no Vasco entre 2012 e 2013, onde marcou 14 gols em 48 jogos. Contratado para ser uma das grandes apostas do cruzmaltino, que disputava a Libertadores na época, Tenório conviveu com muitas lesões e que foram extremamente prejudiciais em sua trajetória no Vasco. A mais grave delas o tirou dos gramados por quase 6 meses: uma ruptura no tendão de aquiles diante do Olaria, pelo Carioca.

Mas com muita força de vontade e comprometimento, o demolidor fez jus ao apelido e conseguiu retornar aos ao gramados um pouco antes do prazo, a fim de ajudar o Vasco na sequência do Brasileirão de 2012. Devido às lesões musculares que lhe atrapalharam, Tenório não brilhou quanto gostaria no clube de São Januário. Porém, até hoje é lembrado pelos torcedores que invadem suas redes sociais com elogios. O adeus do equatoriano no gigante da colina  aconteceu em 2013, temporada em que o Vasco caiu para a segunda divisão, fruto de uma grave crise financeira e interna.

Atacante destro, Tenório tem uma carreira marcante no futebol. O ex-jogador foi revelado pela LDU e acumula em seu currículo as Copas do Mundo de 2002 e 2006 pela seleção de seu país. O equatoriano também tem uma vasta trajetória pelo Oriente Médio. Ao longo de anos, teve passagens por Al Nassr, Al Sadd e Al Gharafa, por exemplo.

Nesse bate-papo descontraído, Tenório enaltece a história do Vasco e rasga elogios à torcida, a quem considera como uma das melhores que já teve na carreira. Além disso, comenta a postura dos dirigentes do clube e fala dos planos que tem em mente na carreira.

Confira!

 

Como foi pra você ter honrado e vestido a camisa de um clube gigante como a do Vasco, que revelou craques como Romário, por exemplo?

Carlos Tenório: Pra mim foi uma honra honrar a camisa do Vasco. Acho que pra todo jogador no mundo inteiro e mais ainda pra um jogador equatoriano, sempre é bom querer jogar num futebol, como o futebol brasileiro. O futebol brasileiro é o futebol que todo mundo conhece. O melhor do mundo. O futebol evoluiu muito, mas sempre a gente tem as referências de todos aqueles craques como Ronaldinho, Neymar, Pelé, etc. Jogar no Brasil para mim é uma aprendizagem muito boa e ainda chegar num time como o Vasco, um time com muita história, sempre vai ser de muita motivação pra um jogador. Fiquei feliz. Honrei a camisa do Vasco. Acho que o mais importante: ser profissional. Sacar o melhor proveito de tudo que você pode aprender dentro de sua carreira profissional jogando num time grande como o Vasco. E mesmo assim, se não fosse o Vasco, o Brasil tem muitos times. Dentro do Rio de Janeiro tem o Flamengo, Botafogo, times com muita história. O Fluminense, depois você tem São Paulo, Corinthians, Atlético-MG...tem muitos, né? Acho que o Vasco representa muito.

Em sua trajetória no Vasco, você sofreu com muitas lesões e chegou a romper o tendão de aquilles. Você acredita que isso foi determinante para que não construísse uma história de sucesso no clube?

Carlos Tenório: Uma das coisas que eu fiquei preocupado foi as lesões. Nenhum jogador quer se machucar. O jogador sempre vai querer jogar. É uma coisa muito interessante e diferente, né? Todo jogador é profissional. O jogador que é profissional e que tem disciplina é o jogador que mais se machuca. Se machuca porque ele sempre dá o máximo. O cara que honra a camisa e sempre quer estar lá em cima. Ele se força muito também. Mas vou falar uma coisa: eu machuquei no Vasco, mas as vezes que eu consegui jogar, sempre dei o meu melhor. Meu respeito à instituição, fiz muitos amigos...Mesmo assim, eu ter machucado o tendão de aquiles, a torcida do Vasco sabe que sempre que coloquei a camisa e que entrei no campo foi pra dar o meu melhor. E é isso que a gente sempre tem que ficar ligado. Eu já não tô jogando futebol, mas o carinho, o respeito, uma torcida muito apaixonada como essa torcida do Vasco, acho que isso que me deixa feliz. O carinho é muito. Fico muito feliz. Muito, mas muito feliz e se tivesse a oportunidade de voltar pra trás, vestiria uma e mil vezes a camisa do Vasco. Uma pena que um time grande como o Vasco, ter passado aquela situação. Mas acho que isso é trabalho da diretoria. A diretoria hoje acho que está confundindo muito as coisas. Uma coisa é você trabalhar na parte administrativa, mas outra coisa é saber de futebol. Pra isso, tem que saber diferenciar e procurar as pessoas idôneas, que conhecem o futebol e fazer uma mistura. Você está na parte administrativa, mas a gente que dirige a parte do futebol. Então, tem uma coordenação. Acho que hoje o dirigente acha que ele é a figura, o craque do time, da instituição. Não é assim não. Tem muita gente que sabe de futebol, gente que vestiu a camisa do Vasco, que se preparou e que pode ajudar muito. Uma pena ver a torcida assim. A torcida sempre dá tudo! Por isso que falo: uma torcida muito apaixonada. Você fica vendo aquela situação assim... é complicado. Mas esperemos que o Vasco no futuro seja esse time que todo mundo está esperando: protagonista sempre nos torneios do futebol brasileiro e a nível internacional.
 

Seu amor pelo futebol é nitido. Tanto que em 2018, aos 38 anos, regressou  para defender a equipe do Atlético Saquisilí. O que o demolidor planeja para os próximos anos? Pretende ser técnico ou trabalhar com algo relacionado ao futebol?

Carlos Tenório: Acho que o futebol é uma profissão que você entra ali muito cedo, mas você nunca quer parar. Sempre você vai estar ligado dentro dessa paixão que é o futebol. Lamentavelmente você tem um tempo que você tem que parar. Sua força corporal vai descendo. Mas vou te falar. Aquela parada do Saquisilí não é assim como a gente fala. O dono é um grande amigo. Ele sempre me falou: “O dia que você deixar o futebol, você vem aqui pra dar uma moral, que a torcida fica feliz.” E eu fui uma vez e nunca mais tive a oportunidade de jogar. Joguei um jogo por 20 minutos, fiz um gol, mas já estou fazendo outra coisa. Dentro do futebol mesmo faço muitas coisas para as próximas gerações. Acho que como treinador, sempre descartei. Mas sou um cara que quero ficar sempre dentro do futebol. Ficar dentro de um corpo técnico, ajudando os jogadores no profissionalismo. Joguei muito tempo de centroavante. Então, ajudar os centroavantes, assim como se dirigir dentro do campo. Isso é bom. Já treinador fico de fora. Eu perdi muito tempo dentro do futebol, viajei muito, então o que acontece: você descuida também a família. Eu tenho uma família, agora que já tenho tempo pra ver crescendo meus filhos... Dentro do corpo técnico, você trabalha, mas está à frente dele. Tenho muitas coisas, tenho muitos projetos com um grupo de amigos aqui no Equador. Fazer uma empresa... a gente vai fazer coisas boas. Mas sempre vamos estar ligado no futebol. O futebol é algo muito lindo. Mas se você falar pra qualquer jogador, o jogador sempre vai falar a mesma coisa: nunca querem que o futebol acabe. O futebol pro jogador e pra quem ficou dentro dessa área, só vai acabar quando você morrer. Quando você morrer, acaba o futebol. Então sempre vai tá ligado. Como treinador, como não treinador, como comentarista... você vai sempre falar da bola. A bola é uma só e tem que respeitar. Honrar aquela bolinha que dá tantas alegrias!


Pra terminar: no Vasco, você encontrou uma torcida apaixonada e calorosa. Nesse tempo em que jogou no clube e depois também, conseguiu sentir isso? Mande seu recado!

Carlos Tenório: A torcida do Vasco tem algo muito bom, muito lindo. Acho que é uma torcida única. Única porque eu não sei quantos anos o time do Vasco vem passando aquela situação complicada, crítica e a torcida sempre tá ali. Sempre tá lotando o estádio e acompanha o time em qualquer lugar do Brasil e fora do Brasil. Acho que o problema não é tanto do jogador. Se você tem uma diretoria, que há pouco eu falava, que não faz o trabalho correto, a torcida é que sofre. A torcida é que mais sofre! A torcida não tem problema em comprar seu ingresso. Se tem que ir lá no fim do mundo, ela vai lá. Acho que é uma das melhores torcidas que eu já tive em minha carreira. Fico feliz de ter mostrado o pouco que pude dar em 2 anos nesse time, os gols que eu fiz, pra dar um pouco de alegria pra essa torcida. Muitos amigos torcedores continuam me escrevendo, falando pelas redes sociais. Isso é bom. Marquei um nome nesse time. Um cara profissional, nunca tive envolvido em temas extra-futebolísticos. Sempre fui um cara que respeitei e honrei as camisas de todos os clubes onde fui. Só disciplina. Acho que quando um jogador começar a entender essa parte de sua vida, vai ser melhor. O torcedor ainda não te cobra se você não joga bem. O que cobra é raça. Se você tem raça, você respeitar, honrar a instituição, a camisa, não ficar fazendo confusão...  Situações assim. Termina, queira ou não, sentindo como torcedor. Um abraço muito grande e mandar muita força pra torcida, pra não baixar os braços, ficar lutando, porque ainda tem muita gente que tá lutando pra pegar o clube e fazer coisas diferentes. É assim mesmo. Futebol a gente tem que lutar. Lutar até o último, que você vai encontrar vitórias. Torcida do Vasco, um abraço grande do demolidor!

 

Fonte: Marcus Jacobson - Detetives vascaínos
  • Domingo, 17/03/2024 às 16h00
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