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Clubes ainda carecem de estratégia para o público infantil

Quando o setor de comunicação do Fluminense viu o material fotográfico do Fla-Flu de uma semana atrás, um registro atraiu as atenções. A foto de Laís, sete anos, nos ombros do avô Vanderlei estava carregada de simbologia. Ao mesmo tempo, era uma tricolor num mar de rubro-negros, uma criança em meio a adultos e uma menina cercada por homens. Compartilhado pelo clube, o clique de Alexandre Cassiano, do O GLOBO, viralizou. A torcedora entrou em campo com Ganso no jogo seguinte e entrou para uma lista que conta, por exemplo, com o rubro-negro Nego Ney, o vascaíno Heitor e o botafoguense João Victor. Fenômenos mirins rendem repercussão imediata, mas também jogam luz sobre uma discussão: como os clubes se relacionam com o público infantil?

As crianças representam um mundo pouco explorado pelo futebol brasileiro. Ainda que delas dependa o futuro das torcidas, não são incluídas nas pesquisas de popularidade dos clubes. Normalmente, as entrevistam são feitas com pessoas a partir dos 16 anos. Além disso, não há estudos voltados para esta faixa etária.

São poucos (e difusos) os dados dos quais os clubes dispõem. Um deles diz respeito às crianças no quadro de sócios. O Vasco informa ter cerca de mil, o que representa 4,6% dos associados. O Flamengo é mais preciso: 642 (o equivalente a 0,6%). O Fluminense não divulgou o número: só disse que o Plano Mascote, voltado para este público, representa 2% de sua base de sócios, sem informar o total. Sem um pacote infantil, o Botafogo não faz contas.

Na venda de camisas, este público representa uma parcela maior. No Flamengo, a linha infantil equivale 15% do total. No Vasco, o percentual varia de 12% a 15% — de acordo com a aceitação ao modelo lançado. No Botafogo, equivale a 5%. Já o Fluminense não informou o dado. Somente que as terceiras camisas costumam ser as de maior sucesso.

— O que a gente percebe é que os departamentos de marketing são muito bem intencionados e fazem o que podem dentro de suas limitações. Só que precisamos separar o que são ações pontuais de estratégia. Esta não existe em nenhum clube do país —analisa Fernando Ferreira, da Pluri Consultoria. — Quando o assunto é público infantil, falamos principalmente de perpetuação de torcida. Ações pontuais são bem-vindas. Geram retorno no curto prazo, o que interessa às diretorias. Mas estão longe de serem eficientes no longo prazo.

Entre as ações promovidas, a principal é a tradicional entrada em campo com os atletas profissionais. Mas há outras. A dupla Fla-Flu aposta em benefícios para os sócios mirins, como presentes e idas à sede e ao estádio em dias de jogos. Vasco e Botafogo também investem em atrações para o público em seus estádios. O alvinegro, por sinal, conta com um trunfo: Felipe Neto, fenômenos da internet e patrocinador do clube. Em dezembro, um jogo beneficente do youtuber no Nilton Santos reuniu 4 mil pessoas, principalmente crianças.

— Quando o vídeo do João Victor vazou na internet, o Felipe Neto manteve contato direto com a gente e nos ajudou a localizar o menino — conta o vice de marketing alvinegro Marcelo Fonseca, em referência ao pequeno torcedor que comoveu a internet ao chorar por ter sido presenteado pela mãe com uma camisa do clube.

Muitas vezes, as iniciativas se confundem com projetos sociais — o que não desmerece as medidas, mas mostra que a agenda para o público infantil não é bem definida. Em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, o Fluminense recebe, uma vez por mês, alunos da rede pública em sua sede. Os jogadores do Botafogo, por sua vez, visitam colégios no entorno do Nilton Santos. No ano passado, o então goleiro Jefferson defendeu pênaltis chutados por estudantes na quadra de uma escola.

Um dos maiores obstáculos nesta relação é também um dos maiores gargalos do futebol brasileiro: o licenciamento. As empresas reclamam da dificuldade de negociar com os clubes para associar sua marca a deles. Seja para lançar um caderno, um brinquedo ou até um doce. Recentemente, uma famosa empresa de chocolates desistiu de buscar parceiros no mercado nacional e anunciou um ovo de Páscoa do Barcelona. A sombra dos europeus, que já seduzem os jovens pela quantidade de astros em seus elencos, ganha mais força.

— A gente sabe da concorrência com os clubes de fora. Está cada vez mais difícil competir com eles — admite Carlos Costa, diretor de marketing do Vasco.

Fonte: O Globo
  • Domingo, 17/03/2024 às 16h00
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