Futebol

Clubes brasileiros apostam em estrangeiros ainda mais jovens

Matías Galarza é atualmente o xodó dos torcedores e da diretoria do Vasco. Aos 19 anos, na fase de transição entre o sub-20 e os profissionais, o jovem paraguaio acumula boas atuações neste começo de temporada e dá a impressão de que poderá servir como um case de sucesso ainda raro no futebol brasileiro: o de estrangeiro contratado para atuar na base e que, posteriormente, se firma entre os adultos.

A aposta em promessas nascidas fora do Brasil tem crescido aos poucos. São ao menos 17 jogadores em times das Séries A e B contratados com idade para jogar nas categorias de formação. De acordo com a Confederação Brasileira de Futebol, são no total, independentemente da faixa etária, 49 atletas estrangeiros com contrato profissional em vigor no Brasil e outros 20 amadores.

Geralmente, os mais jovens chegam ao país depois de completarem 18 anos para serem integrados ao elenco sub-20 e realizarem a última fase do desenvolvimento do jogo sob os cuidados das comissões técnicas brasileiras. É uma oportunidade também de aprimorarem a parte física, às vezes uma deficiência que trazem dos seus clubes anteriores.

Eles despertam o interesse por, frequentemente, oferecerem uma boa relação custo-benefício: saem mais baratos do que as promessas locais e ainda chegam com boa experiência de jogo, uma vez que muitos, com 16 anos, já atuam na primeira divisão de seus países de origem.

Além disso, dependendo do contrato feito, é um reforço de baixo risco. Via de regra, são emprestados com a opção de compra com valor fixado. Se o jovem nascido no exterior conseguir encantar, o dirigente brasileiro se vira para tentar levantar recursos para adquirir seus direitos. Caso contrário, ele retorna ao clube de origem sem que tenha tirado uma vaga de estrangeiro do elenco principal.

— Comercialmente, ainda existe o aspecto interessante de contar com jogadores argentinos e uruguaios, que muitas vezes possuem o passaporte comunitário, o que facilita para uma possível revenda — acrescentou Deive Bandeira, gerente de mercado do Internacional.

Expectativa x Realidade

O clube gaúcho é um dos que mais apostam na estratégia atualmente. Andrés Amaya, Tomás Luján, Maxi Salazar e, mais recentemente, Juan Manuel Cuesta foram os últimos a desembarcar em Porto Alegre para reforçar a base colorada. Recentemente, o Internacional não continuou com duas promessas estrangeiras. Eles não conseguiram render o que era esperado.

Essa frustração é mais comum do que se pensa, até porque nem sempre o clube consegue contratar o jogador que realmente procura, em um primeiro momento. É recorrente o brasileiro mapear o mercado sul-americano, descobrir um talento em ascensão, mas quando procura informações, nota que não está sozinho. Ao perder a disputa pelo primeiro alvo para clubes de mercados mais ricos, como Europa e mais recentemente Estados Unidos — pesa para isso a atual desvalorização do real frente ao euro e ao dólar —, o dirigente brasileiro acaba tendo que se contentar com a segunda ou terceira opção mapeada.

Nessas horas, também acontece de os dirigentes daqui terem de lidar com as altas expectativas dos jogadores, seus representantes e os clubes formadores.

— O jovem jogador sul-americano muitas vezes pensa que ele vai vir fazer a independência financeira dele aqui no Brasil. Isso, muitas vezes, encarece o negócio — afirmou Carlos Brazil, gerente das categorias de base do Vasco: — Além disso, argentinos, uruguaios e colombianos estão sempre olhando mais uma transferência para a Europa. Quem adora vir para cá é o jovem jogador paraguaio — conta.

Além de Galarza, o cruz-maltino contratou recentemente outras duas promessas do Paraguai: o meia Diego Fernandez, de 18 anos, e o atacante Elias Ovellar, de 19. Todos eles das seleções de base. No começo do ano, o Flamengo fechou com Fabrízio Peralta, também paraguaio e com convocações no currículo. O volante de 18 anos encontrou no Ninho do Urubu o colombiano Richard, hoje aos 20, mas que foi contratado em 2019 e integrado às categorias de base do rubro-negro.

Não são apenas aspectos técnicos que pesam para o jovem estrangeiro não vingar no Brasil. As dificuldades na adaptação ao novo país ocorrem e carece aos clubes daqui uma maior rede de apoio a esses atletas, nos moldes da assistência que os grandes europeus oferecem para os garotos brasileiros recém-contratados. Por enquanto o investimento maior dos brasileiros tem sido na prospecção desses jogadores.

— Nós aqui no Atlético-MG estamos investindo muito nessa parte de observação de novos talentos — afirmou o diretor executivo Rodrigo Caetano. — Não adianta empilhar estrangeiros. É melhor fazer um bom trabalho de observação de um estrangeiro com idade para atuar na base do que gastar milhões com um Borja — afirmou, em referência ao atacante colombiano que custou ao Palmeiras R$ 33 milhões em 2017 e que acabou não correspondendo à altura em São Paulo.

Reserva de mercado

Mas há quem veja esse movimento com ressalvas. Para Marcelo Segurado, executivo de futebol com passagens por Goiás e Ceará, é importante que essa busca por reforços estrangeiros para preencher as categorias de base locais não se torne regra:

— Claro que existem as exceções, mas acho que seria mais importante aprimorarmos nosso processo de formação interno do que buscarmos o jogador fora do Brasil. Sem contar que é importante garantir uma reserva de mercado para o jogador brasileiro.

Fonte: Extra
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