Conca elogia os seus novos companheiros e se esforça para aprender português

Quem acompanhou a pré-temporada do Vasco em Resende, que chega ao fim neste sábado, não tem a menor noção de como é a voz do apoiador argentino Darío Conca. A comunicação com os companheiros, prejudicada pela barreira do idioma, se tornou ainda mais restrita por causa da timidez do jogador. Arrancar duas ou três palavrinhas do habilidoso Conca, apelidado de \"El Mago\", é tão difícil quanto lhe tirar a bola do pé.

- Sempre quis jogar futebol. Desde pequeno, nunca pensei em outra coisa - balbucia, olhando para o atacante Marcelo, que, por ter morado muito tempo no México e saber falar espanhol fluentemente, ajudou a reportagem do GLOBOESPORTE.COM neste bate-papo exclusivo com o argentino, realizado após o treino de sexta-feira.

Marcelo, aliás, é um dos dois jogadores com quem Conca procura sempre estar junto. O outro, claro, é seu compatriota Emiliano Dudar. Para que o novo reforço do Vasco não sentisse tanto a adaptação, a comissão técnica colocou os três no mesmo quarto do hotel onde o time se concentrou nos últimos 17 dias. Aos pouquinhos, no entanto, Conca foi pegando intimidade tanto com o restante do pessoal quanto com o futebol brasileiro.

- São todos muito divertidos, simpáticos. Renato (Gaúcho, técnico) às vezes também conversa comigo. Aqui (no Brasil) procura-se sempre o ataque. Nos outros países que joguei (Argentina e Chile), o pessoal era de cadenciar mais a jogada, tocar a bola - diz.

De uma família de classe média, Darío Conca não passou dificuldades na infância. Caçula de quatro irmãos, perdeu o pai em 2004. Os dias difíceis ficaram para trás no ano seguinte, quando virou verdadeira celebridade no Universidad Católica, do Chile. Ajudou seu time a eliminar o Fluminense da Copa Sul-Americana e ganhou uma fama entre os brasileiros que perdura até hoje, mesmo que na temporada passada seu futebol não tenha aparecido tanto.

- Sei da responsabilidade que tenho no Vasco, e estou pronto para assumi-la - diz, convicto. - Se vou virar um ídolo também? Bom, aí fica difícil responder...Antes de mais nada, preciso render dentro de campo - completa.

Um dos passatempos de Darío Conca nestes 17 dias em Resende foi ficar descobrindo o significado de algumas palavras em português que escutava da boca dos companheiros. Para tanto, contou com a colaboração do atacante Marcelo, que fala espanhol fluentemente.

- Conca é muito esforçado. Vive me perguntado sobre as palavras. O problema dele não é nem tanto entender, mas falar - diz Marcelo.

Paciência com Conca sobra aos outros jogadores. Morais, que formará com \"El Mago\" a dupla de apoiadores do Vasco nesta temporada, apela para outro tipo de comunicação para se entender com o argentino:

- No começo, é um pouco complicado entendê-lo. Mas estamos aprendendo. Enquanto isso, falamos a linguagem da bola. No olhar, a gente se entende - diz Morais, que, pelo menos no coletivo da última quarta-feira, mostrou que sua dobradinha com Conca pode dar muitas alegrias em 2007.