Fazer do Mário Filho mais que um estádio, e sim um novo centro esportivo, cultural e de convivência do Rio de Janeiro. De acordo com o presidente do Consórcio Maracanã S. A., João Borba, esta é a proposta do empreendimento, que recebeu do governo do Estado a concessão para administrar o complexo por 35 anos. Polêmicas, porém, não faltam no projeto.
Entrará em vigor uma nova maneira de torcer, sem mastros de bandeiras, com lugares reservados e sem destruir o estádio, quebrando cadeiras por exemplo, até porque todo o complexo é monitorado por câmeras, desde as entradas até todo e qualquer assento. De acordo com Borba a ideia é instalar , já no Brasileiro, grades com cerca de 1,70m de altura, nos cantos do estádio, atrás de cada gol, para separar as torcidas e isolar torcedores baderneiros.
Temos de trabalhar com os clubes nesta mudança de hábitos. Bandeirões gigantes, mastros de bambu, torcedores, sem camisa, não assistir aos jogos em pé... diz Borba. Fui no último fim de semana às finais do tênis em Wimbledon, e no convite, estava escrito que não é recomendável ir com uma determinada roupa... Quando um inglês lê não recomendável, entende que não deve usar aquele tipo de roupa.
Com tudo isso, Borba ressalta querer entregar à sociedade um novo Complexo Maracanã:
Terá restaurantes, museus, estacionamento, lojas temáticas, de modo que o torcedor possa vir ao Maracanãzinho de manhã, para assistir a um espetáculo, depois almoce, visite o museu e à tarde vá ao jogo. A ideia é a de fazer do estádio um centro de convivência da família ressalta Borba, que anteontem, assinou com Peter Siemsen, presidente do Fluminense, a parceria por 35 anos.
Mas o Fluminense, só, não basta ao consórcio, que quer outras parcerias com os gigantes cariocas. Há dez anos pesquisando a administração de estádios, Borba se baseia no Amsterdam Arena, do Ajax, no LA Live, de Los Angeles, e no londrino O2, nesse ideal de trazer a família ao estádio, mas com uma diferença fundamental, em seu entender.
O principal aqui são os clubes, os jogos. Queremos fortalecer o futebol carioca. Pensamos em dois clubes âncoras, Flamengo e Fluminense, que não têm estádios. Seriam 30 jogos de cada um por ano, no Estadual, Brasileiro e Copa do Brasil, num mínimo de 60 ao ano. Mas imaginem um Flamengo x Madureira, numa quarta à noite. O ideal seria que jogassem em outro lugar. Com o jogo sendo noutro estádio, podemos pagar o aluguel do estádio menor, para que o Maracanã seja utilizado num evento mais rentável explica, acrescentando, porém, que o maior temor é de que um dos quatro grandes caia para Segunda Divisão. Os clubes não querem perder dinheiro, nem o consórcio. Acabou o amadorismo na administração.
Segundo Borba, depois de ter acertado com o Fluminense, a ideia é acertar com Vasco, Botafogo e Flamengo nas próximas semanas. Cada clube, porém, vai ter uma maneira específica de utilização do espaço, e quando tiver mando de campo vai receber 43 mil ingressos para negociá-los da maneira que preferir e com os preços que estabelecer.
Cada negociação será diferente. O Vasco, por exemplo, tem seu estádio, mas pode se interessar em jogar (no Maracanã) os clássicos. O Botafogo está sem o Engenhão, mas pode voltar para lá em dois anos. Flamengo e Fluminense também têm seus interesses específicos diz o executivo, que já vem mantendo contatos com a Federação do Rio e a CBF, sobre os calendários deste segundo semestre e de 2014. Nas próximas semanas, creio que teremos fechado contratos com os quatro grandes. Mas o que atrapalha é que todas estas propostas têm de ser aprovadas pelos conselhos de cada clube. De qualquer forma, as negociações serão maleáveis, e quando fecharmos os contratos do futebol faremos o restante do planejamento.
As obras fundamentais e que poderão tornar o local mais rentável só irão ocorrer depois da Copa do Mundo de 2014, até porque em maio do ano que vem as chaves do complexo serão novamente entregues à Fifa, permanecendo com ela até julho. Responsável por investir no complexo R$ 594 milhões e por pagar ao governo do Estado R$ 5,5 milhões anuais, o consórcio fará ainda reformas no Maracanãzinho, para que além de uma arena esportiva, se torne também um anfiteatro para shows. O calendário de eventos do ginásio está fechado até dezembro. Para o futuro, a intenção é reformá-lo, com vistas a shows e espetáculos:
Antes das Olimpíadas, haverá um projeto no Maracanãzinho, para que se torne uma grande casa de eventos musicais, sem perder sua característica de casa do vôlei e do basquete. Hoje, ele está pronto para o esporte, mas será feita a acústica do local para que se torne uma casa de espetáculos.
A má notícia para o atletismo e a natação é que o consórcio vai demolir o Célio de Barros e o Júlio de Lamare, para construir dois novos edifícios com lojas temáticas, museus, restaurantes, salas e garagens. A promessa do Maracanã S.A. é a de construir centros de treinamento para atletismo e esportes aquáticos, mas a partir de 2014, o que prejudicará a preparação de atletas para os Jogos de 2016. Os novos prédios ficariam prontos em 2017.
Do outro lado da linha do trem, vão ser construídos dois CTs, cada qual com cerca de mil lugares, homologados pela IIAF e pela Fina. As pessoas dizem: Perdemos a piscina... Pensar assim é pequeno. O importante é o atleta ter espaço para treinar. Esperamos que a partir da Copa de 2014 comecem as obras dos novos CTs afirma.
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