O setor defensivo, de longe o mais pressionado do Vasco nos últimos anos, passou por uma intensa reformulação na última janela de transferências, que se encerrou nesta terça-feira. Há um problema crônico na zaga, com defensores que não corresponderam à expectativa criada e tiveram dificuldades para dar confiança ao torcedor sobre o setor nos últimos anos.
A reformulação teve como pontos centrais as chegadas de Robert Renan e de Carlos Cuesta. O colombiano foi apresentado nesta terça-feira e chega com total aval da comissão técnica de Fernando Diniz e com confiança da diretoria para ser a solução do lado direito da defesa. Era o plano A de Admar Lopes e do treinador desde o início da janela.
- Sobre a responsabilidade (de resolver o problema crônico da defesa), não é algo que me preocupa. Se o Vasco me procurou é porque sou um jogador de 26 anos que tem certa experiência e que vai dar segurança para a defesa. Do contrário, não me procurariam. Então isso não me preocupa, vou trabalhar para estar muito bem na defesa com os meus companheiros - disse Cuesta durante coletiva de apresentação.
O lado direito da defesa era tratado como uma lacuna urgente a ser sanada ainda nesta janela, principalmente após a saída de João Victor, vendido ao CSKA Moscou, da Rússia. A negociação, como o próprio Admar Lopes revelou, não estava nos planos da diretoria, mas o jogador sinalizou o desejo de deixar São Januário pela proposta russa depois de conversar com a família, devido ao intenso desgaste com a torcida.
Assim como Cuesta, Robert Renan também acertou na última semana depois de indicação de Diniz, que exerceu um papel especial para convencê-lo sobre o projeto do Vasco. O zagueiro canhoto é conhecido pela qualidade na saída de bola e chega para ser uma reposição imediata à saída de Luiz Gustavo, negociado com o Bahia também nesta janela.
Da lista de defensores que iniciaram o ano, apenas Lucas Freitas segue com espaço no elenco. O defensor foi contratado, a princípio, para ser a quarta opção da zaga logo no início da temporada e é considerado uma grata surpresa. O zagueiro, inclusive, foi um dos protagonistas da vitória do Vasco na última rodada contra o Sport por 3 a 2, por sofrer o pênalti do segundo gol vascaíno e por tirar, em cima da linha, o chute de Derik Lacerda, que culminaria no empate dos pernambucanos na reta final de jogo.
Contratação que gerou maior expectativa para o setor em 2025, Maurício Lemos está escanteado e não é relacionado há cinco jogos por Fernando Diniz. O clube negociou João Victor e Luiz Gustavo recentemente, mas também já havia emprestado Lyncon ao Volta Redonda no último mês, e rescindido contratos de Capasso e Souza, em maio.
Com poucas opções de ofício, Hugo Moura foi recuado para atuar como zagueiro e vem jogando ao lado de Lucas Freitas nas últimas partidas. Agora, há a expectativa para que a nova dupla assuma o posto de titular depois do período de adaptação para tentar sanar um problema crônico na defesa. O Vasco tem a defesa mais vazada entre todos os times da Série A na temporada, com 60 gols sofridos.
Desde o retorno à elite do Campeonato Brasileiro, o Vasco vem enfrentando problemas para resolver as carências no sistema defensivo. O clube teve dificuldades para acertar uma dupla de defesa segura - ou até mesmo um zagueiro que passasse mais de seis meses como unanimidade.
Reforço mais caro da história do clube, João Victor terminou 2024 como titular, mas nunca correspondeu à expectativa gerada com a contratação, que custou cerca R$ 38 milhões aos cofres do Vasco. A dupla com Léo, contratado em 2023 por R$ 16 milhões, terminou a temporada bastante questionada.
Medel e Maicon chegaram em fim de contrato, foram importantes no segundo semestre de 2023 e depois caíram de produção. Capasso foi um investimento de R$ 8 milhões e nunca se firmou. Rojas e Robson Bambu não se provaram nos empréstimos e não deixaram saudade no clube.
Todos os citados já deixaram São Januário. O presidente Pedrinho tornou a defesa uma das principais prioridades no início do ano e contratou três novas peças: Maurício Lemos, Lucas Oliveira e Lucas Freitas. As fragilidades no sistema persistiram durante o primeiro semestre, e o elenco passa neste momento por uma nova reformulação para buscar, enfim, sanar o problema crônico na defesa.